Contra a precarização

Trabalhadores da Refinaria de Paulínia (Replan) entram em greve por direitos

Trabalhadores reivindicam aumentos de salário, vale alimentação e melhoria dos planos de saúde (Foto: Diogo Zacarias/Sindipetro-SP)

Operários de 13 empresas que prestam serviço à Replan cruzaram os braços nesta terça-feira (17) por melhores condições de trabalho

[Por Guilherme Weimann, do Sindipetro-SP]

Cerca de dois mil trabalhadores terceirizados de 13 empresas que prestam serviço na Refinaria de Paulínia (Replan) – a maior do Sistema Petrobrás e do país – entraram em greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembleia ocorrida no início da manhã desta terça-feira (17), na Portaria Norte da unidade.

As negociações entre o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Campinas e Região (Sinticom) e as construtoras (Centro Oeste Industrial; Comau do Brasil; Elfe; EQS Engenharia; Estrutural Serviços Industriais; ETM Engenharia; L.C.D. Engenharia; LV Castro Engenharia; MIPE – Construções e Montagens; Provac Terceirização da Mão de Obra; Quality Welding Serviços; Sisnergy; Toyo Setal Empreendimento) começaram no início de maio e ontem (16) contou com a mediação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

O TRT propôs reajuste de 13% nos salários, vale alimentação, café da manhã e cesta natalina – os trabalhadores reivindicam 15%. O tribunal ainda apontou aumento de 13% na PLR (participação nos lucros e resultados), mas o sindicato pleiteia 18,09%. Além disso, o órgão fixou suspensão de 15 na greve para discutir melhoria no plano de saúde e a inclusão de novas funções na tabela salarial (que inclui piso para as diferentes funções exercidas dentro da refinaria) – ofertas também rejeitadas pela categoria.

Em relação aos planos de saúde, o diretor do Sinticom, Jucelino Souza Novais, explica que a proposta das empresas era rebaixar os direitos já adquiridos, incluindo a coparticipação – o que obrigaria os trabalhadores e dependentes a pagarem uma porcentagem dos convênios. Além de rechaçar essa mudança, o sindicato pede a expansão da cobertura do plano de regional para nacional. “Os trabalhadores atualmente têm que se deslocar, porque os atuais planos muitas vezes não atendem os hospitais e médicos dos municípios próximos à refinaria”, explica.

Responsabilidade solidária

O diretor do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP), Arthur Bob Ragusa, aponta a legitimidade da greve e chama atenção para a responsabilidade da Petrobrás em relação às condições de trabalho e direitos dos seus terceirizados. “Os trabalhadores próprios da Petrobrás demonstram apoio total à paralisação e, além disso, cobram uma postura solidária da nossa empresa em relação aos seus terceirizados”, afirma.

Entretanto, até o momento, a petroleira tem se mostrado negligente em relação às reivindicações do movimento grevista. “A Petrobrás é totalmente omissa, sempre tenta tirar o corpo fora. Diz acompanhar todo o processo de negociação, mas a gente não vê ação nenhuma. O que a gente vê é apenas omissão”, aponta Novais.

Parte dos trabalhadores em greve, por exemplo, ficou sem receber salários e ainda está sem benefícios. Eles são contratados da Elfe, uma das empresas que prestam serviço na Replan e em outras unidades espalhadas pelo país.

“É necessário que a Petrobrás monitore de perto seus contratos, exigindo condições dignas para os trabalhadores das empresas que prestam serviços em suas plantas e, além disso, que seja solidária caso alguma delas não honre seus compromissos. O que não pode é trabalhador ficar sem receber, enquanto os acionistas estão recebendo volumes cada vez mais volumosos de dinheiro”, opina Ragusa.

No início de maio, o Conselho de Administração da Petrobrás aprovou pagamento de R$ 3,715490 por ação preferencial e ordinária, totalizando a distribuição de R$ 48,5 bilhões em dividendos.