Puxada por energia elétrica e combustíveis, inflação dispara em julho com maior alta desde 2002

O IPCA de julho foi de 0,96%, o maior já registrado no mês, desde 2002. De novo, a inflação é puxada por energia, gás de cozinha e alimentos e, nos últimos 12 meses, já beira os dois dígitos, com 8,99%, a maior alta em cinco anos. Salário cai, desemprego sobe e o governo Bolsonaro empurra o povo para a miséria

[Da redação da CUT, com edição e informações da FUP | Imagem: FUP]

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) distrai a atenção do país com mentiras e ameaças de impedir eleições em 2022, os índices econômicos, como os da inflação e desemprego, disparam sem que o governo tome quaquer providência.

Puxada pelos reajustes da energia elétrica e dos botijões de gás, a inflação acelerou em julho com alta de 0,96%, a maior para o mês desde 2002. A alta acumulada no ano é de 4,76% e a dos últimos doze meses alcança 8,99%, corroendo o poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras, em especial dos mais pobres que sentem mais a alta dos preços em itens essenciais para a sobrevivência, como luz, gás e alimentação.

Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em julho. A maior variação (3,10%) e o maior impacto (0,48 p.p.) vieram do grupo Habitação com a alta de 7,88% da energia elétrica.

Em segundo lugar, está o gás de cozinha, que subiu 4,17% no mês, após a Petrobrás aumentar pela sexta vez este ano o preço do produto nas refinarias. Resultado da política de reajustes que a gestão da empresa adotou em 2016, baseada no preço de paridade de importação (PPI), que a FUP e seus sindicatos combatem desde a implantação.

Levantamento feito pela subseção Dieese/FUP mostra que o preço do botijão de gás de cozinha já acumula altas de 20,89% em 2021 e de 29,29% nos últimos 12 meses. O diesel, por sua vez, subiu 25,78% em 2021 e 36,35% desde julho do ano passado.

A gasolina foi o combustível que mais aumentou: 27,51% em 2021 e 39,65% nos últimos 12 meses. Já o preço da energia elétrica subiu 9,41% desde janeiro deste ano e 20,09% nos últimos 12 meses. É o preço que a população paga pelo desmonte de empresas públicas estratégicas como os Sistema Eletrobras e Petrobras.

A alta de 7,88% na energia elétrica é resultado dos reajustes tarifários como os de São Paulo (11,38%) e também da bandeira tarifária vermelha 2 que  vigorou nos meses de junho e julho.

A partir de 1º de julho, houve reajuste de 52% no valor adicional dessa bandeira tarifária, que passou a cobrar R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos. Antes, o acréscimo era de R$ 6,243, diz o relatório do IBGE.

No mesmo grupo, os preços do gás de botijão (4,17%) e do gás encanado (0,48%) voltaram a subir pressionando o índice de inflação e derrubano o poder de compra das famílias, que também amargam com aumento do aluguel (0,93%), condomínio (0,66%) e das taxas de água e esgoto (0,33%) –  reajustes de 6,90% em Porto Alegre (3,19%) desde 1º de julho, e de 1,62% em Campo Grande (0,27%), ocorrido em 24 de julho.

A segunda maior variação (0,32 p.p.) foi registrada no grupo Transportes (1,52%), puxada pelas passagens aéreas (35,22% e 0,10 p.p.), transportes públicos (4,52%), transporte por aplicativo (9,31%) e ônibus urbano, que subiu 0,38% em decorrência do reajuste de 5,49% nas tarifas em Porto Alegre (5,06%), a partir de 2 de julho.

Os preços dos combustíveis (1,24%) também aceleraram em relação a junho (0,87%) – a gasolina registrou alta de 1,55%. No mês anterior havia subido 0,69%.

No grupo Alimentação e bebidas (0,60%) a alimentação no domicílio passou de 0,33% em junho para 0,78% em julho, principalmente por conta das altas do tomate (18,65%), do frango em pedaços (4,28%), do leite longa vida (3,71%) e das carnes (0,77%). No lado das quedas, destacam-se a cebola (-13,51%) batata-inglesa (-12,03%), e o arroz (-2,35%).

A alimentação fora do domicílio (0,14%) desacelerou em relação a junho (0,66%), principalmente por conta do lanche (0,16%) e da refeição (0,04%), cujos preços haviam subido 0,24% e 0,85% no mês anterior, respectivamente.

INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 1,02%, também bastante acima de junho (0,60%) e de julho do ano passado (0,44%). Agora, soma 5,01% no ano e 9,85% em 12 meses.

Segundo o IBGE, os produtos alimentícios subiram 0,66%, ante 0,47% no mês anterior. Já os não alimentícios foram de 0,64% para 1,13%.