Resgatada da privatização, PBio é motivo de orgulho e inspiração para a categoria petroleira avançar na luta pela reconstrução do Sistema Petrobrás e por uma transição energética justa
[Da imprensa da FUP e do Sindipetro MG, com informações do Ineep]
Nexta sexta-feira, 16 de junho, a Petrobrás Biocombustível (PBio) completa 15 anos de existência. Uma data que marca o compromisso do Estado brasileiro com o desenvolvimento regional e sustentável.
“Braço verde” da Petrobrás, a subsidiária conta com três unidades localizadas em Minas Gerais, na Bahia e no Ceará, que, juntas, têm capacidade de produzir 580 mil m³ de biocombustível por ano. A empresa, que chegou a ser colocada na lista de privatização no governo Bolsonaro, tem tudo para ser recuperada e fortalecida pela nova gestão da estatal.
Além de gerar emprego e renda para os munícipios do interior, movimentando a agricultura familiar, a PBio é fundamental para uma transição energética justa, processo que precisará do protagonismo da Petrobrás. Como empresa estatal, cabe a ela a responsabilidade de contribuir para o desenvolvimento de novas tecnologias e fontes de energia mais sustentáveis.
“O debate sobre os biocombustíveis no Brasil se desenvolve em um contexto global em que a descarbonização e transição da matriz energética são necessárias e urgentes. Os biocombustíveis, como o biodiesel, exercerão um papel fundamental na descarbonização de setores como transporte e logística. O Brasil, pelo pioneirismo na inclusão de biocombustíveis na composição de combustíveis fósseis, ocupa uma posição estratégica para o desenvolvimento do segmento de biocombustíveis e, em especial, do biodiesel”, avalia Mahatma Ramos dos Santos, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).
Apesar dos retrocessos impostos pelo desmonte feito no governo Bolsonaro, o atual cenário político e econômico apontam para a recuperação e fortalecimento da PBio. Como ressalta o Ineep, há uma infraestrutura industrial instalada e com ampla capacidade ociosa no segmento de biocombustíveis, que requer investimentos para sua rápida retomada.
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O aumento da mistura de biodiesel pode ter um impacto, mesmo que pequeno, nos preços do diesel, que até 2025 deve alcançar 15%. No entanto, a Agência Internacional de Energia (IEA) estima que até 2030 haverá uma redução aproximada de 27% nos custos produtivos de biocombustíveis, o que tende a ampliar a competitividade desses em relação aos combustíveis fósseis.
O incremento de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&DI) são fundamentais para enfrentar os desafios técnicos e de eficiência. Esses investimentos devem ser direcionados a todos os elos da cadeia produtiva do biodiesel.
Resistência dos trabalhadores salvou a PBio
Os 15 anos da PBio são um marco também da trajetória de resistência e luta das trabalhadoras e dos trabalhadores petroleiros em defesa da soberania energética com sustentação socioambiental, o que passa, necessariamente, por uma transição justa do atual modelo de produção de combustíveis.
A greve histórica protagonizada pelos trabalhadores da PBio, em maio de 2021, foi fundamental para que a subsidiária não fosse privatizada. Com adesão massiva e a participação de trabalhadores de todos os setores da PBio, a mobilização mostrou a força e a determinação da categoria em defender não apenas seus direitos, mas também a importância estratégica da empresa para o desenvolvimento do país.
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Olhando para trás, é impossível não reconhecer os desafios enfrentados pela PBio ao longo dos últimos anos e como a resistência dos trabalhadores foi fundamental para manter a subsidiária. Apesar do Brasil ser um dos maiores mercados de biodiesel do mundo, a gestão que assumiu a Petrobrás após o golpe parlamentar de 2016 começou o desmonte da empresa. A usina de Quixadá, no Ceará, foi fechada, interrompendo a produção de cerca de 100 mil metros cúbicos de biodiesel por ano. A Petrobrás também abriu mão da participação em diversas outras usinas.
O processo de desmonte foi intensificado no governo Bolsonaro, que colocou à venda as usinas de Montes Claros (que tem capacidade produtiva de 167 mil metros cúbicos de biodiesel por ano) e de Candeias (que pode produzir 304 mil metros cúbicos), anunciando a saída da Petrobrás do setor de biocombustíveis, na contramão das grandes empresas de energia.
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“Diferente de outras empresas de biocombustível, a PBio tem em seu DNA um outro desafio, que é um compromisso estabelecido com o povo brasileiro: gerar um desenvolvimento regional sustentável, incentivando a agricultura familiar e a preservação do meio ambiente”, ressalta a direção do Sindipetro MG, que representa os trabalhadores da Usina de Montes Claros.
Em Quixadá (CE), um sonho realizado
No meio do sertão cearense, a Usina de Biocombustível foi um sonho realizado para a comunidade de Juatama, distrito do município de Quixadá, que movimentou a localidade com empregos, investimentos e aumento do comércio e hotelaria. Veja a reportagem feita pelo Sindipetro Ceará:
Luta pela incorporação ao Sistema Petrobrás
O coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, lembra que a incorporação da PBio ao Sistema Petrobras é umas das bandeiras de luta da entidade. “Essa é uma pauta que vai além da questão corporativa. É um passo fundamental para que o setor de biocombustíveis tenha centralidade na política de transição energética da Petrobrás. A nossa luta, junto com os trabalhadores e trabalhadoras da PBio, será pela incorporação da empresa, assim como foi feito com as termelétricas no governo Dilma”, afirma.
A FUP reafirma o compromisso com o fortalecimento da PBio como projeto fundamental para a transição energética justa e parabeniza cada trabalhadora e trabalhador que resistiu ao desmonte da empresa. Vocês são os protagonistas dos 15 anos de existência da PBio, construindo a Petrobrás do futuro, para que os biocombustíveis possam ter papel de destaque na matriz energética do país, impulsionando o desenvolvimento sustentável.
Parabéns a todos que fizeram e fazem parte dessa história. A PBio é motivo de orgulho e inspiração para continuarmos lutando por um futuro melhor.