“Nos preocupa muito estar o Landim na presidência do conselho de administração da Petrobrás”, afirmou taxativo o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, referindo-se “à vida laboral pregressa” do indicado do governo Bolsonaro, ex-funcionário de carreira da Petrobrás, de onde saiu em 2006 para trabalhar no setor privado.
“A FUP e seus sindicatos recebem essa notícia com muita preocupação. Presidir o conselho de administração da Petrobrás, o maior espaço para tomada de decisões na maior empresa do Brasil, não deveria ser feito através de indicação política de amigos, muito menos de um amigo que tem uma série de problemas na Justiça e em vários outros lugares por onde passou em suas atividades funcionais”, ressaltou.
Bacelar, que foi membro do CA da Petrobrás entre 2015 e 2016, alertou que, na presidência do conselho, Landim terá poder acima do próprio presidente da estatal, o general Silva e Luna. “Apesar de sempre haver votações entre os conselheiros, Landim terá o poder de condução das reuniões, de tentar, por meio de conversas, influenciar no processo decisório, principalmente daqueles que são indicados pelo governo Bolsonaro”, disse ele. “É um poder muito grande que estão colocando nas mãos do Landim; sua vida pregressa faz com que ele não mereça tamanha influência”.
Polêmicas
O dirigente da FUP citou episódios da vida profissional de Rodolfo Landim, que foram ou estão sendo investigados no âmbito de processo judicial.
Quando saiu da Petrobrás, Landim ocupou cargos executivos no grupo EBX, de Eike Batista. Com o rompimento com a empresa, processou Batista por alegado descumprimento de um contrato de remuneração. Landim pedia US$ 270 milhões (cerca de R$ 493 milhões na cotação da época), mas acabou derrotado na Justiça.
“O fato de ter saído direto da Petrobrás para uma empresa de Eike Batista, com todas as informações que deteve em sua vida laboral na estatal, principalmente na exploração e produção e exploração de petróleo, já gera desconfiança e dúvidas sobre a atuação de Landim no conselho de administração da Petrobrás”, diz Bacelar.
Na sequência, Landim se tornou presidente-executivo da Ouro Preto Óleo e Gás S.A. “Adquiriu campos de petróleo, que eram da Petrobrás. Mas acabou vendendo a empresa, que se envolveu na explosão de uma plataforma de petróleo na Bacia de Campos (RJ), que matou nove petroleiros”, lembra Bacelar.
Na operação Greenfield, iniciada em 2020, Landim, junto com ex-sócios na empresa Maré Investimentos, é alvo de investigações em operações financeiras que teriam causado prejuízos milionários a fundos de pensão de funcionários de estatais, inclusive a Petros. Landim foi acusado de crime de gestão fraudulenta pelo Ministério Público Federal. O processo está atualmente paralisado, na 10ª Vara Federal de Brasília, a pedido da defesa.
O dirigente da FUP destaca ainda que, no Flamengo, clube que preside desde 2019, “Landim acabou com a participação popular nos estádios, dado o valor do ingresso que mais que duplicou, e foi o único clube de futebol que negou as medidas de prevenção à Covid-19, exigindo que os jogos retornassem em momento que não deveria”. Durante sua presidência, o Clube teve atuação polêmica no processo de indenização das famílias da tragédia do Nino do Urubu, centro de treinamento das categorias de base, que resultou na morte de 10 jovens, processo que continua tendo desdobramentos judiciais.
[Da Assessoria da FUP]