Na próxima quinta-feira (24), haverá ato nacional em desagravo à morte do trabalhador na Reduc, ocorrida no último sábado (19), durante acidente de trabalho.
[Da assessoria da FUP]
O Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias (Sindipetro-Caxias), filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), enviou na segunda-feira (21), ofício ao Ministério Público do Trabalho (MPT) solicitando a interdição das paradas de manutenção programadas de seis unidades da Refinaria Duque de Caxias (Reduc/RJ) devido ao acidente que provocou a morte de um trabalhador na refinaria e a demais ocorrências registradas neste ano.
Somente em 2022 já ocorreram seis situações de risco envolvendo segurança de processos ou acidentes com pessoal na refinaria. O mesmo ofício foi enviado para o Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE), à Agência Nacional do Petróleo (ANP) e ao Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (Cerest).
A FUP e seus sindicatos vão realizar nesta quinta-feira (24) um ato nacional em desagravo à morte do petroleiro.
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O pedido de interdição da refinaria ocorreu depois do acidente, no último sábado (19), do caldeireiro José Arnaldo de Amorim, que morreu durante serviço realizado em espaço confinado na refinaria. Amorim sofreu um desmaio dentro da unidade e foi resgatado quase uma hora depois. Ele trabalhava como terceirizado pela C3 Engenharia e foi acionado para serviços ligados à parada de manutenção.
Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, ressalta que a Federação e o Sindipetro-Caxias estão cobrando providências e buscando a responsabilização civil e criminal dos envolvidos no acidente. “Infelizmente, os combustíveis da Reduc estão batizados com sangue. Desta vez foi o companheiro José Arnaldo, que perdeu a sua vida enquanto estava vendendo sua força de trabalho. É inadmissível que ainda tenhamos mortes como estas. Nós trabalhadores da indústria de petróleo e gás estamos expostos a uma série de riscos físicos, químicos, biológicos. Estamos cobrando providências tanto da empresa como dos órgãos de fiscalização, para que investigações sejam feitas acerca deste acidente, para evitarmos que novos acidentes venham a ocorrer”, afirma o coordenador da FUP, que é técnico de segurança da Petrobrás.
Luciano Santos, presidente do Sindipetro-Caxias, falou da importância das investigações, para entender o que levou o petroleiro à morte. “Conseguimos pedir ao IML (Instituto Médico Legal) que o corpo passasse por um teste toxicológico, para saber se ele inalou alguma substância química, que fez com que o trabalhador desmaiasse. O sindicato e a CIPA, por lei e acordo coletivo, devem ser chamados para a Comissão de Investigação.
O companheiro Arnaldo ficou caído em local confinado na U-4500 por cerca de 50 minutos e foi retirado do local já sem vida. A empresa mente ao dizer que ele foi retirado com vida. A autópsia do IML desmente os gestores, mostrando que ele saiu morto da REDUC”, relatou.
No documento, o sindicato ainda colocou outras denúncias recebidas, inclusive de falta de água potável no setor de combustível durante a parada de manutenção, além do não funcionamento do ar-condicionado nos prédios da manutenção e administrativo. A sensação térmica no chão de fábrica costuma ser de mais de 50°C.
Houve manifestação em frente à refinaria na segunda-feira, 21, em protesto contra a morte do petroleiro e de todos os demais incidentes ocorridos na refinaria. Petroleiros fecharam a rodovia BR-040, na altura do quilômetro 113, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
No dia 20 de janeiro, um tanque da unidade U-2500 (Hidrodessulfurização de gasolina), dentro da Reduc, foi arremessado em voo livre, assustando trabalhadores que estavam no local. Ninguém ficou ferido.