A FUP e o Sindipetro Unificado comemoram a conquista e alertam para a necessidade de recomposição dos efetivos e de melhoria das condições de trabalho para viabilizar o projeto
[Da comunicação da FUP]
Após dez anos parada, a obra de conclusão da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados de Três Lagoas (UFN-3), no Mato Grosso do Sul, será finalmente retomada. O anúncio foi feito pela Petrobrás, após aprovação do Conselho de Administração na última sexta-feira (25/10). Segundo o comunicado da empresa, o investimento estimado para conclusão da obra é de cerca de R$ 3,5 bilhões e a previsão de início de operação da unidade é 2028.
“As contratações passarão por todas as análises necessárias, em observância às práticas de governança e os procedimentos internos aplicáveis. A autorização final ainda será submetida à aprovação pelas autoridades competentes da Petrobras, o que permitirá a assinatura dos contratos para retomada das obras”, informou a empresa.
“O retorno ao setor de fertilizantes é estratégico para a Petrobrás e para o nosso país. O setor é nobre na indústria de O&G, pois tem baixa pegada de carbono. É o caminho para reduzirmos significativamente a dependência da importação dos fertilizantes nitrogenados, que são cruciais para nossa segurança alimentar. Nosso país é um dos maiores exportadores de produtos do agronegócio, sendo a agricultura familiar e os pequenos agricultores as principais fontes de alimentação da população brasileira”, afirma Rosângela Buzanelli, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás.
A unidade de Três Lagoas é a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina, com uma localização estratégica, próxima aos principais mercados consumidores de amônia e de ureia, o que reduzirá a dependência de importação dos insumos. A Fafen MS terá capacidade de produzir anualmente cerca de 70 mil toneladas de amônia e 1,2 milhão de toneladas de ureia, que é o fertilizante nitrogenado mais utilizado no país, cuja demanda nacional em 2024 é estimada em cerca de 7 milhões de toneladas, que hoje são integralmente importadas.
A Fafen MS começou a ser construída em 2011, mas suas obras foram paralisadas em dezembro de 2014, com cerca de 80% do empreendimento já concluído. Em 2015, foi hibernada, sendo mantida por uma equipe de engenheiros e técnicos. A conclusão das obras da fábrica é uma das bandeiras de luta da FUP e de seus sindicatos, junto com a reabertura da Fafen PR e a retomada do controle das fábricas da Bahia e de Sergipe.
Desde que a Petrobrás aprovou no ano passado o retorno ao setor de fertilizantes, uma equipe de trabalhadores foi deslocada para Três Lagoas, durante o processo de avaliação das condições da planta e estudos de viabilidade econômica que embasaram a decisão da diretoria sobre a retomada das obras de conclusão da fábrica. O diretor da FUP e do Sindipetro Unificado SP e Centro Oeste, Albérico Queiroz Filho, comemora o retorno das obras, mas manifesta preocupação com as dificuldades em atrair petroleiros para o projeto. Além de Três Lagoas ser uma cidade afastada dos grandes centros, os trabalhadores não têm tido o incentivo necessário da Petrobrás.
“Superar esses desafios exigirá um esforço coletivo muito grande e é preciso pensar em novos concursos públicos para atender a demanda de efetivo. Mas, além disso, é preciso pensar em um plano de atratividade adequado para que os trabalhadores que já estão na Petrobrás consigam enfrentar os desafios de viver em uma cidade no interior do Mato Grosso do Sul, que fica a mais de 300 km da capital Campo Grande. Para isso, a empresa precisa proporcionar o mesmo tratamento que seria dado a quem está em uma capital para aqueles que vão ajudar a tornar realidade a conclusão da Fafen-MS”, afirma o diretor da FUP.
“Neste momento, por exemplo, estamos em assembleia com os trabalhadores de Três Lagoas (onde a Petrobrás também tem uma UTE), rejeitando a proposta de PLR e aprovando por unanimidade mobilização por conta do APT, que tem um valor muito abaixo do praticado nas capitais. O mesmo ocorre com o auxílio educacional, que estamos cobrando equiparação com São Paulo. Soma-se a isso, a suspensão do companheiro Wellington, punido injustamente na greve de 2020, que estamos ainda hoje lutando para reverter”, explica Albérico.