“É preciso que a gestão de SMS vire a chave e entenda que estamos em um governo democrático e popular, com compromissos em reconstruir a Petrobrás e melhorar as condições de trabalho. Infelizmente não é isso que estamos vendo ainda acontecer na gestão de SMS”, lamentou o diretor da FUP, Raimundo Teles
[Da imprensa da FUP]
Durante a terceira reunião do Grupo de Trabalho paritário que trata das políticas de SMS e saúde mental dos trabalhadores do Sistema Petrobrás, os representantes da FUP cobraram empenho da empresa em mudar os rumos da gestão de saúde e segurança.
Como acordado nas reuniões anteriores, o debate sobre as duas grandes temáticas do GT está sendo intercalado. Seguindo esse critério, a Petrobrás e subsidiárias deveriam apresentar nesta quinta-feira (01/06) propostas de ações concretas em relação à pauta encaminhada pela FUP para as questões de SMS.
A empresa, no entanto, segue sem sinalizar mudanças efetivas na gestão de SMS, contrariando as expectativas da categoria, cujas demandas são diversas, dado que o desmonte herdado do governo Bolsonaro impactou sobretudo a saúde e a segurança das trabalhadoras e dos trabalhadores petroleiros.
“É preciso que a gestão de SMS vire a chave e entenda que estamos em um governo democrático e popular, com compromissos em reconstruir a Petrobrás e melhorar as condições de trabalho. Infelizmente não é isso que estamos vendo ainda acontecer na gestão de SMS”, lamentou o diretor da FUP, Raimundo Teles.
As devolutivas da empresa para os pontos da pauta que foram abordados nesta terceira reunião foram todas evasivas.
Sobre a cobrança da FUP de correção dos procedimentos de investigação e análises de acidentes, já que em diversas bases, as comissões estão sendo feitas por empresas terceirizadas, sem participação da estatal, nem de representações da CIPA e dos sindicatos, como prevê o Acordo Coletivo, a Petrobrás alegou que cumpre um padrão interno (PP150). Segundo a empresa, esse padrão prevê que terceirizadas realizem análises de ocorrências de menor complexidade em plantas que são afretadas ou operadas por contratadas.
A FUP questionou duramente a orientação do SMS e alertou que esse padrão é aplicado também nas refinarias. Os dirigentes sindicais reiteraram que qualquer acidente, por menor potencialidade de risco que apresente, seja em unidade própria ou terceirizada, é um fator de aprendizagem para evitar ocorrências de maior gravidade. Independentemente do grau de complexidade, todos os acidentes e incidentes devem ser apurados e analisados por equipes próprias da Petrobrás, com participação de membros da CIPA e dos sindicato local, como prevê o ACT. A FUP cobrou que os gestores cumpram o Acordo Coletivo, pois este precede qualquer padrão interno da companhia.
A FUP também tornou a cobrar a melhoria dos exames médicos periódicos, que sofreram uma drástica queda de qualidade. O que as empresas do Sistema Petrobrás praticam hoje é o mínimo do que a legislação estabelece. Além da redução do padrão e dos tipos de exame, não há rede credenciada qualificada e os trabalhadores são obrigados a realizar o periódico em seus dias de folga. A Petrobrás ficou de se manifestar sobre essa questão na próxima reunião do GT.
A qualidade da alimentação e do transporte dos trabalhadores foi outro ponto abordado pela FUP. Os gestores da Petrobrás afirmaram que esses temas estão sendo tratados nas comissões locais de SMS com os sindicatos. Os representantes da FUP ressaltaram a prioridade que a empresa deveria dar à retomada do programa de alimentação saudável em todas as unidades, tanto em terra, quanto nas plataformas, pois trata-se de uma condição elementar de trabalho. A categoria está sofrendo as consequências do desmonte desse programa, sendo exposta a refeições de péssima qualidade e muitas vezes deterioradas.
A mesma prioridade dever ser aplicada à solução dos problemas com transporte de empregados, pois trata-se de questão de segurança, já que são várias as denúncias de Vans e de outros veículos contratados que colocam em risco a vida dos trabalhadores, principalmente, nos grandes centros urbanos. A FUP reforçou que não basta tratar localmente essas questões. É preciso mudar a política de contratação da empresa, que é centralizada na sede, seguindo critérios que visam muito mais a economia de custo do que a qualidade de vida e a segurança dos trabalhadores.
A próxima reunião do GT está prevista para a semana do dia 12 de junho.
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