Em meio aos riscos de desabastecimento de fertilizantes que o Brasil vive por conta da dependência de importações do insumo produzido pela Rússia, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, fez um pronunciamento esta semana, que soou como mea culpa. Ela afirmou que os governo tomou a decisão equivocada ao paralisar a produção nacional de fertilizantes, quando a gestão da Petrobrás decidiu fechar e vender suas fábricas.
A ministra reconheceu que a autossuficiência na produção do insumo é uma questão de segurança alimentar e até de segurança nacional. “Por que tomamos lá no passado a decisão equivocada de não produzir fertilizantes?”, questionou. “No passado, a decisão era de importar pois era mais barato. Mas o Brasil precisa tratar esse assunto como segurança nacional e segurança alimentar”, chegou a afirmar a ministra.
Não é de hoje que a FUP e seus sindicatos vêm alertando para os prejuízos causados pelo desmonte do Sistema Petrobrás, como desabastecimento e aumento dos preços dos derivados de petróleo, em função da venda de ativos estratégicos, como as refinarias e as plantas de produção de fertilizantes nitrogenados (FAFEN) e de xisto (SIX).
Em sua conta no Twitter, o diretor da FUP, Gerson Castellano, um dos mil trabalhadores demitidos após a Petrobrás fechar a Fábrica de Fertilizantes em Araucária, no Paraná, explicou didaticamente como o Brasil chegou a esta situação.
Longo mas importante fio sobre os fertilizantes: 3 são os componentes principais para os fertilizantes básicos. O famoso (para alguns) NPK, que são o N=Nitrogênio , o P=Fósforo e o K=Potássio. Aqui no Brasil temos também a possibilidade do Xisto Agrícola, que é um projeto (1)
— Gerson Castellano (@CastellanoFUP) March 2, 2022
Em entrevista à TV 247 na manhã desta sexta-feira, 04, o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, classificou como cínico e incompetente o governo Bolsonaro, que abriu mão das fábricas nacionais de fertilizantes, deixando o país refém das importações, e agora posa de vítima da situação.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já vinha se posicionando publicamente sobre sua intenção em rever as privatizações e a política de reajuste dos combustíveis, caso seja eleito presidente, também usou sua conta no Twitter para avisar a ministra Tereza Cristina sobre quem são os responsáveis pela situação extremamente vulnerável em que o Brasil se encontra por conta da dependência das importações de fertilizantes. “Foram os governos de Temer e Bolsonaro que erraram, não o Brasil, fechando fábricas de fertilizantes na Bahia, em Sergipe e no Paraná”, afirmou.
“Também abandonaram a construção de novas fábricas de fertilizantes em Minas e no Mato Grosso do Sul. O governo atual aprofunda a dependência de derivados de petróleo importados, como fertilizantes e combustíveis, ao mesmo tempo que destrói empregos desmonta o setor no Brasil”, postou Lula.
Foram os governos de Temer e Bolsonaro que erraram, não o Brasil, fechando fábricas de fertilizantes na Bahia, em Sergipe e no Paraná. https://t.co/axjFeyEPfg
— Lula (@LulaOficial) March 4, 2022
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