Reestatização já

Ato em comemoração aos 74 anos da RLAM reafirma a importância da luta pela volta da refinaria para a Petrobrás

Foto: Sindipetro Bahia.

Ato reforçou a luta pela reestatização da Rlam e relembrou legado de resistência da categoria petroleira na sua defesa

[Da Imprensa do Sindipetro Bahia]

Expectativa e esperança. Estes dois sentimentos nortearam o grande ato promovido pelo Sindipetro Bahia e o Sitticcan na manhã desta terça-feira (17) para comemorar os 74 anos de criação da Refinaria Landulpho Alves (RLAM). A mobilização que reuniu trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás, da Acelen e de diversas empresas terceirizadas, aconteceu em um local que tem grande significado para a categoria petroleira: o Trevo da Resistência.

Neste Trevo, que fica no caminho que dá acesso à refinaria, já foram travadas muitas greves e mobilizações em defesa do Sistema Petrobrás e dos direitos da categoria. Por tudo o que representa, o local foi escolhido para ser palco não só de comemoração, mas também de luta e resgate dos direitos perdidos no último governo de extrema-direita, que quase acabou com a Petrobrás na Bahia.

“Temos um compromisso que, inclusive, foi referendado na 11ª Plenafup, que é o de lutar pelo retorno de todos(as) petroleiros(as) que foram obrigados(as) a sair da Bahia para outros estados, muitas vezes sofrendo xenofobia e racismo e garantir a manutenção dos empregos daqueles que estão aqui e fazem parte do quadro da Acelen”, afirmou a coordenadora do Sindipetro Bahia, Elizabete Sacramento.

A coordenadora lamentou o que aconteceu com a refinaria após sua privatização em 2021. “A produção está caindo, unidades foram fechadas e os resultados operacionais são baixos e isto está impactando a sociedade baiana, prejudicando até a manutenção dos empregos. Por isso, a importância de lutar para que essa retomada da refinaria pela Petrobrás realmente aconteça. Trata-se também da defesa da nossa soberania”, finalizou.

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O petroleiro e deputado estadual, Radiovaldo Costa (PT), lembrou a luta do Sindipetro Bahia e da FUP contra a privatização da RLAM e o alerta dado a respeito das consequências do monopólio privado. “Nós estávamos certos, além dos preços altos dos combustíveis, a privatização prejudicou a refinaria e seus trabalhadores. Nunca vimos um número tão reduzido de trabalhadores nesta refinaria como atualmente. Após a sua venda, a refinaria está operando com 67% da sua capacidade de processamento. A refinaria de Manaus, que também foi privatizada, parou de processar. Enquanto isto, 11 das refinarias da Petrobrás estão com 97% da sua capacidade de processamento”.

O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, reafirmou a luta pela reestatização do que foi privatizado no governo anterior. “No caso do Sistema Petrobrás, isto inclui a nossa RLAM, que hoje completa 74 anos, e também a REMAN. Queremos ainda o fortalecimento dos setores de fertilizantes e de biocombustíveis. Bacelar frisou que os(as) companheiros que quiserem retornar para a Bahia terão esta garantia, alertando que os processos de reestatização não podem gerar demissão em massa”.

O diretor do Siticcan, Antonio Loteba, defendeu uma Petrobras para todos. “Esta retomada é importante. A Petrobrás tem que voltar a ser realmente nossa, inclusive para os terceirizados, para dar a eles melhores condições de trabalho do que estão tendo hoje na Acelen. É reclamação todos os dias e as condições são as piores possíveis”.

O diretor do Sindipetro Bahia, Diogo Teixeira, conclamou a todos e todas a se darem as mãos para fortificar a luta pela manutenção dos empregos e incentivou a categoria a sempre procurar o sindicato.

O ato, que contou também com a presença de dirigentes da CUT e da CTB e de diretores do Sindicato dos Trabalhadores em Supermercados (Sintrasuper) e do Sindicato dos trabalhadores em Telecomunicações (Sinttel), foi finalizado com a certeza de que as entidades sindicais se manterão firmes na luta pela retomada da RLAM e garantia dos empregos.

Uma história de luta e resistência

A Refinaria Landulpho Alves (RLAM) completa 74 anos de existência em meio à expectativa de sua recompra pela Petrobrás. Privatizada em 2021, por um valor abaixo do estipulado na época no mercado, a refinaria baiana, ao longo de sete décadas, tornou-se sinônimo de resistência através da luta e comprometimento de seus trabalhadores e trabalhadoras.

Primeira refinaria nacional, a RLAM começou a operar em 1950, antes mesmo da criação da Petrobrás. Chamava-se Refinaria Nacional de Petróleo S/A. Foi incorporada à Petrobrás em 1953 e, em 1957, rebatizada com o nome de Landulpho Alves, em homenagem a um engenheiro baiano que lutou pela causa do petróleo no Brasil. A montagem e a finalização da refinaria baiana foram feitas em tempo recorde: nove meses e dez dias.

A refinaria foi também ponto de partida para o crescimento econômico e industrial do estado, possibilitando, inclusive, o desenvolvimento do primeiro complexo petroquímico planejado do Brasil, o Polo Petroquímico de Camaçari. Foi ainda um trampolim para a ascensão da classe trabalhadora: pescadores e agricultores tiveram a oportunidade de aprender um novo ofício, o de petroleiros. De aprendizes, após muita dedicação e zelo, passaram a ser instrutores, transformando a refinaria na primeira escola de refino do país.

Nestas sete décadas, foram milhões de empregos diretos e indiretos gerados e também impostos (royalties, ISS e ICMS), possibilitando o crescimento de muitos municípios, através da riqueza do petróleo.

A privatização foi também sinônimo de combustíveis caros, menos arrecadação de impostos, redução de fornecimento de gás de cozinha e desemprego, a subutilização da capacidade de refino.

Luta constante

Mas não foi fácil para o governo de extrema-direita de Bolsonaro privatizar a RLAM. Foram muitas as lutas travadas – jurídicas, sindicais e políticas – pelo Sindipetro Bahia e a FUP para evitar essa venda. Foram greves, mobilizações, audiências públicas e campanhas como a “Rlam 70 anos, História, Luta e Resistência”, além da “Vigília Petroleira em Defesa da Petrobrás e da Bahia”, que percorreu todas as unidades da estatal no estado e diversos municípios denunciando a privatização da Petrobrás e as graves consequências para a Bahia.

O fato é que para a categoria petroleira e o povo baiano, a refinaria da Bahia será sempre Landulpho Alves. Neste contexto, a luta pela recompra da refinaria pela Petrobrás, se possível com transferência total de controle, segue firme.