Segundo a Abiquim, os desinvestimentos da Petrobrás na produção e distribuição de gás natural prejudicaram bastante o ramo químico. Os empresários demonstraram preocupação com o fato da estatal não ter mais uma política de longo prazo para o setor e criticaram o fechamento e hibernação das fábricas de fertilizantes
[Da imprensa da FUP]
A diretora da FUP, Cibele Vieira, acompanhou a Confederação Nacional do Ramo Químico da CUT (CNQ) em reunião realizada segunda-feira, 19, pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) com Geraldo Alckmin, candidato a vice-presidente na chapa de Lula (PT). O encontro aconteceu em São Paulo e contou com a participação de diversas entidades do setor, entre elas federações e sindicatos de químicos da CUT e da Força Sindical.
Os empresários apresentaram propostas para a recuperação da indústria química, que foi fortemente impactada pela desarticulação do setor produtivo do país e pela ausência de uma política industrial nacional. Segundo a Abiquim, a extinção do Ministério da Indústria e Comércio e os desinvestimentos da Petrobrás na produção e distribuição de gás natural prejudicaram bastante o setor químico.
Além da falta de diálogo com o governo Bolsonaro, os empresários criticaram a ausência de uma coordenação para planejar investimentos no setor, desde a logística de distribuição de insumos, até as unidades de processamento. Eles ressaltam que os principais entraves enfrentados são os altos custos da energia e da matéria-prima e demonstraram preocupação com o fato da Petrobrás não ter mais uma política de investimento a longo prazo para o setor. Também criticaram o fechamento e a hibernação das fábricas de fertilizantes.
A Abiquim destacou a importância do gás natural não só como fonte de energia limpa, como também matéria-prima na transição para um padrão de produção sustentável e criticou o alto custo do produto no Brasil, cujo preço chega a ser três vezes superior ao praticado nos EUA, na Rússia, na China ou na Coreia.
Os empresários enfatizaram a importância do ramo químico para a retomada da indústria nacional, destacando que o setor representa 11% do PIB industrial e gera 2 milhões de empregos diretos e indiretos. No entanto, segundo a Abiquim, o Brasil utiliza apenas 70% da capacidade instalada da indústria química, pois 46% do mercado são ocupados por produtos importados. Se a indústria química elevar para 95% a sua capacidade de produção, isso significaria a criação de mais 30 mil novos empregos e o aumento de R$ 10,7 bilhões em geração de impostos federais, de acordo com a Associação.
Em sua conta no Twitter, Geraldo Alckmin afirmou que a retomada da industrialização é um dos principais desafios que ele e Lula enfrentarão, caso sejam eleitos.
Mas, há solução e ela passa por uma agenda de competitividade pautada em infraestrutura, crédito mais barato e reforma tributária. O Brasil tem pressa, vamos juntos com @LulaOficial ! #BrasilDaEsperança 📸 pic.twitter.com/TOOapeGfPw
— Geraldo Alckmin 🇧🇷 1️⃣3️⃣ (@geraldoalckmin) September 20, 2022
O presidente da CNQ, Geralcino Teixiera, afirmou, no instagram, que o ramo químico tem papel fundamental para a retomada de um projeto nacional de desenvolvimento, mas reiterou que a política industrial precisa ser acompanhada por geração de empregos dignos.
No início de agosto, diversas entidades sindicais do ramo químico divulgaram o documento intitulado “Pauta Conjunta para o futuro da Indústria Química no Brasil”, com propostas para a reindustrialização, tendo como foco a geração de empregos de qualidade e a construção de políticas públicas para reduzir as desigualdades no mercado de trabalho. O documento foi elaborado conjuntamente pela CNQ-CUT, FETQUIM, Intersindical, FEQUIMFAR, Força Química e Força Sindical.
Segundo a CNQ, os investimentos na indústria química brasileira atingiram em 2020 o menor patamar, desde 1995, girando em torno de US$ 300 milhões. Em 2012, o setor recebeu investimentos de US$ 4,8 bilhões. “A pauta unificada foi concebida justamente com o propósito de frear o projeto de desmonte e, sobretudo, iniciar um novo processo, a partir de novos paradigmas, abrangendo as necessidades da classe trabalhadora e a mudança no perfil das indústrias visando menores impactos socioambientais”, explicou a CNQ, em nota em seu site.