Com o tema “Gás e feijão, fuzil não!”, petroleiros ofertaram 350 botijões a 50 reais, metade do preço cobrado na região, e doaram 350 quilos de feijão
[Da assessoria de imprensa da FUP]
Em nova ação da campanha “Combustíveis a Preço Justo”, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e os Sindicatos dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) e de Duque de Caxias (Sindipetro-Caxias) colocaram à venda 350 botijões de gás de cozinha de 13 quilos a R$ 50 para moradores da comunidade da Carobinha, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Também foram distribuídos 350 quilos de feijão. O valor do botijão do gás comercializado a preço justo é metade dos cerca de R$ 100 que vêm sendo cobrados pelo produto em revendas da região.
A oferta foi feita respeitando as regras dos organismos de saúde para evitar o contágio por Covid-19, com o uso de máscaras, a disponibilização de álcool em gel e medidas de distanciamento.
Além do benefício financeiro, a campanha “Combustíveis a Preço Justo” visa dialogar com a população sobre os prejuízos da política de reajustes dos combustíveis baseada no Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pela Petrobrás desde outubro de 2016, que considera o preço do petróleo no mercado internacional e a cotação do dólar. Essa política impacta não apenas o valor dos derivados de petróleo, como gás de cozinha, óleo diesel e gasolina,mas também os preços dos alimentos, transportes e demais itens,num efeito cascata com forte impacto sobre a inflação.
A venda de gás a preço justo é um alívio para o bolso dos consumidores, sobretudo para os mais pobres, que vêm sentindo bastante os efeitos da política de reajustes dos combustíveis da Petrobrás. Segundo dados da própria empresa, o gás de cozinha já acumula um aumento de 38,1% em 2021 nas refinarias – ou seja, quase oito vezes mais que a inflação oficial do país, de 4,76% até julho, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Tem gente usando lenha e até álcool para cozinhar. Esses reajustes que a gestão da Petrobrás vem aplicando não apenas no gás de cozinha, mas também no óleo diesel e na gasolina podem ser evitados. Basta a empresa parar de usar somente a cotação do petróleo e do dólar e considerar também os custos nacionais de produção. Afinal, 90% dos derivados de petróleo que a gente consome são produzidos no Brasil, em refinarias da Petrobrás. E a empresa utiliza majoritariamente petróleo nacional, que ela mesma produz aqui.”, explica o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.
O tema da ação “Gás e feijão, fuzil não!” é uma alusão ao presidente Jair Bolsonaro que recentemente chamou de “idiotas” quem dizia ser melhor comprar feijão a fuzil. Isso num país em que quase 20 milhões de pessoas estão passando fome, há mais de 14 milhões de desempregados e os preços dos produtos essenciais à sobrevivência não param de subir.
“Moramos na casa da minha mãe: meu pai, minha mãe, eu, dois irmãos e minha sobrinha de 3 anos. Eu tenho dois filhos. Só minha mãe está trabalhando, estamos todos desempregados. As coisas estão muito difíceis, cada mês que passa os preços só aumentam, está cada vez mais difícil. Estamos passando um ‘perrengue brabo’, a gente já não está aguentando mais. Nada muda. Só piora, só piora…”, conta durante a ação Gilson Ruan Silva, de 22 anos, desempregado. A realidade de Cíntia Vilas, de 36 anos, não é diferente: “Tenho 6 filhos, todos menores. Moramos eu e eles. Estou desempregada, faço ‘bico’, só eu que sustento a casa. Às vezes aparece uma unha [pra fazer], às vezes alugo uma mesa e uma cadeira, às vezes me chamam‘para limpar uma casa, às vezes ‘cato’ pet… Vou me virando. Criança pequena dentro de casa, gasta muito gás. Quando está estudando, come na escola, gasta menos. Mas agora nem isso, né? Algumas estão indo na escola, uma semana sim, uma semana não. Mas agora eles vão para a escola e nem a merenda estão dando direito, chega em casa tudo com fome”.
O diretor do Sindipetro-NF, José Maria Rangel, destacou a importância da ação para “mostrar como a política de preços da Petrobrás é equivocada; favorece os ricos e prejudica os pobres. Queremos demonstrar ainda como são necessárias ações solidárias, principalmente no momento em que vivemos de pandemia”.
O diretor da FUP, Tadeu Porto, também presente ao ato, disse que a iniciativa permite um diálogo próximo com a população sobre “a culpabilidade do governo federal na exploração do povo através dos combustíveis. A política de preços da Petrobrás, implementada pelo governo Bolsonaro, é cruel e injusta, penaliza sobretudo os mais pobres”.