É preciso recuperar o papel social da maior petrolífera da América Latina e devolver ao povo brasileiro uma empresa capaz de garantir a soberania nacional e o abastecimento de combustíveis com preços justos
Por Pedro Lúcio Góis e Silva* e Cibele Izidorio Fogaça Vieira**
Uma das primeiras medidas do governo Temer foi mudar a gestão da Petrobrás, indicando Pedro Parente para a presidência, e alinhar a estatal com os interesses do mercado, privilegiando importadoras em detrimento da própria Petrobrás, que reduziu sua produção para abrir mão intencionalmente de fatia de seu mercado, o que aumentou o impacto do preço internacional e do dólar nos preços nacionais em detrimento dos interesses maiores do povo brasileiro. Bolsonaro mantém exatamente a mesma linha e adicionou a distribuição de renda da população brasileira para acionistas através da política de distribuição de dividendos bilionária.
A partir daí, várias decisões foram tomadas no sentido de esvaziar o papel social da maior petrolífera da América Latina. A principal e mais dramática delas foi a adoção do PPI – Paridade de Preços de Importação, que atrelou os preços dos combustíveis nacionais ao preço do dólar e ao valor internacional do barril de petróleo.
Leia também: “A questão não é se as nacionalizações ocorrerão, mas quando”, afirma Bercovici
O resultado disso é que, apesar de sermos um país com capacidade de produção e refino virtualmente autossuficiente, nosso povo está amargando preços absurdos da gasolina, diesel e gás de cozinha. Esse último, diretamente ligado à alimentação do nosso povo, já ultrapassou a barreira dos cem reais em todo o território nacional. Tudo isso em meio à pandemia mundial da covid-19, o que torna tudo ainda mais desumano.
Tudo isso é resultado do projeto de privatização da Petrobrás, afinal, o governo força a estatal a agir como uma empresa privada. Por exemplo, enquanto o povo sofre com a crise nos preços dos combustíveis, os acionistas vão faturar mais de 60 bilhões de reais em lucros e dividendos em 2021.
É hora de reestatizar a Petrobrás! É momento de recuperar a estatal para o povo brasileiro e retomar sua função de abastecer o mercado nacional com preços justos, garantindo a soberania nacional. Defender a Petrobrás é defender o Brasil!
* Pedro Lúcio Góis e Silva é Diretor da Federação Única dos Petroleiros, do SINDIPETRO/RN e da CTB.
** Cibele Izidorio Fogaça Vieira é Diretora do Sindipetro Unificado-SP e da Federação Única dos Petroleiros.