A defesa da Petrobrás tem que ser uma “briga nacional”, de toda a sociedade, disse o ex-presidente, em vídeo enviado à Plenafup. “A Petrobrás não é de um presidente, não é de um sindicato, não é de uma categoria, a Petrobrás é um patrimônio de 213 milhões de brasileiros”, afirmou Lula.
[Da imprensa da FUP]
Em vídeo enviado à IX Plenária Nacional da FUP, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil vai voltar a ser um país soberano e que a Petrobrás voltará a ser um dos instrumentos que vai garantir a soberania nacional. O evento, que teve início na quinta-feira, 12, e prossegue até domingo, 15, está acontecendo virtualmente, com participação de cerca de 150 petroleiros e petroleiras de vários estados.
Lula ressaltou a importância do tema da plenária, “Energia para reconstruir o Brasil”, afirmando que a energia tem que ser prioridade na discussão do desenvolvimento do país. “Sem energia, nenhum país do mundo será desenvolvido. E no Brasil, nós temos o privilégio de discutir que tipo de energia nós queremos”, observou, lembrando que o país tem autossuficiência em petróleo e um potencial extraordinário em fontes de energia limpa, citando a hídrica, a biomassa e a eólica.
“O problema do Brasil não é a dificuldade de escolher qual será a sua matriz energética e sim utilizar todas para explorar da melhor forma possível o que for mais importante para o país”, afirmou, ressaltando a importância dos Sistemas Petrobrás e Eletrobrás.
“É com muita tristeza que eu vejo a destruição de um patrimônio, de um símbolo da nossa soberania, que é muito importante para o crescimento do país, que é a Petrobrás, empresa que foi criada com muita luta, com muito desafio, com muita oposição desde 1953”, comentando a resistência da elite brasileira, que foi contra a criação da estatal e não queria que o Brasil tivesse autonomia na exploração do petróleo.
Lula lembrou da importância do fortalecimento da Petrobrás em seu governo, o que possibilitou não só a autossuficiência do país na produção de petróleo, como a descoberta do pré-sal, “a mais importante descoberta, da mais importante jazida de petróleo do século XXI”. O ex-presidente enfatizou o orgulho de ter contribuído para que a Petrobrás se transformasse numa gigante do setor energético, que passou a influir na geopolítica mundial do petróleo.
“Quando descobrimos o pré-sal e falamos que o pré-sal seria o nosso passaporte para o futuro é porque imaginávamos que os royalties do petróleo seriam destinados 75% para investimentos em educação, em saúde, em ciência e tecnologia, é porque nós criamos um fundo para que o povo brasileiro pudesse ter certeza de que todos iriam ganhar com a descoberta do petróleo”, afirmou Lula, destacando que o projeto era transformar o Brasil em exportador de derivados e não em exportador de óleo cru. “Hoje, estamos importando gasolina, estamos importando óleo diesel dos Estados Unidos, quando o Brasil poderia estar exportando derivados de petróleo para o mundo inteiro”.
O ex-presidente demonstrou indignação e profunda tristeza ao falar sobre Petrobrás atual, que está “sendo desmanchada e vendida aos pedaços”, enquanto o país importa “produtos que antes exportávamos”. “Estão destruindo, estão desvalorizando a Petrobrás, não só do ponto de vista financeiro e da sua importância científica e tecnológica, mas do ponto de vista até moral. A Petrobrás passou a ser uma empresa comum, uma empresa que não faz os investimentos necessários”, afirmou, destacando a importância dos investimentos feitos em seu governo para que a empresa pudesse descobrir o pré-sal.
Emocionado, Lula lembrou que, quando foi informado sobre a descoberta do pré-sal, ele não dormiu de tanta alegria. “Agora, tem várias noites que eu não durmo de tristeza”, afirmou o ex-presidente, ao comentar o desmanche da legislação do pré-sal e o desmonte do Sistema Petrobras, duas grandes e estratégicas riquezas nacionais, que estão sendo entregues às empresas estrangeiras. “Precisamos discutir com a sociedade brasileira o que a gente vai fazer com a Petrobrás, vamos ter que discutir muito seriamente como vamos reconstruir esse patrimônio brasileiro”, afirmou.
O ex-presidente encerrou sua explanação, ressaltando que a luta em defesa da Petrobrás tem que envolver toda a sociedade, tem que ser “uma briga nacional” para que todas as pessoas, de todas as classes sociais, em todos os cantos do país, da periferia aos bairros nobres, “saibam que a Petrobrás não é de um presidente, não é de um sindicato, não é de uma categoria, a Petrobrás é um patrimônio de 213 milhões de brasileiros”.