Em artigo publicado em seu blog, a conselheira eleita da Petrobrás, Rosângela Buzanelli, questiona o jogo de cena entre o presidente Bolsonaro e a gestão da Petrobrás diante da política de preços dos combustíveis
[Por Rosângela Buzanelli*]
Neste domingo (05/12), em mais uma de suas declarações inconsequentes, Bolsonaro disse ao site Poder360 que a Petrobrás vai começar a reduzir o preço do combustível nesta semana. A afirmação fez com que a companhia divulgasse logo na manhã seguinte um fato relevante. Sem citar nominalmente o presidente, a estatal informou que não antecipa decisões sobre reajuste nos valores dos combustíveis e negou que haja uma decisão tomada que ainda não tenha sido anunciada ao mercado.
Não é a primeira vez que Bolsonaro coloca a Petrobrás em maus lençóis com suas declarações e a empresa se vê obrigada a emitir um comunicado oficial. Há cerca de um mês, por exemplo, ao comentar sobre a greve dos caminhoneiros, ele disse que soube “extraoficialmente” que a Petrobrás iria reajustar os combustíveis dentro de 20 dias. A Petrobrás, rapidamente, teve que divulgar um comunicado esclarecendo o mercado e rebatendo a fala do presidente.
Poucos dias depois, ele disse que a Petrobrás é um problema e a chamou de “monstrengo”, admitindo estudos para privatizá-la. A estatal, mais uma vez, divulgou em seguida uma nota ao mercado comunicando que o governo não tem estudos nesse sentido.
Toda vez que Bolsonaro abre a boca, e o faz planejadamente para distrair a atenção do país – seu principal e exclusivo papel no governo -, cria constrangimentos e, no caso da petroleira, um grande problema para a companhia. Anúncios de decisões e fatos estratégicos devem ser feitos pela Petrobrás através dos canais estabelecidos para tal, conforme regulado pelos órgãos competentes. Mas exigir do atual presidente competência, conhecimento mínimo e observação a regras e leis realmente é exigir demais.
Insinua assim o presidente ter acesso a supostas decisões estratégicas e, portanto, a informações privilegiadas, divulgando-as, o que é gravíssimo, merecendo apuração.
Somente um presidente como o atual trataria a maior empresa do país e uma das maiores do mundo no setor, premiada e reconhecida internacionalmente, orgulho de todos os bons brasileiros e brasileiras, como um problema.
Diante de tantos fatos, responda você: quem é o verdadeiro problema nessa história, a Petrobrás ou o presidente da República?
*Rosângela Buzanelli foi eleita pelos trabalhadores para o Conselho de Administração da Petrobrás