Luta pela reestatização

Petrobrás assina acordo com Mubadala para possíveis investimentos em biorrefino; FUP reivindica reestatização da RLAM

Foto: divulgação Petrobrás.

Gestão da Petrobrás assinou acordo com o Fundo Mubadala para eventuais investimentos conjuntos em biorrefino; FUP reivindica reestatização da refinaria baiana, que pertence ao fundo árabe

[Da Comunicação da FUP]

A Petrobrás anunciou nesta segunda-feira (04/09) que assinou um memorando de entendimentos com o fundo Mubadala, com o objetivo de desenvolver estudos sobre futuros negócios na área de biocombustíveis. O acordo foi firmado pelo presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates e o vice-CEO do grupo Mubadala, Waleed Al Mokarrab Al Muhairi, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

Segundo informou a Petrobrás em nota, os acordos “são direcionados a estudos de possíveis negócios e projetos nas áreas de exploração e produção, transição energética, refino, petroquímica, energia renovável, hidrogênio, amônia, captura de carbono e biocombustíveis”.

O Fundo Mubadala é um gigante do investimento internacional, dono da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, administrada pela Acelen, (empresa criada pelo Mubadala) e foi rebatizada de Refinaria de Mataripe. A unidade, que responde por significativa parcela da capacidade de refino do Brasil, foi comprada pelo fundo em 2021, durante o processo de privatização lesiva iniciado no governo Bolsonaro, denunciado e resistido pela Federação Única dos Petroleiros (FUP). A FUP defende que o estado brasileiro reestatize a refinaria, posição que também foi defendida pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira neste domingo (3). Silveira afirmou que a Rlam “é um ativo histórico da Petrobrás que nunca deveria ter sido vendido”.

Luta pela reestatização

A luta da categoria petroleira é para que a Refinaria Landulpho Alves (Rlam) volte a ser um ativo da Petrobrás. “A FUP entende que o processo de crescimento da capacidade de refino da Petrobrás passa necessariamente pela reintrodução da Rlam aos ativos da empresa, que voltaria a ter o controle da refinaria baiana”, afirma o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.

 

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Uma publicação da agência internacional Reuters desta segunda-feira, afirma que segundo fonte consultada pela reportagem, o governo Lula “estuda recomprar a refinaria desde o primeiro dia” e que os acordos assinados neste final de semana poderiam ser uma ponte nesse sentido. Esse objetivo está em cima da mesa desde o início da campanha eleitoral e sempre foi defendido pela FUP.

Patrimônio baiano e do Brasil

Rlam, patrimônio do povo baiano e brasileiro, foi entregue pelo governo Bolsonaro em 2021. Foto: divulgação

Com 6,5 km² de área, a Rlam tem capacidade de produção de 377 mil barris/dia de produtos de alto valor agregado. Além de GLP, gasolina, diesel e lubrificantes, a refinaria é a única produtora nacional de food grade, uma parafina de teor alimentício utilizada para fabricação de chocolates, chicletes, entre outros, e de n-parafinas, derivado utilizado como matéria-prima na produção de detergentes biodegradáveis.

No que diz respeito aos impactos da privatização no preço dos combustíveis, para os consumidores do Estado da Bahia, a venda trouxe aumento nos preços dos derivados acima da média nacional. O preço médio da gasolina vendida nos postos de combustíveis do estado da Bahia superaram a média de preço nacional. As refinarias que pertenciam à Petrobrás e foram privatizadas nos processos de desinvestimento, vem praticando preços, em média, 5,5% mais caros, em relação à estatal. Hoje o valor chega a ser 8,6% maior.

Nesse sentido, Bacelar afirma: “Vemos com bons olhos possíveis acordos para desenvolvimento de energias renováveis, que permitam avançar numa transição energética justa. Porém, para conseguir esses objetivos é fundamental avançar na reestatização da Rlam e dos ativos que foram privatizados de forma arbitrária e lesiva no desgoverno Bolsonaro, recolocando essas unidades na esfera da Petrobrás e a serviço de um projeto de desenvolvimento nacional”.