Até meados da década de 90, as unidades da Petrobrás eram denominadas UOs (unidades de operações). No governo FHC, foram renomeadas para UNs (unidades de negócios). “A intenção da mudança era fatiar a empresa e iniciar sua privatização aos pedaços, individualizando os ativos que recebiam um CNPJ, passando a atuar como uma unidade independente, com resultados individualizados”, explica Rosangela Buzanelli, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás.
Leia a íntegra de seu comunicado aos trabalhadores:
[Do blog de Rosângela Buzanelli]
A Petrobrás restabeleceu uma antiga denominação que reflete a atuação integrada dos negócios da empresa: as Unidades de Negócios (UN) voltam a ser chamadas de Unidades de Operações (UO). A mudança de nome, com seus desdobramentos na estrutura organizacional da companhia, foi aprovada por unanimidade, pelo Conselho de Administração, em reunião na sexta-feira (25).
A alteração é uma proposta minha, que encaminhei inicialmente ao ex-presidente Jean Paul Prates, em 2023. Posteriormente, em 2024, solicitei à DCORP a realização de estudos de viabilização, durante reunião ordinária do CA com apoio do presidente Pietro Mendes.
Em comunicado interno, a companhia afirmou que a “A mudança foi necessária porque o conceito tradicional de Unidades de Negócios está associado a mais autonomia, descentralização e responsabilização por resultados. As nossas unidades, porém, são operacionais e atuam de forma integrada. Nosso Plano Estratégico é construído de forma a maximizar essa integração e as sinergias entre os diversos negócios. Assim, vamos voltar a adotar uma nomenclatura mais aderente à nossa prática: Unidades de Operações (UOs).”
As nossas unidades eram denominadas UOs e, no governo FHC, foram renomeadas UNs. A intenção da mudança era fatiar a empresa e iniciar sua privatização aos pedaços, individualizando os ativos que recebiam um CNPJ, passando a atuar como uma unidade independente, com resultados individualizados. O efeito prático de tal medida foi corroer a integração e sinergia entre as unidades do grande Sistema Petrobrás, estabelecendo uma relação de “canibalismo”, de competição predatória na disputa por recursos críticos, que eram monopolizados pelos ativos mais “ricos”. Foi um período muito negativo para a companhia, no qual se destruiu a sinergia, o senso de pertencimento e de equipe, ou seja, nosso diferencial competitivo e consequentemente, muito valor.
Em 2012, a denominação de UO foi reestabelecida na gestão da presidente Graça Foster. Com o golpe de 2016 e a mudança radical na visão estratégica da empresa por parte do sócio controlador, a nomenclatura UN volta ao cenário de desintegração e fatiamento para a privatização.
Agora, finalmente, estamos resgatando mais esse simbolismo que traduz e materializa a forma como trabalhamos: integrados como um Sistema, cuja sinergia nos dá um diferencial competitivo a serviço do melhor interesse da Petrobrás e do nosso país.
Recuperando o arcabouço institucional, nos cabe fortalecer a retomada dos planejamentos de negócios e operacionais como um verdadeiro Sistema onde cada parte contribui com o todo. Onde todo óleo, todo gás, todo derivado, todo combustível importam. Onde a lucratividade do pré-sal não seja o “gabarito” para a aprovação de todo e qualquer projeto, mas um financiador dos menos lucrativos, mas não menos importantes, para a Petrobrás e o Brasil.