Comissão de Plano de Cargos

FUP pressiona Petrobrás por reparação e transparência no novo plano de cargos

Reunião histórica evidencia urgência da pauta para a categoria petroleira após anos de perdas e imposições unilaterais por parte da empresa

 

A primeira reunião da Comissão de Planos e Cargos entre a FUP e a Petrobrás evidenciou a urgência do assunto, há muito reivindicado pela categoria petroleira. Durante o encontro, realizado em 15/04, diretores da FUP leram e explicaram todos os pontos da pauta, expondo não só os aspectos técnicos da proposta, como também enfatizando as consequências do desgaste acumulado após anos de desmonte promovido por gestões anteriores, caracterizadas por imposições unilaterais da empresa, como o controverso Plano de Cargos e Remuneração (PCR).

Tezeu Bezerra, diretor da FUP e Sindipetro NF, traçou um histórico crítico da condução da política de carreira dentro da companhia e lembrou que o último plano de cargos negociado coletivamente ocorreu ainda em 2007. “Naquele período, conseguimos avanços reais, como progressões por antiguidade e uma lógica mais justa de evolução. Isso foi sendo construído coletivamente. Mas tudo começou a ruir a partir de 2016, com mudanças autoritárias, como o PCR, que foi imposto aos trabalhadores sem diálogo”, afirmou e completou, o PCR representou uma ruptura com o espírito coletivo da empresa. Muitos trabalhadores, pressionados por dificuldades financeiras ou assédio institucional, acabaram aderindo ao novo plano. “Não conheço ninguém que tenha migrado por convicção. Foi por necessidade ou pressão. E isso gerou injustiças que ecoam até hoje”, destacou Tezeu.

Além da crítica à condução unilateral das mudanças, Cibele Vieira, diretora da FUP e Sindipetro SP, chamou atenção para a crescente subjetividade nas relações trabalhistas dentro da companhia. Cibele, alertou para a perda da cultura organizacional da Petrobrás, substituída por uma lógica de individualismo e meritocracia distorcida. “Essa cultura foi sendo corroída. A subjetividade aumentou, e com ela, a desigualdade no tratamento dos trabalhadores e trabalhadoras. O que estamos propondo aqui não é apenas uma nova fórmula de progressão, mas um resgate do que sempre foi o espírito da Petrobrás: a construção coletiva e o reconhecimento justo da carreira”, afirmou.

A proposta construída pelas duas federações após seminário e diversas discussões, sugere uma média de progressão de nível de 12 meses para todos que forem bem avaliados. A FUP solicitou que fosse feita uma média do número de níveis ganhos pelos trabalhadores nos últimos tempos e, para quem não tenha recebido pelo menos um nível a cada 18 meses, deverá ter sua reparação feita. Desta maneira, será levando em conta eventuais prejuízos sofridos por trabalhadores e trabalhadoras que foram injustamente preteridos. “Nossa proposta não busca apenas acelerar quem ficou para trás, mas reparar danos reais e recorrentes. Não são casos pontuais, são práticas que se tornaram frequentes”, explicou Cibele.

Os diretores relataram que a expectativa da categoria petroleira é que a Petrobrás apresente, ainda em 2025, uma proposta concreta de plano de cargos para todo o sistema, não limitada a um único CNPJ. “A categoria espera respostas. Estamos há mais de dois anos debatendo isso. O que pedimos agora é o mesmo grau de comprometimento por parte da empresa. O plano precisa sair do papel”, reforçou Tezeu.

Apesar do reconhecimento do esforço técnico da companhia em analisar a proposta, o clima entre os diretores dos sindicatos e da FUP ainda é de alerta e mobilização. A FUP solicitou que calendário das reuniões dessa comissão seja intensificado. “Essa é, hoje, a pauta mais cara para os petroleiros. E se a empresa não avançar, o sentimento será de frustração coletiva. A reparação que a categoria petroleira exige passa pelo verdadeiro envolvimento do RH da empresa em assunto tão relevante. A Petrobrás é uma estatal, não é uma empresa de heróis individuais, mas de equipes inteiras comprometidas com uma missão estratégica para o país”, concluiu Tezeu.

A direção da FUP e seus sindicatos indica que todos os trabalhadores e trabalhadoras leiam e conheçam o documento abaixo:

PLANO DE CARGOS pauta 01042025

 

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