Setembro Amarelo

FUP participa de debate na Unicamp sobre sofrimento mental e suicídio relacionados ao trabalho

No Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio no Brasil, dirigentes sindicais petroleiros falam sobre os impactos das privatizações, da precarização do trabalho e da Covid Longa na saúde mental das trabalhadoras e trabalhadores  

[Da imprensa da FUP, com informações do Laboratório Ester/Unicamp] 

Para romper o preconceito e enfrentar as subnotificações relacionadas aos sofrimentos psíquicos causados pelo trabalho, foi criada em março deste ano a Rede Margarida. A FUP é uma das 29 entidades que integram atualmente o coletivo, que faz parte do Fórum Permanente da Unicamp sobre sofrimento mental e suicídio relacionados ao trabalho.

No próximo dia 20, o Fórum realiza uma série de debates, com participação de representantes da FUP e de sindicatos petroleiros. Durante o evento, será lançado o livro “Desse jeito não dá mais! Trabalho doente e sofrimento mental – Vol. 1”, organizado pelos pesquisadores da Unicamp, Márcia Bandini, Sérgio De Lucca e Agnus Lauriano.

A publicação, que “trata de como a desregulamentação do trabalho contemporâneo afeta negativamente as relações pessoais e sociais”, reúne artigos de diversos especialistas, acadêmicos e sindicalistas, entre eles o diretor da FUP, Raimundo Teles, que assina o Capítulo 20 – Qual é o Equipamento de Proteção Individual (EPI) para proteger a alma?.

O livro demonstra como “o aumento exponencial da exploração, da precarização e do autoritarismo na gestão resulta também em sofrimento mental” e investiga “a relação entre degradação do trabalho e enfermidades, entre as quais o suicídio”. A publicação também relata experiências e estratégias de resistência de trabalhadores, entidades sindicais, pesquisadores, órgãos de fiscalização, entre outros atores que lutam por um ambiente de trabalho saudável.

Unicamp faz parceria com a FUP para pesquisa sobre sofrimento mental na indústria de petróleo

Durante o seminário de SMS que a FUP e seus sindicatos realizaram no final de maio, pesquisadores do Laboratório de Estudos sobre Saúde e Trabalho (ESTER) da Unicamp solicitaram colaboração nos estudos que estão sendo desenvolvidos para investigar o grave quadro de sofrimento mental que aflige as trabalhadoras e os trabalhadores petroleiros.

O projeto pretende investigar o tema principalmente no Sistema Petrobrás, onde tem ocorrido diversos casos de assédios e tentativas de suicídios, muitas delas, infelizmente, consumadas.

Os estudos foram demandados a partir de uma parceria da Unicamp com o Ministério Público do Trabalho de Campinas, com o objetivo de desenvolver ações de prevenção de transtornos mentais relacionados ao trabalho, que fizeram explodir os adoecimentos, afastamentos e suicídios.

Os impactos da Covid Longa na saúde mental dos trabalhadores é um dos principais aspectos que serão analisados na pesquisa. “Não somos mais as mesmas pessoas que éramos antes da pandemia. Somos hoje muito mais vulneráveis e precisamos estar vigilantes em relação a isso”, alertou o pesquisador Sérgio De Lucca.

Ele afirmou que é fundamental quebrar o estigma em torno da saúde mental, principalmente no trabalho, chamando atenção para a complexidade dos diversos ambientes da indústria petrolífera, que têm um impacto violento sobre os trabalhadores.

Além de investigar os impactos da pandemia da Covid-19 na saúde mental dos trabalhadores, a pesquisa pretende entender outras questões que podem estar relacionadas ao sofrimento psíquico que aflige os empregados do Sistema Petrobrás, como as privatizações, as transferências compulsórias e os ataques às condições de trabalho e à organização da categoria. “Queremos estender a pesquisa para os dirigentes sindicais, que também têm absorvido toda essa carga de sofrimento”, explicou a também pesquisadora da Unicamp, Marília Cintra.

Fórum Permanente: Sofrimento mental e suicídio relacionados ao trabalho

O Fórum Permanente Sofrimento Mental e Suicídio Relacionado ao Trabalho é um espaço de debate do Laboratório Ester da Unicamp, que é resultado da parceria entre academia, sindicatos e associações de trabalhadores e outras entidades que compõem a Rede Margarida, com apoio do Ministério Público do Trabalho da 15ª Região (Campinas).

O Fórum realiza um encontro no dia 20 de setembro, na Universidade de Campinas, que terá várias mesas de debates relacionados à saúde mental e prevenção ao suicídio no ambiente de trabalho. Após o evento, será realizado um ato político na Praça da Paz, no campus da Unicamp, pela ratificação da Convenção 190 da OIT, que trata do combate ao assédio e violência no ambiente de trabalho.

Veja a convocatória do Fórum:

As últimas décadas foram marcadas por profundas modificações no mundo do trabalho, com o avanço da informalidade, flexibilidade, hiperprodutividade que possuem como desdobramento novas formas de sofrimento, adoecimento e morte.

No Brasil, o desmonte dos direitos trabalhistas – imposta pela reforma da CLT no governo Termer, em 2017 – trouxe perdas significativas, deixando trabalhadoras e trabalhadores em uma condição mais vulnerável, que se expressa na precarização do trabalho com redução da proteção social de direitos trabalhistas e desresponsabilização do Estado. Cenário este, agravado pela pandemia de covid-19, que acelerou mudanças na organização do trabalho, gerando aprofundamento da informalidade e precarização.

No Fórum, vamos discutir formas de enfrentamento e eliminação de todas as formas de violências e assédio no mundo do trabalho, incluindo sempre, possibilidades de participação e controle social.

Data do evento: 20/09/2023

Período de inscrição: 11/08/2023 a 20/09/2023

Local: Centro de Convenções da UNICAMP

Lembrete: Somente com a participação PRESENCIAL (haverá certificado)

Unidades/Órgãos envolvidos: Associação dos Motofretistas Autônomos do Distrito Federal, CTB, CUT, CEREST-Campinas; CEREST-Estadual de São Paulo; CISTT-Nacional; CONTRAF-CUT; CNTE; CNTS; DIEESE; DIESAT; FCM–Departamento de Saúde Coletiva; Fenatrad; FUP; Força Sindical; Fórum Nacional das Centrais Sindicais em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora; Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança dos Trabalhadores e Trabalhadores de Minas Gerais; Frente Ampla em Defesa da Saúde de Trabalhadores e Trabalhadoras; Ester – Laboratório de Estudos em Saúde e Trabalho; Ministério Público do Trabalho de Campinas – 15º Região; NCST; OSBCR; Sindipetro-MG; Sinergia CUT; SinTPq; UGT.

Organizadores:

  • Marcia Bandini
  • Cathana Freitas de Oliveira
  • Eduardo Bonfim da Silva
  • Leandro Módolo Paschoalotte
  • Marília Cintra
  • Sérgio Roberto de Lucca

PROGRAMAÇÃO

20/09/2023 (quarta-feira)

9h – Abertura

9h15 – Mesa 1 – Saúde Mental e Suicídio entre trabalhadores e trabalhadoras: como estamos enfrentando?

José Paulo Porsani |Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia

Maria Edna Medeiros |Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicação – SINTETEL/SP

Alex Douglas dos Santos | Sindicato dos Condutores de Ambulância do Estado de SP – SINDCONAM/SP

Centro de Valorização à Vida

Mediador: André Henrique Alves |Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho – DIESAT

11h15 – Lançamento do Livro: “Desse Jeito Não dá Mais” com debate e presença do Ministério Público do Trabalho 15ª Região

12h às 14h – Almoço

14h – Res Pública: Informe das lutas por saúde mental nas diferentes categorias – Inscrições no local

15h30 – Mesa 2 – Formas de gestão do trabalho e seus efeitos: assédio e adoecimento psíquico no cenário de trabalho

Dina Feller |Sindicatos Aeronáuticos da Argentina

Madalena Margarida S. Teixeira |Secretária de Saúde do Trabalhador/CUT /Fórum Nacional das Centrais Sindicais em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora

Junéia Batista |Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT

Juliana Cardoso |Deputada Federal (PT/SP)

Mediadora: Adriana Marcolino | Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico – DIEESE

17h – Encerramento e saída para Ato pela ratificação da Convenção 190 da OIT: “Pela eliminação das violências e do assédio no mundo do Trabalho” – Praça da Paz