Soberania alimentar

Luta e mobilização política da FUP reforçam aposta da Petrobrás no setor de fertilizantes

A Petrobrás dá sinais claros de retorno ao setor de fertilizantes, um passo estratégico para fortalecer a soberania agrícola do Brasil. A Federação Única dos Petroleiros (FUP), em articulação com o campo político progressista, tem desempenhado papel central nessa luta, destacando a importância do engajamento de diferentes setores sociais e econômicos. O tema ganhou força após o senador Rogério Carvalho (PT/SE) defender no Senado a reativação da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN) em Sergipe, ressaltando seu papel crucial para reduzir a dependência externa de insumos agrícolas.

O Brasil, que importa mais de 85% dos fertilizantes que consome, enfrenta desafios crescentes com a instabilidade geopolítica nos países fornecedores. O retorno das operações das FAFENs é visto como essencial para a segurança alimentar e a geração de empregos, consolidando o setor como uma prioridade nacional. A reativação da FAFEN Sergipe pode gerar mais de 5 mil empregos diretos e indiretos e fortalecer a agricultura familiar, base da soberania alimentar.

 

Leia abaixo matéria completa sobre a fala do senador Rogério Carvalho (PT/SE) publicada no jornal digital Hora News.

 

Senador Rogério Carvalho encabeça luta pela retomada das operações da FAFEN em Sergipe

Nesta quarta-feira, 27, o senador Rogério Carvalho (PT/SE) utilizou a tribuna do Senado Federal para defender a retomada das operações da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN) em Sergipe pela Petrobras. Em seu discurso, o parlamentar destacou a importância estratégica da produção nacional de fertilizantes para garantir a soberania alimentar e agrícola do Brasil.

“O Brasil importa atualmente cerca de 85,7% dos fertilizantes que utiliza. Apenas em 2023, foram mais de 40 milhões de toneladas, ao custo superior a 20 bilhões de dólares. Essa dependência externa é um risco à nossa soberania, especialmente em um cenário global marcado por instabilidades geopolíticas”, alertou o senador.

Carvalho ainda comentou sobre o impacto da guerra na Ucrânia no setor, com a disparada dos preços de insumos como ureia, fosfato monoamônico (MAP) e potássio, destacando que os maiores fornecedores de fertilizantes para o Brasil – Rússia e China – estão em regiões politicamente instáveis, o que aumenta a vulnerabilidade do país. Por essa razão, ele acrescentou que a FAFEN em Sergipe é um patrimônio estratégico para o estado e para o país.

“Essa unidade produziu, em seu auge, mais de 400 mil toneladas de amônia e 600 mil toneladas de ureia por ano. É inaceitável que ela permaneça inativa, enquanto o Brasil segue dependente das importações”, afirmou.

Consequências da paralisação

Outro ponto destacado pelo senador Rogério tem relação com o histórico de paralisações da fábrica, que começou em 2019, durante o governo Bolsonaro. Desde então, a unidade passou por sucessivas interrupções, culminando no encerramento do contrato com a Unigel em 2023. Essa instabilidade, segundo Carvalho, resultou em grave impacto socioeconômico no estado de Sergipe, especialmente no município de Laranjeiras, onde os empregos no setor de fertilizantes caíram de 406, em 2015, para apenas quatro, em 2023.

“Essa fábrica representa mais do que números. Ela é símbolo de desenvolvimento e soberania nacional. Cada paralisação significa não apenas perdas econômicas, mas um golpe na esperança de milhares de trabalhadores e suas famílias”, enfatizou.

Importância na geração de emprego e renda

Ainda em seu discurso, Rogério Carvalho apontou que a retomada das atividades da FAFEN pode gerar 1.500 empregos diretos e até 4.000 indiretos, além de um potencial de arrecadação de ICMS superior a 50 milhões de reais por ano.

“Isso é algo urgente e de interesse do Brasil, do agronegócio e de um dos setores mais pujantes e importantes da economia — a agropecuária e a agricultura —, porque destaca a relevância das fábricas de fertilizantes instaladas no país. Por isso, é fundamental ressaltar que a agricultura familiar, os pequenos e médios agricultores são os principais beneficiados por essas indústrias”, ressaltou.

“Diferentemente das grandes exportadoras de grãos, que conseguem realizar acordos de permuta, trazendo fertilizantes e exportando grãos, os pequenos e médios produtores não dispõem dessa estrutura. Para eles, contar com fábricas nacionais de fertilizantes não é apenas importante, mas essencial para sua sustentabilidade e competitividade no mercado”, acrescentou.

Desse modo, ele comemorou a inclusão do setor de fertilizantes no novo Plano Estratégico da Petrobras (2024-2028) e cobrou celeridade nos investimentos.

“A FAFEN é rentável e é nossa. É hora de transformar essa afirmação em realidade, garantindo sua operação contínua e sustentável. Não podemos mais aceitar o ciclo perverso de aberturas e fechamentos. O Brasil precisa de uma política permanente para o setor de fertilizantes, imune às mudanças de governo”, concluiu o senador.

Foto: Cinform online