FUP defende que a Petrobrás volte a operar as fábricas de fertilizantes e amplie os investimentos no setor
[Da comunicação a FUP]
“O Brasil, grande produtor agrícola, precisa alcançar autossuficiência na produção de fertilizantes nitrogenados, mas não às custas de subsídios que visam apenas aumentar lucro de empresa do setor”. O comentário é do diretor de Relações Internacionais da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Gerson Castellano, ao se referir a denúncias recebidas pela entidade sobre pressões do grupo Unigel junto ao governo, em Brasília, para concessão de subsídios ao gás.
“A Unigel está fazendo um movimento de pressão muito forte sobre o governo, o Ministério de Minas e Energia e políticos para ter subsídios sobre o gás. Falam abertamente que se não tiverem subsídios vão parar as unidades de fertilizantes da Bahia e de Sergipe, arrendadas à empresa pela Petrobrás, no governo Bolsonaro. Isto é chantagem para obter mais benefícios governamentais. A Unigel tem estoques para ficar cerca de dois meses produzindo ureia e amônia sem precisar operar as unidades inteiramente”, afirma Castellano, defendendo a necessidade de revisão do arrendamento das plantas.
“O contrato de arrendamento é sigiloso, ninguém teve acesso a ele, e só permitiu benefícios, pois foi firmado por um valor que garantiu grandes lucros ao grupo já nos primeiros seis meses de operação. A previsão do balanço deste ano é de lucro superior a R$ 1 bilhão. Eles têm pressa, querem incentivos de gás antes de sair o balanço”, diz o dirigente da FUP.
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Além disso, segundo informações recebidas pela Federação, a Unigel trava uma campanha contra a reabertura da Fafen do Paraná – promessa do programa de governo do presidente Lula -, tentando desqualificar o potencial de produção da empresa. “Por trás disso está o receio de concorrência e de que a retomada da Fafen-PR absorva mão de obra das unidades da BA e SE”, ressalta Castellano.
Com a paralisação da Fafen-PR, desde 2020, os trabalhadores especializados da unidade paranaense migraram para a Unigel. “A Unigel se beneficiou do fechamento da Fafen Paraná porque não teria mão de obra para tocar as unidades arrendadas. A Fafen-PR era a mais eficiente das três unidades da Petrobrás e, se voltar a operar, vai demandar mão de obra”, acrescenta ele.
A Petrobrás arrendou as fábricas de fertilizantes na Bahia (Fafen-BA) e em Sergipe (Fafen-SE), para a empresa Proquigel Química, integrante do Grupo Unigel, em novembro de 2019, durante o governo Bolsonaro, por valor total de R$ 177 milhões para um período de 10 anos, prorrogáveis pelo mesmo período.
A Fafen-BA é uma unidade de fertilizantes nitrogenados, localizada no Polo Petroquímico de Camaçari no Estado da Bahia, com capacidade de produção total de ureia de 1.300 t/dia. Também comercializa amônia, gás carbônico e agente redutor líquido automotivo (Arla 32).
A Fafen-SE, localizada em Laranjeiras no Estado de Sergipe, tem capacidade de produção total de ureia de 1.800 t/dia. Comercializa também amônia, gás carbônico e sulfato de amônio.
A capacidade de produção da Fafen-PR é maior que a da Fafen-BA ou Fafen-SE: São 1.975 t/dia de ureia, 1.300 t/dia de amônia, além de dióxido de carbono e carbono paletizado, entre outros. Em 2014 e 2015, a Fafen-PR foi a unidade de fertilizantes nitrogenados com o melhor resultado (produção e financeiro) dentro do sistema Petrobrás.