FUP propõe retomar parceria histórica no campo do desenvolvimento social junto à Petrobrás e pleiteia participação nos Programas Autonomia e Renda e ALFA-EJA Brasil. O primeiro, voltado para a capacitação profissional e o segundo, com foco na diminuição do analfabetismo e na elevação da escolaridade.
Diretores da FUP e seus Sindipetros reuniram-se nesta terça-feira, dia 6 de agosto, com a gerência de Responsabilidade Social da companhia representada por José Maria Rangel juntamente com o secretário do ministério do Trabalho, Qualificação, Emprego e Renda, Magno Lavigne e ainda com a participação do ministério da Educação, representado por Zara Figueiredo, secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão.
Marcela Levigard, gerente de Projetos Sociais da Petrobrás apresentou os objetivos dos dois programas. O primeiro Autonomia e Renda, como o nome já diz, tem foco na capacitação profissional para pessoas moradoras de localidades próximas das operações da Petrobrás em sete estados, visa a ampliação de oportunidades de empregabilidade no Setor de Óleo e Gás. E já conta com a parceria dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia e com o SESI-SENAI.
Diretores da FUP pontuaram aspectos relevantes, característicos de quem conhece a prática da relação com as comunidades do entorno das bases da Petrobrás. Ou seja, são os sindicatos que estão na ponta desse processo e por conhecerem a realidade apontaram questões que devem ser levadas em consideração, como a garantia de inclusão de pessoas que fazem parte dos grupos minorizados, o cuidado com a interferência de associações clandestinas que se aproveitam da vulnerabilidade da população e atenção ao processo seletivo, já que é fato o elevado índice de falta de qualificação básica por parte de quem irá receber qualificação de nível técnico.
Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP destacou a importância desses programas se concretizarem e serem conduzidos paralelamente com programas de investimentos realizados principalmente nas regiões onde houve venda de ativos da companhia, ação promovida pelo último governo privatista. “Estamos diante de uma grande oportunidade, é tempo de fomentar a qualificação profissional e a elevação de escolaridade, e para completar o ciclo virtuoso, é fundamental o investimento estar incluído.”
Esse programa beneficiará moradores dos municípios localizados nas proximidades das operações da Petrobrás nos estados de Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. O critério de escolha dos locais foi questionado pelos dirigentes sindicais e em resposta de José Maria, enfatizou que esses programas são imprescindíveis justamente nas regiões em que a Petrobrás saiu, onde os desinvestimentos aconteceram e deixaram uma lacuna no desenvolvimento social local. “A gerencia de Responsabilidade Social está olhando para áreas que ainda não foram contempladas, como é o caso da Lubnor que pertence a uma área que vinha sofrendo um processo de desinvestimento e que agora recebe um projeto específico para se reerguer.”
Para o secretário Magno Lavigne, a reunião entre a Petrobrás, ministério do Trabalho, ministério da Educação e os trabalhadores representados pela Federação Única dos Petroleiros é importante para discutir com os trabalhadores e com a Petrobrás a questão da qualificação profissional da colocação e da recolocação dos trabalhadores do setor petróleo, “Nossa estrutura está completamente à disposição para construir essas parcerias, porque com os trabalhadores e com a Petrobras, nós vamos conseguir melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas.”
Magno Lavigne, secretário do ministério do Trabalho, Qualificação, Emprego e Renda
ALFA-EJA Brasil
ALFA-EJA Brasil, em parceria com o Instituto Paulo Freire (IPF), foi o segundo programa apresentado durante a reunião. Seu objetivo é contribuir com a redução do analfabetismo e a elevação da escolaridade, ao conectar a EJA (Educação de Jovens e Adultos) ao mundo do trabalho, aos direitos humanos, à cultura digital, às questões ambientais. O projeto pretende articular Estado e Sociedade Civil e fortalecer as políticas públicas da EJA no Norte e Nordeste.
O programa tem semelhanças com o extinto MOVA Brasil, que foi implementado em 2003 pela Petrobrás, em uma parceria inédita com a FUP e seus sindicatos e o IPF. O projeto, que teve duração de 12 anos, foi considerado uma das mais importantes experiências em responsabilidade social da estatal, que resultou em cerca de 300 mil jovens e adultos alfabetizados e mais de 10 mil educadores formados em 692 municípios de 12 estados das regiões Norte, Nordeste e Sudeste do país.
Os sindicatos da FUP tiveram papel fundamental no êxito do MOVA, pois eram responsáveis por fazer a articulação social com as comunidades e organizações locais, viabilizando diversas outras parcerias na implementação de políticas públicas que transformaram a vida de milhares de famílias nas regiões mais pobres do país.
Paulo Neves, diretor de Comunicação da FUP, que foi um dos articuladores do projeto na região Norte, recordou o quanto a participação das entidades sindicais petroleiras contribuiu para os resultados positivos do MOVA Brasil. “A Petrobrás precisa ser um instrumento de redução das desigualdades regionais e quebrar a lógica de concentração de oportunidades do eixo sul e sudeste é imprescindível”, ressaltou.
A secretária do ministério da Educação, Zara Figueiredo, aproveitou a reunião para mostrar dados do IBGE sobre o índice de pessoas não alfabetizadas no Brasil o que justifica a urgência de se implementar projetos como o ALFA-EJA Brasil. “A Educação de Jovens e Adultos é uma das políticas mais desafiadoras da educação brasileira, neste momento há necessidade de uma política multicêntrica que atinja os vários perfis incluídos nos 11.4 milhões de pessoas não alfabetizadas.” É o que o governo federal está fazendo, já que envolve a participação social e os movimentos sociais populares, ou seja, tem a sociedade civil organizada inserida nos seus programas.
Uma crítica construtiva foi levantada pelo lado da Federação, os diretores lembraram que a Petrobrás deve seguir o exemplo do governo federal e, adotar esse mesmo modelo que visa a participação social, que articula com igrejas, terreiros de Candomblé, associações e assentamentos, para a formação das turmas e dos educadores. Modelo idêntico ao que funcionou no projeto MOVA Brasil.
Os encaminhamentos definidos ao final da reunião, seguiram proposta do gerente de responsabilidade social, com o agendamento de encontros entre o Instituto Paulo Freire, FUP e Petrobrás para conhecimento das diretrizes que alinham o programa ALFA-EJA Brasil. E também a realização de novas reuniões com representantes das secretarias dos ministérios do Trabalho e Educação, com o intuito de firmar novas parcerias e detalhar seus processos.
José Maria destacou a importância que a Petrobrás tem no desenvolvimento social do país. Ele ressaltou que sua tarefa hoje como gerente de Responsabilidade Social da empresa dá continuidade à missão que assumiu enquanto petroleiro, que é a de contribuir para diminuir a enorme desigualdade social que, infelizmente, ainda é realidade no Brasil.
por Maria João Palma