Saiba por que Temer e Bolsonaro serão os culpados pela alta dos preços dos alimentos
07 março 2022 16:19
Desmonte dos projetos do PT de autossuficiência em nitrogenados com fechamento de fábricas e arrendamentos abaixo do preço diminuíram e encareceram produção de fertilizantes, aumentando a dependência da Rússia
[Por Rosely Rocha, da Comunicação da CUT]
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia colocou em destaque uma preocupação de autoridades brasileiras com a possível disparada dos preços ou até mesmo falta de alimentos no país. Tudo isso porque o Brasil importa 85% dos fertilizantes usados no país e a Rússia responde por 23% dessas importações.
Mas, o problema dos brasileiros, que já estão pagando preços absurdos pelos alimentos, não é a guerra. Independentemente do conflito iniciado pelo presidente russo Vladimir Putin, que pode reduzir ou zerar as importações, a responsabilidade maior da dependência do Brasil dos fertilizantes importados é dos governos do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) e de Jair Bolsonaro (PL). O primeiro iniciou o desmonte da produção no Brasil, em 2016 e o segundo prosseguiu arruinando o setor, fechando, arrendando ou paralisando obras das fábricas de fertilizantes.
Há dois anos o secretário de Comunicação da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Gerson Castellano, já havia alertado à reportagem do Portal CUT que o fechamento da Fábrica de Fertilizantes de Araucária, no Paraná (Fafen-PR), o arrendamento das unidades de Sergipe e Bahia e a paralisação das obras da fábrica em Mato Grosso do Sul, com mais de 85% prontas, provocariam o aumento dos preços dos alimentos, pela total dependência na importação do produto necessário à agricultura do país.
Para Castellano, principalmente o agronegócio não vai absorver os reajustes e vai repassar a alta dos preços ao consumidor, ou seja, os brasileiros que consumem proteína animal serão os que mais vão sofrer com o desmonte dos governos Temer e Bolsonaro.
“Antes da guerra o fertilizante teve aumento de 200% e o Brasil não sofreu o impacto por que já havia comprado o produto. O problema é que agora o preço já está em US$ 115 e a Rússia suspendeu a sua venda e a saída de grandes contairners por parte das empresas marinhas por causa das sanções impostas pelos EUA e Europa ao país”, conta o petroleiro.
O uso de fertilizantes na agricultura
Castellano explica que os nitrogenados, produzidos pela Fafen-PR, fechada em 2020 pelo governo Bolsonaro, eram utilizados principalmente na composição dos fertilizantes da agricultura familiar na produção de arroz, feijão, café, açúcar, cana, batata, milho e até soja, numa proporção menor do que os demais alimentos.
“O Brasil importa quase 75% dos nitrogenados, mas poderia ser totalmente autossuficiente se os governos Temer e Bolsonaro não tivessem desmontado o projeto do PT de aumentar a nossa produção, inclusive com uma nova fábrica em Minas Gerais, para diminuir a dependência estrangeira e o impacto do alto preço de fertilizantes, cuja cotação é em dólar”, diz.
Que é a população brasileira que vai pagar a conta desse processo de desmonte na produção de fertilizantes não tem dúvida alguma também o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar. Para ele é cinismo da ministra da Agricultura, Teresa Cristina, dizer que está preocupada com a insegurança alimentar dos brasileiros, diante da crise dos fertilizantes.
“Eles reconhecem um erro, mas não assumem que o erro é deles. Se nós tivéssemos mantido o plano de 2014 do ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, o Brasil seria autossuficiente, mas com a mudança ‘estratégica’ errada dos governos Temer e Bolsonaro somos ainda mais dependentes do exterior”