Não é flor que se cheire

MTE atende pedido dos trabalhadores e retira de pauta decisão sobre limite de exposição ao benzeno

 Patrões pressionavam para que tema fosse aprovado na reunião da Comissão Tripartite Paritária Permanente, que será realizada na próxima terça, 10/12

 [Da comunicação da FUP]

Em reunião nesta quinta (05) com representantes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a FUP e entidades sindicais que representam os petroquímicos (CNQ/CUT, CTB e NCS) arrancaram o compromisso do governo de ampliar o debate sobre a revisão da NR 15, Anexo 13A. Com isso, a pedido da bancada dos trabalhadores, o tema será retirado da pauta da próxima reunião da Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), que será realizada na terça-feira, 10/12.

A reunião com o MTE foi solicitada pelas entidades sindicais, que manifestaram preocupação com a forma açodada com que a bancada dos patrões tem conduzindo o debate na Comissão para aprovação do Limite de Exposição Ocupacional (LEO) ao benzeno, o que seria um retrocesso e um risco gigante para os trabalhadores.

Na reunião desta terça com os representantes do Ministério, a assessora da bancada dos trabalhadores, Dra. Arline Arcuri, pesquisadora aposentada da Fundacentro, fez a fundamentação técnica da importância de manter o Valor de Referência Tecnológico (VRT) e de fortalecer as Comissões Nacional e Estaduais do Benzeno (CNBz e CEBz).

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O Benzeno é um produto altamente cancerígeno que não pode ter limite de tolerância, pois sua exposição deve ser qualitativa e nunca quantitativa, como reforçam vários estudos científicos que embasam a defesa dessa tese por especialistas renomados da Fundacentro e da Fiocruz.

O VRT, estabelecido nos anos 90 pelo Acordo Nacional do Benzeno, é fundamentado na eficiência de monitoramento ambiental nos locais de trabalho, em conjunto com a CNPBz e as CEBz’s, que são compostas por representações dos trabalhadores, dos empresários e do governo.

Já o LEO abre brecha para autorizar as empresas a implementarem um nível de tolerância ao Benzeno, baseado em um valor de exposição quantitativo, sem considerar o ambiente.

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, e a diretora de SMS da federação, Miriam Cabreira, comemoraram a decisão do MTE em atender o pedido da bancada dos trabalhadores, que ganhará mais tempo para dar continuidade na CTPP de um debate mais aprofundado sobre a exposição ao benzeno, sem açodamento que estava sendo imposto pela bancada patronal. Veja o vídeo abaixo: