Quem decide os rumos da campanha reivindicatória são os trabalhadores. Não há acordo com retirada de direitos e arrocho salarial
[Da imprensa da FUP]
A Petrobrás agendou reunião presencial com a FUP nesta quarta-feira (17), às 17 horas, no Rio de Janeiro, quando informa que apresentará o que chama de “última proposta” para fechamento do Acordo Coletivo. A gestão da empresa continua tentando intimidar os trabalhadores com a chantagem de encerrar as negociações até o final de agosto.
A FUP e seus sindicatos têm cobrado, insistentemente, a prorrogação do ACT enquanto não for apresentada à categoria uma proposta digna, que atenda as principais reivindicações dos trabalhadores. É, portanto, inadmissível, que o RH continue com essa postura de impor data limite para o encerramento da campanha reivindicatória, sem sequer apresentar disposição de avanço nas reuniões com as representações sindicais.
O que está em jogo é a luta contra o rebaixamento de direitos, pois as duas contrapropostas apresentadas pela gestão da Petrobrás acabam com diversas cláusulas sociais do ACT e alteram capítulos inteiros do Acordo, como o da AMS e o de SMS. Além disso, a empresa não repõe sequer a inflação do período, propondo para os trabalhadores míseros 7% de reajuste, após distribuir mais de R$ 130 bilhões em dividendos, somente no primeiro semestre deste ano.
Levantamento feito pela assessoria do DIEESE aponta que os trabalhadores do Sistema Petrobrás amargam perdas salariais acumuladas desde setembro de 2017, quando os reajustes passaram a ser abaixo da inflação. De lá para cá, os salários foram reajustados em 17,7%, enquanto a inflação acumulada já está em 21,1%, segundo o IPCA.
Na pandemia da Covid-19, um dos períodos mais difíceis que os trabalhadores enfrentaram, a gestão da Petrobrás arrochou ainda mais a categoria, com as chamadas “medidas de resiliência”, que foram impostas sem qualquer negociação com os sindicatos. Já os gerentes e diretores da empresa foram beneficiados com bônus milionários garantidos às custas de metas de redução de custos, superexploração dos trabalhadores e lucros extraordinários obtidos com privatizações e preços abusivos dos combustíveis.
O resultado desses abusos foi a transferência de R$ 258,7 bilhões em dividendos para os acionistas, somente na gestão Bolsonaro. Segundo o DIEESE, isso significou uma média de 102% do lucro líquido de R$ 252,8 bilhões que a Petrobrás registrou no período. Um valor sem precedentes na história da empresa. No governo Fernando Henrique Cardoso, a média de dividendos distribuídos representou 40% do lucro e no governo de Lula, 32%.
Portanto, é inadmissível que essa gestão continue cobrando resiliência dos trabalhadores, enquanto enriquece a alta gestão e os acionistas privados. A categoria petroleira segue mobilizada, reforçando nos atos que quem decide os rumos da campanha reivindicatória são os trabalhadores. Não há acordo com retirada de direitos e arrocho salarial.
Conselho Deliberativo da FUP reúne-se na quinta
A FUP e seus sindicatos realizam na quinta-feira, 18, mais um Conselho Deliberativo para discutir os encaminhamentos em relação à campanha reivindicatória. As direções sindicais irão avaliar a nova contraproposta que será apresentada pela Petrobrás e apontar os próximos passos para os trabalhadores.
Petrobrás aposta no impasse
Como mais uma tentativa de buscar avanços na negociação do Acordo Coletivo, a FUP propôs a realização de reuniões temáticas, que foram aceitas pela Petrobrás. Ao todo, foram realizadas cinco reuniões online, que começaram na primeira semana de agosto, quando as representações sindicais iniciaram a discussão sobre AMS (dia 04) e Banco de Horas (dia 05).
Na semana passada, foram debatidas as propostas dos trabalhadores para Tabela de Turno, HETT e Teletrabalho (dia 08) e para o capítulo de SMS (dia 09) do ATC. Houve ainda, mais uma uma rodada de negociação sobre AMS (dia 10) e sobre Banco de Horas (dia 11).
Os representantes da Petrobrás, no entanto, continuaram resistentes em construir alternativas para o Acordo Coletivo que levem em consideração as reivindicações dos trabalhadores. Esse tem sido o comportamento dos gestores, principalmente no governo Bolsonaro, quando os canais de interlocução com os sindicatos foram esvaziados e transformados, quando muito, em espaço de escuta, sem abertura para uma negociação de fato.
A FUP e seus sindicatos reiteraram em todas as reuniões temáticas que continuarão buscando avanços na mesa de negociação e cobraram a continuidade do processo, lembrando que um dos pontos da pauta aprovada pela categoria petroleira é a prorrogação do ACT até o final das negociações, como sempre foi prática da empresa.