Encontro Unitário

FUP e FNP debatem ações de combate ao machismo e aos assédios contra as mulheres no Sistema Petrobrás

O Encontro Unitário prossegue até esta quinta-feira, 25, quando serão discutidas propostas de ação a partir dos debates realizados e do acúmulo da organização das mulheres petroleiras

[Por Alessandra Murteira, da imprensa da FUP | Fotos: Alessandra Murteira e Andressa Delbons]

Na tarde desta quarta-feira, 24, as trabalhadoras que participam do Primeiro Encontro Unitário de Mulheres Petroleiras da FUP e da FNP realizaram dois importantes debates sobre enfrentamento ao machismo e ações de combate às opressões e à violência contra as mulheres no Sistema Petrobrás.

Com o tema “Exemplos de políticas de resistência e combate ao machismo”, o terceiro painel do encontro contou com a participação de Michelle Ferreti, cofundadora e diretora do Instituto Alziras, e de Aline Bernard, diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. A mesa foi mediada pelas petroleiras Leide Rocha (FUP/Sindipetro NF) e Lílian Boaventura (FNP/Sindipetro RJ).

Aline falou sobre sua experiência como dirigente sindical em uma entidade majoritariamente masculina, onde o machismo estrutural está entranhado na organização. Ela destacou a importância das mulheres vencerem essas barreiras e ocuparem as direções dos sindicatos, pois só assim será possível avançar nas conquistas das operárias.

Aline citou como um dos avanços resultantes da atuação sindical das mulheres a conquista da cláusula de garantia de emprego e outros direitos para as metalúrgicas vítimas de violência doméstica. A convenção coletiva que o sindicato assinou com 42 empresas da região de SJC protege essas mulheres de demissão e proíbe o desconto dos dias em que permaneceram afastadas do trabalho por conta da violência que sofreram em casa.

Michelle Ferreti relatou a sua vivência no setor de responsabilidade social da Petrobrás e como decidiu fundar com outras mulheres o Instituto que carrega no nome a força de Luiza Alzira Teixeira Soriano, primeira brasileira a ter um cargo político. Ela foi prefeita no Rio Grande do Norte durante a década de 20, muito antes das mulheres conquistarem o direito ao voto no país.

O Instituto Alziras tem por missão ampliar e fortalecer a participação das mulheres na política e na gestão pública. “Não acreditamos em estratégias de combate ao machismo que não envolvam a participação das mulheres em diversos espaços sociais, principalmente, os espaços de poder”, afirmou Michelle.

Ela destacou o papel fundamental que as mulheres cumpriram na Assembleia Constituinte, na segunda metade da década de 80, quando garantiram diversos direitos sociais para o povo brasileiro. Outro exemplo citado foi o trabalho político das mulheres na construção e implementação da PEC das domésticas.

Michelle alertou que quando cresce a participação das mulheres nos espaços políticos e de tomada de decisões, crescem também as formas de violência contra elas. “A violência política não é só contra mulheres com mandatos, é uma tentativa de minar o interesse das mulheres em terem protagonismo no debate público, seja na defesa de direitos humanos, trabalhistas e tantas outras pautas que atravessam e são atravessadas pela política”’, afirmou.

Ela destacou ainda que outra forma de tentar afastar as mulheres dos espaços políticos é perpetuar sobre elas a responsabilidade pelo trabalho de cuidados, que é também uma forma de opressão que atinge, principalmente, as mulheres negras.

No final da tarde, foi realizado o quarto e último painel do encontro, que teve por tema “Instrumentos existentes na Petrobrás para combate às opressões”. A mesa contou com a participação da ex-ouvidora da Transpetro, Cláudia Leitão, e da assistente social da Petrobrás, Ana Paula Baião, com mediação das petroleiras Bruna Moschem de Nadai (FUP/Sindipetro ES) e Enilde Vasconcelos (FNP/Sindipetro AL/SE).

O painel discutiu a necessidade da garantia de canais efetivos de acolhimento e tratamento das denúncias feitas pelas mulheres petroleiras, tanto no que diz respeito ao assédio e a violência sexual, quanto ao assédio moral. Durante o debate, as trabalhadoras fizeram vários relatos de assédios e críticas às ouvidorias da Petrobrás e da Transpetro, bem como aos procedimentos internos que a empresa adota em relação às denúncias de violência contra as mulheres.

O Primeiro Encontro Unitário de Mulheres Petroleiras da FUP e da FNP termina nesta quinta, 25, quando serão discutidas propostas de ação a partir dos debates realizados durante o evento e do acúmulo da organização das mulheres das bases das duas federações. A plenária final acontrce pela manhã.

Leia também:

» Mulheres petroleiras discutem impactos da construção social de gênero

» Protagonismo das mulheres petroleiras na reconstrução da unidade é destaque do primeiro dia do Encontro da FUP e FNP