“Investir em refinarias brasileiras garante preços do gás e gasolina acessíveis à população”, afirma coordenador da FUP

Com o fim da PPI, trabalhadores voltaram a comprar gás de cozinha; preços podem cair ainda mais com refino no país

[Por Jéssica Rodrigues, do Brasil de Fato]

O gás de cozinha e a gasolina são produtos essenciais para a vida dos trabalhadores brasileiros que sofrem diretamente quando há aumento em seus preços. Por isso, uma das maiores conquistas de luta dos petroleiros e petroleiras foi o fim da vinculação da Petrobras com o Preço de Paridade de Importação (PPI) em maio deste ano.

Desde a implementação do vínculo da Petrobras com o PPI, pelo governo de Michel Temer (MDB) e mantido pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), a gasolina passou dos R$ 8 e o gás chegou a mais de R$ 110. Para sobreviver, algumas pessoas começaram a cozinhar com lenha. Com o fim do PPI, os preços têm diminuído, com queda de 21,3% no valor do gás de cozinha e médio da gasolina de R$ 6.

Leia também: Solenidade na ABI abre agenda de comemorações pelos 70 anos da Petrobrás

Marco Antônio Rodrigues Câmara, morador do bairro de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro, trabalha fazendo “bicos” e conta que já enxerga a diferença entre os anos anteriores e este ano. Por conta da alta dos combustíveis, em 2021 ele precisou vender o veículo que utilizava para trabalhar. Atualmente, ele consegue comprar até mais que um botijão de gás de cozinha por vez.

“Já teve época de a gente ficar sem gás nenhum em casa porque o que a gente estava ganhando não dava pra comprar uma botija. Hoje, consigo comprar comida para toda minha família e, graças a essa queda no preço, posso dizer que tenho meu gás dentro da minha casa”.

Para Marco, manter o valor do gás de cozinha baixo é garantir dignidade para a população. “O povo brasileiro está cansado de tanta injustiça. A gente, que é pobre, está vendo mudanças, mas a gente quer mais”.

Preços acessíveis

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, explica que os custos de importação não influenciam mais nos preços de produtos que são fabricados por refinarias brasileiras, somente para os combustíveis derivados de petróleo que a Petrobras ainda importa.

Leia também: Soberania econômica é consequência do fortalecimento da Petrobrás, afirma economista

“Há uma necessidade urgente de ampliação da capacidade de refino no Brasil, nós precisamos ter a autossuficiência no refino para garantir o pleno atendimento da demanda interna que hoje gira em torno de mais de 2 milhões de barris e derivados de petróleo por dia”.

Segundo Deyvid, essa ampliação garantiria preços ainda mais baixos para os trabalhadores. Para isso, ele afirma, é necessário finalizar as obras que estavam paradas em consequência da operação Lava Jato, além de ampliar as refinarias já existentes.

“Nos governos do presidente Lula e no primeiro mandato da presidenta Dilma, no plano de gestão da Petrobras havia a sinalização da necessidade de mais duas refinarias para nós não somente atendermos toda nossa demanda interna, mas nos transformarmos num país exportador de derivados de petróleo que ajudaria não só a balança comercial, mas principalmente a Petrobras e o povo brasileiro teria mais geração de riqueza”, afirma o coordenador.

Atualmente, a nova política de preços da Petrobras leva em consideração o “custo alternativo do cliente”, que consiste numa comparação com o preço de outros combustíveis, e o “Valor marginal”, que avalia custos de oportunidade, ou seja, quão benéfico é manter os combustíveis no mercado doméstico em vez de exportá-los.