Valorização da interlocução

FUP apresenta demandas da categoria à nova diretora de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobrás

Na pauta, participação das entidades sindicais na discussão de uma política efetiva de combate a todas as formas de assédio; envolvimento no debate de questões estratégicas, como a transição energética justa; propostas para a responsabilidade social; valorização dos aposentados e terceirizados; fortalecimento dos processos de negociação permanente, entre outras questões

[Da imprensa da FUP]

Em reunião nesta terça-feira, 04, com Clarice Coppetti, a nova diretora executiva de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobrás, a FUP reforçou a necessidade das representações sindicais participarem da discussão de uma política efetiva de combate não só ao assédio sexual, como também a diversas outras formas de assédio que as trabalhadoras e os trabalhadores enfrentam, sejam eles próprios ou terceirizados.

Representantes do Coletivo Nacional de Mulheres Petroleiras destacaram que os assédios na empresa são denunciados há anos, porém não há canais efetivos para acompanhamento dos casos. As diretoras petroleiras ressaltaram a importância da nova gestão da Petrobrás ter criado um Grupo de Trabalho para discutir medidas de enfrentamento às denúncias feitas pelas trabalhadoras e cobraram uma reunião com o GT.

Essa foi uma das principais demandas tratadas pela FUP com Clarice Coppetti, que é a única mulher a integrar a Diretoria Executiva da estatal, cujas últimas gestões não tiveram representação feminina.  Há apenas cinco dias no cargo, ela concordou em receber a FUP para uma reunião de apresentação, onde os dirigentes sindicais explicaram como funcionam a entidade, seus fóruns de deliberação e o processo de negociação coletiva com a Petrobrás.

Durante o encontro, realizado presencialmente, na sede da empresa no Rio de Janeiro, os representantes da FUP enfatizaram a necessidade da Petrobrás voltar a recuperar os vínculos com os trabalhadores, com a população e com a própria nação brasileira. Os dirigentes sindicais relataram vários ataques sofridos pela categoria durante os governos Temer e Bolsonaro, as tentativas de criminalização do movimento sindical, a falta de interlocução com os gestores e os impactos do desmonte da empresa na sociedade.

A FUP chamou atenção também para o primeiro ponto destacado pelo presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, como propostas para a revisão do planejamento estratégico da empresa: “Atenção total às pessoas, com a prioridade no desenvolvimento, retenção e requalificação de talentos de forma a prover à companhia um corpo técnico cada vez mais inclusivo, diverso e habilitado a atender às demandas dinâmicas do mercado, em especial da transição energética”.

Os dirigentes sindicais lembraram que a Petrobrás chegou a ser considerada pelos jovens a empresa mais desejada para se trabalhar, mas, após os governos Temer e Bolsonaro, a estatal rompeu os vínculos de pertencimento com o povo e a sociedade brasileira, ao passar a ser gerida com foco exclusivo nos ganhos dos acionistas. A FUP reforçou que a Petrobrás precisa recuperar o sentimento de identificação coletiva que os trabalhadores, os aposentados e a população de uma forma geral tinham com a empresa.

A diretora Míriam Cabreira, que coordenou a reunião pela FUP, afirmou que, além de restabelecer o diálogo com as representações sindicais, é fundamental que a Petrobrás garanta espaços de participação no debate de questões estratégicas, como a transição energética, e que volte a valorizar os processos de negociação permanente, com empenho efetivo em resolver os problemas tanto nos Grupos de Trabalho, quanto nas Comissões previstas no Acordo Coletivo.

Principais questões tratadas pela FUP:

Transição energética – os petroleiros defendem uma transição justa, que garanta condições de trabalho decente e um modelo econômico socialmente justo e ambientalmente sustentável. Isso passa necessariamente pela participação dos trabalhadores nos debates e na construção de alternativas.

Responsabilidade Social – a prioridade da Petrobrás não pode ser produzir dividendos extraordinários para os acionistas. A relação principal da empresa deve ser com a sociedade brasileira. Para a FUP, a retomada dos vínculos com o povo passa por projetos de responsabilidade social como foi o MOVA Brasil, realizado em parceria com os sindicatos petroleiros, cujo resultado foi a alfabetização de cerca de 284 mil jovens e adultos em 692 municípios de 12 estados do país, nos 13 anos de existência do projeto.

Relação com os terceirizados – o desmonte dos direitos trabalhistas afetou sobretudo os terceirizados, aumentando a precarização das condições de trabalho no Sistema Petrobrás. A FUP destacou a importância da retomada do fundo garantidor e de uma nova política de contratação, cuja prioridade seja o conceito de melhor preço (condições de trabalho, benefício, segurança, etc) e não do menor preço (às custas da precarização).

Saúde e segurança – a FUP ressaltou que não deve haver divergência entre a gestão e os sindicatos quando se trata de SMS, pois os dois lados têm o mesmo propósito que é respeitar a saúde e segurança dos trabalhadores. No entanto, não foi essa a compreensão da gestão durante os governos Temer e Bolsonaro, marcada por decisões unilaterais da empresa e pouca transparência em relação às informações cobradas pela FUP e seus sindicatos. Os dirigentes sindicais reforçaram a importância do trabalho conjunto na discussão de uma política de SMS, que priorize a vida e a saúde mental dos trabalhadores.

Respeito aos aposentados – outro ponto bastante enfatizado pela FUP foi a reconstrução das relações de respeito da Petrobrás com os aposentados e pensionistas, segmento da categoria mais prejudicado pelos ataques que as últimas gestões fizeram contra o plano de saúde e a previdência complementar da categoria. A FUP cobrou que a Diretoria de RI atue para cuidar das pessoas que dedicaram toda a sua vida à construção da Petrobrás.

Além dessas questões, a FUP pontuou a necessidade de fortalecimento da Universidade Petrobrás, cobrou participação nos comitês de diversidade e o aprimoramento de políticas de equidade e empoderamento das mulheres, como mentoria feminina.

A diretora de Relacionamento Institucional da Petrobrás se mostrou bastante receptiva às demandas apresentadas pela FUP e ressaltou a importância da reunião para conhecer a forma de organização dos trabalhadores e as principais pautas da categoria. Clarice Coppetti afirmou que sua gestão será feita à base do diálogo permanente. Além dela, também participou da reunião José Maria Rangel, pelo Gabinete da Presidência da Petrobrás.