Massa de manobra

FUP e sindicatos alertam que Unigel usa demissão em massa na Fafen para chantagear e obter vantagens da Petrobrás

Entidades repudiam demissões e afirmam que trabalhadores estão sendo usados como massa de manobra pela Unigel para forçar a Petrobrás a atender seus interesses econômicos 

[Da comunicação da FUP, com informações dos Sindipetros BA e SP]

A FUP e seus sindicatos condenam a chantagem cruel e absurda da Unigel de usar a demissão dos trabalhadores como massa de manobra para atingir seus interesses econômicos e políticos. Alegando dificuldades operacionais, econômicas e financeiras, a empresa anunciou que irá encerrar as atividades da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia, demitindo todos os trabalhadores.

Para as entidades sindicais, a Unigel tenta chantagear a Petrobrás – de quem arrendou, no governo passado, as unidades da Fafen na Bahia e em Sergipe – a fornecer gás subsidiado para manter a operação das unidades e, assim, reverter as demissões.

Desde que a estatal brasileira anunciou a saída do setor de fertilizantes, em 2020, a FUP vem alertando sobre os prejuízos e riscos dessa decisão para o país e os trabalhadores. Com a mudança de governo, a entidade apresentou uma proposta à nova gestão da Petrobrás para que volte a assumir o controle das duas unidades da Fafen, mantendo os trabalhadores e a operação assistida pela Unigel, por meio de um novo contrato com tempo suficiente para que a estatal possa realizar concurso público, contratar e treinar os novos empregados, sem interromper a produção.

“Tenho certeza de que é totalmente possível reverter essa situação sem prejudicar os trabalhadores da Unigel. Nossa proposta é factível e sólida e dá aos trabalhadores tempo para se organizarem e se prepararem para a solução a ser definida pela Diretoria Executiva da Petrobrás”, afirmou Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP.

Para o Sindipetro Bahia, a chantagem da Unigel é “continuidade do jogo de pressão para atender aos seus próprios interesses”. O diretor de comunicação do sindicato, Radiovaldo Costa, afirmou que “a Unigel está criando dificuldade para obter facilidade pública. Ou seja, quer socializar o prejuízo e privatizar o lucro”.

O Sindipetro Bahia entende que alguns dos atuais trabalhadores da Unigel podem ser absorvidos pela Petrobrás como terceirizados, como já acontecia quando a estatal operava a fábrica de fertilizantes baiana. Para a entidade, “esta é também uma oportunidade de trazer de volta à Bahia os trabalhadores da Petrobrás, que foram transferidos, de forma compulsória, para outros estados no governo Bolsonaro, e não estão se adaptando, passando, inclusive por problemas sérios de saúde mental”.

Em nota, a diretoria do Sindipetro Bahia afirmou que “no lugar de ceder às chantagens da Unigel, a Petrobrás tem a grande chance de garantir que a Fafen cumpra o seu papel de gerar emprego, de produzir fertilizantes, de abastecer o mercado interno, assegurando a arrecadação de impostos para o município de Camaçari e para o Estado da Bahia”.

O diretor do Sindipetro Unificado SP, Albérico Queiroz Filho, divulgou artigo nesta segunda, onde alerta que o objetivo da Unigel é “repassar o risco do negócio para a Petrobrás por meio de um contrato de Tolling, ferramenta contratual de formalização da terceirização da atividade fim”. Ou seja, a estatal fornece o gás natural e a empresa privada produz amônia e ureia. “Essa jogada tem o propósito exclusivo de retirar o risco do negócio da Unigel, já que a negociação da venda de amônia e de ureia seria de responsabilidade da Petrobrás. Isso não chega a ser novidade, já que o setor privado volta e meia pede colo ao Estado por não ser capaz de gerir o negócio”, explica o petroleiro.

“Em outra vertente, a Unigel tenta se vitimizar e culpar a Petrobrás pelo custo alto do gás natural, mas não cita que compra do livre mercado e já possui contrato com mais quatro fornecedores além da própria Petrobrás. Tudo isso para não chamar a atenção para sua grave crise financeira, tendo nota de crédito de ‘rebaixada’ e dificuldade de negociar com os credores”, afirma Albérico.