Em encontro com os representantes das centrais sindicais, confederações e federações de trabalhadores do Brasil, Lula afirmou que a “centralidade da pauta” de seu terceiro governo, caso seja eleito, será a geração de emprego e renda
[Da imprensa da FUP, com informações da Rede Brasil Atual]
Em encontro nesta quinta-feira (14) com representantes de dez centrais sindicais brasileiras, Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à Presidência do país, recebeu a Pauta da Classe Trabalhadora, uma plataforma com propostas para geração de emprego e renda, reconstrução das políticas públicas e dos direitos dos trabalhadores. O documento foi aprovado por todas as centrais na Conferência da Classe Trabalhadora 2022 (Conclat-2022), realizada no último dia 7, e foi apresentado esta semana aos prlamentares e aos representantes do Judiciário. O pré-candidato a vice na chapa de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), também participou do encontro com os sindicalistas.
Dirigentes da FUP estiverem presentes, entre eles o coordenador geral da entidade, Deyvid Bacelar, que discursou no evento, ao lado de outros sindicalistas. Deyvid afirmou para Lula que “os petroleiros, os petroquímicos, os químicos” estão com ele e destacou a importância dos governos do PT para o fortalecimento das estatais, principalmente da Petrobrás, com impactos positivos em toda a cadeia produtiva do setor de óleo e gás do pais, como a indústria petroquímica e a indústria naval. O coodenador da FUP relembrou o passado de conquistas da Petrobrás, que, mesmo nas crises globais, quando o barril do petróleo ultrapassou os 100 dólares, a empresa garantiu o abastecimento da população com combustíveis nacionais e a preços justos, gerando empregos para o país e lucro para os acionistas.
“Nós sabemos a importância de Lula para a Petrobrás e para o páis. Lula pegou a empresa com um lucro liquido médio de 5 bilhões, fez um processo de capitalização que foi o maior da história do capitalismo, que levoeu a empresa ao lucro recorde de lucros de 20 bilhões de dólares. Haviam 34 mil trabalhadores e, em seu governo, chegamos a mais de 80 mil petroleiros. Antes de Lula, a indústria naval estava destruída, com cerca de 5 mil trabalhadores e chegamos a um pico de 87 mil trabalhadores. O maior navio petroleiro que temos no Brasil, o Zumbi dos Palmares, foi construído em um estaleiro em Pernambuco. Nós tínhamos geração de emprego, geração de renda a partir da Petrobrás. Tudo isso foi destruído, apequenaram a Petrobrás, transformaram ela em uma empresa exportadora de óleo cru e importadora de derivados. Tínhamos preços justos da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. Acreditamos que em 2023 vamos ter de volta a Petrobrás, com Lula presidente, abrasileirando os preços dos combustíveis, abrasileirando a Petrobrás para nós reconstruirmos o Brasil”, disse Deyvid. Veja abaixo a íntegra do discurso:
Em sua fala, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), Moisés Selerges, criticou o cenário atual de desindustrialização do país e o desemprego cada vez maior. “Em 2011, tínhamos 107 mil trabalhadores na base. Em 2022, nossa base foi reduzida para 68 mil trabalhadores. Ou seja, 37% dos empregos deixaram de existir. Ainda durante o governo de Lula, os salários tiveram um aumento de 11%. O Brasil necessita crescer e gerar emprego, então você vai voltar ao governo carregado os braços da classe trabalhadora.”
O presidente da CUT, Sergio Nobre, discursou em nome das centrais sindicais, reforçando o chamado para que o próximo 1º de Maio seja uma data histórica para a democracia e para os trabalhadores. “Se nós queremos preparar nossa vitória em outubro, precisamos trabalhar muito a partir de agora. Na nossa agenda, iremos construir um grande 1º de maio em todas as capitais. Em São Paulo, iremos à Praça Charles Muller, com Lula e Alckmin. Vamos sair daqui para organizar os comitês de luta e dar consciência à população”, concluiu.
União e reconstrução
Em seu discurso, Lula lembrou do papel importante exercido pelas centrais sindicais durante os governos do PT. Ele relatou as diversas discordâncias em debates e as cobranças feitas pelas trabalhadores, em Brasília. “Nós conversamos muitas vezes, mesmo discordando muito, estabelecemos um governo que, em 12 anos, geramos 22 milhões de empregos com carteira assinada. Pela primeira vez na história, os 10% mais pobres tiveram, proporcionalmente, mais renda que os 10% mais rico”, disse o ex-presidente.
O petista afirmou ainda que, “graças as centrais sindicais”, o Brasil provou que aumentar o salário mínimo não causa inflação. Pelo contrário, aquece a atividade econômica e ajuda a criar empregos. Lula prometeu estudar o documento entregue pelas entidades e reunir a sociedade para construir um projeto de país.
“Nós vamos estudar esse documento e chamar empresários para conversar. As universidades vão participar. Dizem que os trabalhadores são contra o crescimento das empresas, mas não percebem que o trabalhador quer é o crescimento do empresário, para ter mais salário e emprego. Queremos chamar as centrais, mas também o presidente da CNI, da Fiesp e da Febraban, para saber o compromisso de cada um em reconstruir esse país, em combater a pobreza, em melhorar a vida do povo brasileiro. Todos irão falar, mas os trabalhadores estarão na mesma mesa, para o povo voltar a ser feliz”, acrescentou.
O ex-presidente afirmou que terá como a “centralidade da pauta” de seu eventual terceiro governo a geração de emprego e renda. “O emprego é sagrado. Quando a gente tem um emprego, que a gente ganha um salário que dá para levar comida para nossa casa, quando a gente tem um salário que dá para cuidar dos nossos filhos, a gente tem uma carteira assinada, seguridade, Previdência, parece que a gente está no céu. Quando a gente está desempregado, a vida vira uma desgraça”.
Lula disse ainda que o governo Temer e a gestão de Bolsonaro destruíram a soberania. “A nação precisa ser soberana, cuidar do seu próprio povo. A maior fotografia da soberania é a qualidade de vida do povo. Então, como se falar em soberania quando somos o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, mas com mais de 100 milhões de brasileiros com insegurança alimentar.”
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) classificou como “dia histórico, reunindo as maiores centrais sindicais do país” a iniciativa das centrais. “Todas as vezes em que o Brasil estava em risco, o país se uniu. Hoje, temos um governo que odeia a democracia e admira a tortura. É nesse momento de fome, desemprego e 660 mil mortos que vamos nos reerguer e reconstruir o Brasil”, disse. Em seguida, Alckmin celebrou o nome do petista: “A luta sindical deu ao Brasil o maior líder popular desse país, Lula”.
O encontro de Lula e Alckmin com os sindicalistas ocorreu um dia após a direção nacional do PT aprovar proposta de revogação da “reforma” trabalhista no programa da federação partidária que formará com PV e PCdoB. A opção pela palavra “revogação” teve apoio de todas as correntes do partido.