A luta pelo retorno da estatal ao setor de fertilizantes foi reforçada no GT de Planejamento Estratégico e nas negociações do ACT, com o debate da Pauta Petrobrás para o Brasil
[Da imprensa da FUP]
Uma das principais reivindicações da categoria petroleira, a reabertura da Fábrica de Fertilizantes do Paraná (FAFEN-PR) está prevista na revisão do Plano Estratégico (PE) da Petrobrás, que foi aprovado na quinta-feira (23) pelo Conselho de Administração da empresa. O novo PE prevê investimentos de 102 bilhões de dólares para o período 2024-2028, um valor 31% superior ao montante de investimentos que haviam sido aprovados no final do ano passado na gestão do governo Bolsonaro para o PE 2023-2027.
No comunicado da Petrobrás ao mercado, a atual gestão informou que o novo Plano Estratégico visa preparar a empresa para o futuro, fortalecendo a estatal para “o processo de integração de fontes energéticas essencial para uma transição energética justa e responsável”. A Petrobrás também anunciou que o PE “marca seu retorno ao segmento de fertilizantes, com planos de retomar a operação da ANSA e a conclusão das obras da UFN 3”.
A FAFEN-PR foi fechada em 2020, quando a ANSA demitiu sumariamente os cerca de mil trabalhadores da unidade, mesmo após uma greve histórica que mobilizou não só a categoria petroleira em todo o país, como também vários setores da sociedade, que se levantaram contra a retirada da Petrobrás do setor de fertilizantes.
O governo Bolsonaro chegou a colocar a fábrica à venda, assim como a UFN 3 (FAFEN-MS), que estava em fase final de construção e teve as obras paralisadas. Além disso, a gestão anterior da Petrobrás arrendou as outras duas fábricas de fertilizantes (FAFEN-BA e FAFEN-SE) para a Unigel, que comprovou total despreparo para operar as fábricas.
Para Mahatma Ramos dos Santos, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), o anúncio do retorno da Petrobrás ao segmento de fertilizantes “é um elemento chave para retomada de investimentos e geração de emprego e renda nesse segmento estratégico para soberania alimentar nacional”, destacando que é preciso reduzir a dependência brasileira de importação desses insumos.
“A retomada da operação da ANSA reforça a longeva luta dos trabalhadores e trabalhadoras do Paraná, porém é preciso avançar na sinalização de prazos e metas efetivas para essa retomada”, alerta o diretor do Ineep.
Ao longo dos últimos anos, a FUP e seu sindicatos realizaram diversos embates pela reabertura da FAFEN-PR e pelo retorno da Petrobrás ao setor de fertilizantes. A luta ganhou reforço no último ano, com o compromisso assumido pela equipe do presidente Lula, ainda na campanha eleitoral, de reabrir a fábrica e retomar os investimentos da Petrobrás na produção de fertilizantes. O tema foi amplamente tratado no governo de transição e tem pautado, desde janeiro, as negociações com a nova gestão a empresa.
“Ter no Plano Estratégico da Petrobrás a retomada da operação da Fafen-PR e a conclusão da Fafen-MS é uma conquista importantíssima, que é resultado das lutas da categoria e das intervenções que a FUP e seus sindicatos realizaram ao longo deste ano, seja no debate da Pauta Petrobrás Para o Brasil, que também esteve presente na nossa campanha reivindicatória, seja no Grupo de Trabalho Paritário que discutiu as propostas dos trabalhadores para o Planejamento Estratégico da empresa”, lembra o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Ele destaca que a revisão do PE “cumpre os objetivos do governo Lula de geração de emprego e renda para os brasileiros”, ao aumentar de 78 bilhões para 102 bilhões de dólares os investimentos da estatal petrolífera para os próximos cinco anos. “A Petrobrás está retomando sua trajetória de indutora do desenvolvimento do país, voltando à posição de maior empresa investidora do Brasil”, afirma Bacelar.
A deputada federal Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, uma das principais aliadas da categoria petroleira na luta pela reabertura da FAFEN-PR, também comemorou o anúncio da Petrobrás em suas redes sociais: