[Da imprensa do Sindipetro Bahia]
Por que a Unigel só cobra da Petrobrás, a redução do preço do gás natural? Esta é uma pergunta necessária de ser feita e imprescindível de ser respondida pela empresa química que anunciou o encerramento de suas atividades frente à Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia (Fafen) e a demissão de mais de 300 trabalhadores.
Ocorre que a Unigel, em comunicado à imprensa, atribuiu à Petrobrás a responsabilidade da sua gestão deficitária, afirmando que a decisão de encerrar as atividades da fábrica na Bahia aconteceu em razão “do alto custo do gás natural fornecido pela Petrobrás que torna o preço final do produto acabado (fertilizantes) impraticável face aos preços praticados no mercado internacional”.
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No entanto, a Unigel omitiu que a Petrobrás não é sua única fornecedora de gás natural. Ela é abastecida também pela Shell, PetroReconcavo e Petrogap. E mais: a Petrobrás fornece à fábrica de fertilizantes, arrendada desde 2020 pela Unigel, apenas 15% de todo o gás utilizado para permitir a sua operação.
É incompreensível, portanto, que a Unigel não faça às empresas privadas a mesma cobrança que faz à Petrobrás, uma empresa pública. Ou seja, a Unigel transfere para uma empresa pública, que não é a sua principal fornecedora, a responsabilidade da redução do preço de um produto para que ela possa dar prosseguimento às suas atividades e não efetuar demissões. Ora, a Petrobrás é responsável pelas demissões feitas pela Unigel? Claro que não. O nome disso é chantagem.
Por ser uma empresa privada, a Unigel, certamente, defende a abertura de mercado. Abertura de mercado remete a preço de mercado. Mas o mercado é cruel. Não se preocupa com o funcionamento de nenhum segmento econômico, se trabalhadores vão ser demitidos, se vai haver algum impacto social ou se alguma empresa vai ser fechada. O mercado quer o lucro, o retorno pela venda dos seus produtos.
Mas a empresa pública pode reduzir o seu lucro para socorrer uma empresa privada? Estamos vendo aí dois pesos e duas medidas. É por essas e outras que o Sindipetro Bahia e o movimento sindical são contra a privatização porque entendem que nem sempre a lei do mercado é benéfica para a sociedade, para a economia ou até mesmo para o próprio setor privado.
Ao contrário do mercado que é frio, pensa somente no hoje e no lucro, o Estado tem um importante papel de fomentar o desenvolvimento social, econômico e a geração de empregos, incentivando, inclusive a instalação de empresas privadas.