Apesar da sensação de que o pior já passou, o Brasil alcançou nesta sexta-feira, 08, a triste marca de 600 mil mortos pela Covid-19 e segue ainda com uma média de quase 500 óbitos por dia
[Da redação da CUT]
A negligência e o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) no enfrentamento à pandemia de Covid-19, que chamou de ‘gripezinha’ e, por isso, demorou meses para comprar as vacinas, custou a vida de grande parte dos 600 mil brasileiros e brasileiras que poderiam ter sido salvos. E essa marca que o Brasil deve atingir nesta sexta-feira (8) coloca o país na lista de uma das nações que mais fracassaram no combate à doença.
Desde o começo da crise sanitária até os dias de hoje, Bolsonaro é contra a medidas restritivas como o distanciamento social, uso de máscara e até fez campanha contra a vacinação, negando as evidências cientificas e propagando fake news sobre medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19.
O resultado é que, apesar da sensação de que o pior já passou, o país totalizou nesta quinta-feira (7) 599.865 vítimas da doença desde o início da pandemia. São em média quase 500 óbitos por dia.
Mesmo com o avanço da vacinação e a queda de infectados, especialistas alertam para o risco do surgimento de variantes.
A média móvel de mortes teve uma queda de 22% em relação ao dado de duas semanas atrás, menor valor desde 13 de novembro. Já a média de casos é de 15.205 infecções por dia, redução de 53% também em comparação à situação de duas semanas atrás.
Para os especialistas, o que explica essa tragédia é ausência de uma política nacional de prevenção, controle e segurança por parte do governo Bolsonaro, onde estados e municípios não apresentaram conduta baseada em critérios uniformes orientados pela ciência.
Além disso, muitos governos locais passaram a abandonar o isolamento social e flexibilizar a economia, reabrindo lojas de rua, restaurantes, serviços como salão de cabeleireiros e shoppings. Diante deste cenário, os especialistas falam que esse número pode ser ainda maior, pois há subnotificações de mortes.
“Liberou geral” pode fazer curva subir
As cenas de aglomerações sem o uso da máscara nos estádios de futebol e cidades cogitando o fim do uso obrigatório de máscaras, espaços de lazer liberados em condomínios, o país pode fazer a curva da doença subir, segundo os especialistas.
Este ano, o país teve uma queda significativa nos números de óbitos, que chegaram a 4 mil mortes por dia no auge da pandemia e ao dramático platô de mil vidas perdidas diariamente durante vários meses.
Hoje, mais da metade dos municípios brasileiros celebra o fato de não ter registro de óbitos, graças ao avanço da vacinação. No entanto, especialistas dizem que o ‘liberou geral’ que muitos querem para ontem pode colocar a perder esse quadro que, finalmente, parece caminhar para a redenção pandêmica coletiva.
Mais de 70% das cidades de SP não registram morte
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo informou que mais de 70% das cidades do estado não registraram morte por Covid-19 na última semana.
Cerca de 467 municípios não tiveram óbitos pela doença durante esse período, resultado do avanço da vacinação, que ultrapassou 60% da população com esquema vacinal completo, além da continuidade de medidas protetivas como o uso de máscara facial.
Os índices de ocupação dos leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) para Covid-19 no estado também caíram: atualmente, está em 31,5%, o menor desde 2020.
De acordo com a secretaria, foram registrados 3.765 novos casos e 143 óbitos pela doença nas últimas 24 horas no estado.