Painel da Plenafup celebra contribuições do Ineep e marca lançamento do 4º livro do instituto

Quatro livros, 84 vídeos, 12 podcasts e dezenas de artigos científicos depois de sua fundação há três anos, o Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) se tornou referência obrigatória em qualquer debate que envolva o setor petróleo no Brasil.

[Por Vitor Menezes, da imprensa do Sindipetro NF]

A celebração foi feita no final desta tarde, durante a IX Plenafup (Plenária da Federação Única dos Petroleiros), em painel que também serviu de lançamento da obra “A economia política dos hidrocarbonetos entre a pandemia e a transição energética” (que pode ser baixada gratuitamente aqui).

O painel, que teve como tema “Ineep: três anos transformando energia em conhecimento”, contou com as participações de Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP; Rodrigo Leão, diretor técnico do Ineep; William Nozaki, também diretor técnico do Ineep; Fátima Viana, diretora da FUP e diretoria política do Ineep; José Maria Rangel, ex-coordenador da FUP e idealizador do Ineep, atual diretor do Sindipetro-NF.

Bacelar abriu a moderação do painel registrando que “nos últimos três anos aprendemos bastante”, uma vez que “se não fosse o Ineep, não teríamos tanto conteúdo para compartilhar com a categoria e com a sociedade nos debates que envolvem o setor petróleo”. Essa contribuição também foi destacada por Fátima Viana, que lembrou a decisão tomada pela categoria petroleira, no Confup de 2017 (Congresso da Federação Única dos Petroleiros), de criação do instituto, efetivado em 2018, a partir de uma proposta inicial de José Maria Rangel.

“Foi uma das decisões mais acertadas e significativas do movimento sindical brasileiro no que diz respeito ao desenvolvimento nacional e compreensão estratégica da formação da categoria e de toda a classe do trabalho. Qualifica a nossa atuação e nos permite ultrapassar a agenda corporativa”, afirma Fátima.

O próprio Rangel explicou a motivação da criação do Ineep, que teve como embrião a formação de um grupo de estudos para subsidiar o debate técnico, estratégico e acadêmico acerca da Petrobrás e do setor petróleo, em um cenário de crescimento do desmonte da companhia. Uma das suas primeiras missões foi justamente subsidiar a elaboração da Pauta pelo Brasil, conjunto de reivindicações que sustentou uma greve petroleira não por questões salariais, mas em defesa da Petrobrás como empresa integrada, pública e socialmente comprometida.

“O Ineep está furando a bolha, traz as digitais da FUP e é um patrimônio que a categoria petroleira precisa cuidar. Terá um papel fundamental na reestruturação do país no setor energético e na formação de políticas rumo a uma Petrobrás que volte a ser dedicada ao desenvolvimento do Brasil”, disse Rangel.

Produções e contribuições

Pesquisadores do Ineep, Leão e Nozak fizeram uma breve panorâmica acerca das contribuições do instituto na produção de conhecimento e na presença no debate público acerca do setor petróleo. Rodrigo Leão também lembrou as motivações iniciais do Ineep, em um momento em que o movimento sindical petroleiro precisava “atingir um outro patamar” de qualificação para os embates em torno do tema do petróleo.

“A FUP entendeu que precisava se qualificar para participar desse debate. Começamos com quatro pesquisadores e nos transformamos em um instituto que hoje conversa com jornalistas do Estadão, da Folha, que publica artigos no Valor [Econômico]. Nem nós imaginávamos”, afirmou Leão, citando o modo como o instituto tem conseguido “furar a bolha”, como disse José Maria.

Essa produção, explicou Willian Nozak, está baseada em três premissas: tratar o petróleo não apenas como commodity, como normalmente é feito pelas empresas e até mesmo pela pesquisa acadêmica; entender que a Petrobrás não deveria ser considerada só uma empresa enxuta feita para acionistas; e considerar que o conhecimento na área não deve ser feito apenas para especialistas e o público de interesse mais próximo, mas para toda a sociedade.

Neste sentido, o Ineep tem atuado em pesquisas que envolvem a geopolítica do petróleo, os papéis das empresas de energia, os impactos do petróleo na macro-economia, os impactos fiscais e federativos da produção do setor e as transformações das matrizes energéticas. Este conjunto de linhas de pesquisa tem permitido a presença do instituto em diversos ambientes sindicais, acadêmicos e na imprensa.

“Temos dialogado com todos os portais da esquerda, sites especializados, além de termos nos transformado em fonte da grande imprensa”, disse Nozak, citando temas recentes com grande participação do Ineep nos debates, como a denúncia dos efeitos da Lava-Jato no desmonte do setor petróleo, a política de preços dos combustíveis, a venda de refinarias, as mudanças para novas fontes de energia e o acompanhamento dos balanços trimestrais da Petrobrás.

Livro

Lançado ao final dos debates do painel, o livro “A economia política dos hidrocarbonetos entre a pandemia e a transição energética”, foi organizado por William Nozaki e pelos pesquisadores Isadora Coutinho e Rafael da Costa, que também são autores de alguns capítulos, ao lado de Rodrigo Leão, José Luís Fiori, José Sérgio Gabrielli, Henrique Jäger, Eduardo Costa Pinto, Carla Ferreira, João Montenegro, Ana Carolina Chaves e Mahatma dos Santos. O prefácio foi assinado pela deputada federal Lídice da Mata. A obra foi editada pela Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais).

Com 156 páginas, o livro é integrado pelos blocos “Pandemia, geopolítica e transição energética”, “Estratégias nacionais para a transição energética”, “Estratégias empresariais para a transição energética”, “Pandemia e preço internacional do petróleo”, “Pandemia e preço nacional de derivados” e “Abertura do mercado brasileiro de óleo, gás e biocombustíveis”.