Page 6 - A Greve pelo Brasil
P. 6
Diferentes gerações, o mesmo ideal










Foto: Gustavo Marsaiolli






















Ao lado de petroleiros que foram demitidos,
punidos e perseguidos em 1995, milhares
de trabalhadores recém ingressos no
Sistema Petrobrás viveram a experiência de
realizarem sua primeira greve por uma pauta
essencialmente ideológica, que apontou para
o mundo que a categoria não é movida pelo
corporativismo, como muitos pregam por aí.
A juventude assumiu bravamente esse legado
de luta e resistência herdado das gerações
anteriores e deixou sua marca nessa greve. Tal pai, tal ilho
“Essa foi uma greve, sem dúvida alguma,
histórica, pois pela primeira vez a categoria fez O técnico de manutenção
uma greve não por questão econômica, mas Douglas de Faria, 31 anos, foi um
para defender os investimentos da Petrobrás, dos grevistas da P-51, na Bacia
defender empregos e impedir a privatização da de Campos. Com nove anos de
Petrobrás, ele carrega literalmente
empresa. Os jovens petroleiros foram batizados no no sangue o DNA petroleiro, já que
movimento e aprenderam com essa greve o que seu pai também foi funcionário da
é um enfrentamento como nós tivemos em 1995. empresa e um dos protagonistas
da greve de maio de 1995, quando
Esses trabalhadores novos e a antiga geração, ele tinha apenas 11 anos de idade.
juntas, construíram um movimento histórico, que “Por conta daquela greve e de mui-
coloca essa categoria em um patamar acima de tas outras lutas, a minha geração
teve a oportunidade de trabalhar
muitas outras em relação à consciência política”, na Petrobrás”, orgulha-se Douglas.
declara Paulo César Martin, diretor da FUP e do Em 2013, ele já havia partici-
Sindipetro-BA, um dos demitidos na greve de 95 e pado da greve contra o leilão de
reintegrado em 2000. Libra, mas entende que a paralisa-
ção de novembro de 2015 foi um
divisor de águas na categoria. “O
grande legado deste movimento

04
   1   2   3   4   5   6   7   8   9   10   11