DENÚNCIA

Plataforma P-50, na Bacia de Campos, provoca riscos à segurança e ao meio ambiente

Em documento a órgãos da administração pública, Sindipetro-NF pede interdição da embarcação, localizada na Bacia de Campos (RJ)  

O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) enviou ofício a órgãos e entidades da administração pública federal, estadual e municipal requerendo a imediata interdição administrativa da plataforma P-50, localizada na Bacia de Campos (RJ), até que sejam sanadas e restabelecidas as condições de continuidade operacional e de saúde, segurança e meio ambiente da unidade.

O Sindipetro-NF coletou diversas denúncias sobre riscos provocados pela P-50, plataforma que desde a última quinta-feira, 26, é operada pela empresa PetroRio (PRIO). .Os petroleiros apontam que a embarcação está em processo de degradação devido à falta de investimentos e de manutenção de sua estrutura e maquinário.

“Os turbo-geradores apresentam problemas no sistema de aquecimento de água, interferindo diretamente no mecanismo de separação e enquadramento de petróleo e água produzida e descartada. Além disso, o gerador de emergência e o gerador auxiliar estão com vazamentos no sistema de refrigeração, sendo um risco para a continuidade operacional em situações que exigem um tempo maior de utilização de tais equipamentos”, destaca o documento.

As más condições da plataforma ameaçam também o meio ambiente e a população a bordo. Foram encontrados furos na linha de descarte de água oleosa, ocasionando a aspersão de resíduos nocivos, com a contaminação do ar e de superfícies de contato.

Os descuidos com as condições estruturais da unidade se refletem na precariedade da habitação da tripulação a bordo, e nem mesmo os banheiros da embarcação estão aptos ao uso. Os registros apontam que, na localização do convés, do total de seis banheiros, apenas um resta como operacional. Já na localização do 2º piso do casario, de quatro banheiros, também apenas um está em funcionamento.

A P-50 está localizada no campo de Albacora Leste, descoberto pela Petrobrás em 2006, e adquirido pela PRIO, que na semana passada pagou a parcela restante de US$ 1,7 bilhão pelo campo. Com isso, a PRIO assumiu as operações da P-50 no mesmo dia em que o conselho de administração da Petrobrás aprovou a indicação de Jean Paul Prates para a presidência da companhia, sendo alvo de críticas da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Para o coordenador-geral do Sindipetro do Espírito Santo, Valnísio Hoffmann, “o processo de venda de Albacora Leste foi muito acelerado, nesta etapa final, e houve grande pressão por parte da PetroRio a  gerentes e órgãos fiscalizadores para conseguir liberações e licenças necessárias. Há informações de que várias pendências não foram cumpridas e mesmo assim a plataforma foi entregue à empresa”.

Segundo ele, outro fator que causou estranheza foi a exigência da PetroRio para que todos os trabalhadores da P-50 desembarcassem um dia anterior à posse de Prates na presidência da Petrobrás. “Fica nítido que havia receio do comprador de que a venda fosse reavaliada pela nova administração”, diz ele.

Hoffmann relata também a denúncia de um poço que não estava no contrato inicial e foi incorporado à plataforma. “É praticamente um brinde esse poço produtor. Temos comprovadamente um reservatório de pré-sal dentro do polígono de Albacora Leste com um poço já testado, tendo a sua produtividade comprovada. Esperamos que o novo presidente da Petrobrás investigue se houve alguma irregularidade e, em caso positivo, anule a transação. Não se pode vender no regime de Concessão o que está dentro do polígono de Partilha”.

Para garantir as condições operacionais da plataforma, a segurança e a saúde dos trabalhadores, o ofício encaminhado pelo Sindipetro-NF solicita atuação direta do Ministério Público do Trabalho, da Procuradoria e da Superintendência Regional do Trabalho do Rio de Janeiro; da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP); do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da direção da Petrobrás.

 

[Foto: Divulgação Petrobras]