De acordo o portal posdigital, da PUC do Paraná, a gamificação é a aplicação das estratégias dos jogos nas atividades do dia a dia. Foi neste formato, que a Petrobrás apresentou, nesta terça-feira (17), para a Comissão de SMS, seu novo programa de saúde mental da empresa: ‘Para Viver Melhor’.
De acordo com a gerência, esse formato foi elaborado com a intenção de conseguir atrair mais os trabalhadores, e assim reunir a maior quantidade de dados sobre as demandas de saúde de cada setor. Porém, não é o que tem percebido o diretor de Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Tecnologia da FUP, Raimundo Teles.
De acordo com ele, não são todos os petroleiros e petroleiras que têm acesso a estes programas desenvolvidos pela empresa. Segundo as informações apresentadas na reunião, até o momento menos de 1500 trabalhadores de todo o sistema tiveram acesso ao programa.
Outra questão colocada pela direção da FUP, é a falta de humanização no tratamento com o trabalhador. “O que a gente precisa é ter algo para que as pessoas tenham um acolhimento imediato. Um telefone, por exemplo, em que a pessoa possa ligar e ouvir um ‘estou aqui para lhe ajudar’ ou um local em que esse trabalhador possa ir dentro da fábrica e encontrar um profissional disponível para abraçar esta pessoa em situação mental vulnerável. A necessidade das pessoas é de humanização” alerta, o diretor do Sindipetro RS, Fernando Maia, que também participou da reunião.
Saúde mental e ambiente de trabalho foi tema de discussão da IX Plenária Nacional da FUP, que terminou no último domingo. Deste debate foram tiradas as seguintes resoluções: cobrar maior eficiência, transparência e divulgação dos programas de saúde mental desenvolvidos pela companhia; cobrar uma melhor autonomia para os profissionais da área médica e social dentro do campo da saúde mental, que sofrem constante interferência gerencial no exercício das atividades; cobrar melhor estruturação para o atendimento ao trabalhador que busca o serviço disponibilizado pela empresa que adota o atendimento remoto em vez de atendimento presencial.
O advogado da Federação, Adilson Siqueira, levantou questões importantes na reunião. “Além de ter um programa, para o trabalhador viver melhor é preciso abordar também o que a categoria está passando hoje do ponto de vista estrutural”.
Os trabalhadores de refinaria ou plataforma estão com sobrecarga de trabalho devido ao baixo efetivo, além de estarem sempre preocupados com o seu próprio emprego que está ameaçado pelas ameaças de privatização ou hibernação das fábricas e plataformas. Esse trabalhador ainda precisa rezar para que, havendo uma privatização, ele seja transferido, sem saber seu destino.
Outro ponto que está adoecendo os petroleiros e petroleiras é a atual cultura meritocrata da empresa, em que o peão precisa trabalhar pensando em garantir o PPP e o Gerenciamento de Desempenho.
A FUP e seus sindicatos esperam que estes programas sejam realmente estruturados para atender as necessidades de um número cada vez maior de trabalhadores que necessitam desse amparo institucional, além de uma campanha para ampla divulgação pela Petrobrás, pois é de extrema importância que a saúde do trabalhador seja colocada como prioridade pela empresa.
A Petrobrás demonstrou para os dirigentes sindicais, que reconhece a influência da COVID-19, como elemento contribuição objetiva para o adoecimento do trabalhador no aspecto da saúde mental, ao ponto de organizar um Workshop para discutir o tema.
A FUP solicitou espaço, neste workshop, para que um profissional da área de atuação, no campo da assistência social, participe de fórum, apresentando uma visão dos trabalhadores e das instituições sindicais sobre o tema.
[Federação Única dos Petroleiros]