Lideranças sindicais ressaltam papel estratégico do INEEP no debate público sobre a Petrobrás e o setor energético

Painel da IX Plenafup comemorou os três anos do Instituto, com lançamento do quarto livro produzido pelos pesquisadores

[Da imprensa da FUP]

Com transmissão no Youtube, a IX Plenária Nacional da FUP realizou no final da tarde deste sábado, 14, cerimônia de comemoração dos três anos de criação do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP). O coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, destacou a relevância das contribuições do INEEP, não só subsidiando as lideranças sindicais da categoria petroleira, mas, principalmente, intervindo no debate público sobre o setor de óleo e gás, através de estudos e artigos produzidos pelos pesquisadores, que são hoje fontes de referência na academia e na mídia nacional.

A petroleira Fátima Viana, diretora da FUP e do Instituto, ressaltou que a criação do INEEP foi uma das decisões mais acertadas e significativas do movimento sindical petroleiro. “Demonstra o compromisso que temos com o desenvolvimento nacional, pois expressa a compreensão do papel do sindicalismo como instrumento de formação, que vai além do corporativo”, afirmou, chamando atenção para o caráter estratégico da criação do INEEP no debate de ideias.

“A construção do Instituto tem um sentido estratégico, qualifica nossas intervenções, mas vai além, pois rompe com os limites estreitos da agenda corporativa, que é importante, mas não pode ser exclusiva. A disputa de conhecimento é nesse momento uma das frentes mais decisivas na luta de classes da atualidade”, destacou Fátima.

Enfrentamento ao desmonte causado pelo golpe

O ex-coordenador da FUP, José Maria Rangel, principal idealizador do INEEP, lembrou a dificuldade do momento político que inspirou a criação de uma entidade de pesquisa que pudesse subsidiar a classe trabalhadora com estudos técnicos e acadêmicos sobre a importância da Petrobrás e do setor energético. “A Petrobrás estava sendo bombardeada pela Lava Jato e a legislação do pré-sal, sendo desmontada na sequência do golpe de 2016 e precisávamos sair das palavras de ordens e partir para o debate técnico, que envolvesse toda a sociedade na luta em defesa da Petrobrás”, contou Zé Maria, explicando o contexto em que foi criado o Grupo de Estudos Estratégicos e Pesquisa para o Setor de Óleo e Gás (GEEP), núcleo embrionário que antecedeu o INEEP.

A criação do Instituto foi aprovada por unanimidade pelos petroleiros durante o XVII Congresso Nacional da FUP, realizado em agosto de 2017, e implementada no ano seguinte, com o seu lançamento, em março de 2018, no Rio de Janeiro. “Não imaginávamos que o INEEP estaria hoje furando a bolha direto”, destacou o petroleiro, lembrando que o Instituto tem as digitais da FUP, pois é um patrimônio da categoria petroleira, que terá cada vez mais relevância na formulação de propostas que recoloquem a Petrobrás e o setor energético no centro do desenvolvimento nacional.

Presentes à cerimônia, os diretores técnicos do INEEP, Rodrigo Leão e William Nozaki, agradeceram a parceria com a FUP e destacaram a importância do movimento sindical construir novos instrumentos de luta e interlocução com a sociedade. “Éramos um grupo pequeno de investigadores no começo. Por mais sonhador que a gente fosse, não imaginei estar aqui quatro anos depois. Grandes ideias surgem assim. A história do INEEP e a história do petróleo se parecem nisso, em ter sido puxadas por ideias de pessoas que foram acusadas até de malucas, por sonhar.  Sem o apoio de cada um dos pesquisadores e pesquisadoras e dos diretores e diretoras da FUP, isso não teria sido possível”, comentou Rodrigo.

Pensar o petróleo como recurso estratégico

Nozaki explicou que desde o início, os pesquisadores do INEEP estabeleceram como objetivo a produção de conhecimento sobre petróleo, gás e biocombustíveis não como meras commodities, mas como um recurso natural estratégico, fundamental para a soberania nacional e para a trajetória de desenvolvimento do Brasil. “A Petrobrás não deveria ser entendida como uma empresa enxuta para acionistas, mas uma empresa pujante, à serviço de toda a população brasileira. O conhecimento produzido não deve ser só aproveitado pela categoria ou pelos agentes interessados no mercado. A ideia é levar esse debate ao conjunto da sociedade”, afirmou, destacando as premissas que movem os pesquisadores do Instituto.

Ele chama atenção para a importância da produção do INEEP. “Conseguimos produzir e publicar uma série de pesquisas que tem nos dado muito orgulho e tem servido como instrumento para o diálogo e a disputa sobre uma noção mais articulada do petróleo com o desenvolvimento. É uma quantidade de publicações que demonstra que o INEEP se tornou uma voz relevante para opinar sobre o setor”, declarou. “Nada disso seria possível sem uma série de parcerias, a primeira e mais importante dela, com a FUP, que é nossa instituição mãe, mas também com a CUT, IndustriAll, a Perseu Abramo, a Flacso”, destacou.

William Nozaki também lembrou que o INEEP saiu na frente no debate público nas denúncias sobre os impactos do desmonte empresarial produzido pela Lava Jato e sobre as consequências da política de preços abusivos da Petrobrás. “O INEEP segue transformando conhecimento em energia, o que nesse momento de negacionismo é muito importante. Disputa hegemonia e dialoga com o conjunto da sociedade, com pesquisas que não se encerra no espaço acadêmico mas busca interação com o conjunto da sociedade”.

 Novo livro do INEEP foi lançado na Plenafup

“A economia política dos hidrocarbonetos entre a pandemia e a transição energética” é o título do novo livro do INEEP que foi lançado neste sábado, 14, durante a IX Plenafup. Voltada para questões atuais, a publicação, a quarta em três anos de existência do Instituto, se diversifica em temas como preços, iniciativas das petroleiras diante da Covid-19, movimentos da OPEP, da China e dos Estados Unidos, segurança energética, estratégias empresariais e cases de grandes empresas, entre outros.

Durante a transmissão no Youtube da cerimônia que comemorou os três anos de criação do Instituto, foi exibido na tela um QR Code, através do qual os internautas podem acessar o WhatsApp do INEEP e se inscrever para receber os materiais produzidos pelos pesquisadores, entre eles o novo livro, editado pela Flacso. Veja abaixo:

 

A publicação é dividida em seis blocos: I) Pandemia, geopolítica e transição energética; II) Estratégias nacionais para a transição energética; III) Estratégias empresariais para a transição energética; IV) Pandemia e preço internacional do petróleo; V) Pandemia e preço nacional de derivados; e VI) Abertura do mercado brasileiro de óleo, gás e biocombustíveis. O livro tem organização de William Nozaki e dos pesquisadores Isadora Coutinho e Rafael da Costa, que também são autores de alguns títulos, ao lado de Rodrigo Leão. José Luís Fiori, José Sérgio Gabrielli, Henrique Jäger, Eduardo Costa Pinto, Carla Ferreira, João Montenegro, Ana Carolina Chaves e Mahatma dos Santos. O prefácio foi assinado pela deputada federal Lídice da Mata.