FUP convoca categoria petroleira a aderir em massa ao lockdown da classe trabalhadora nesta quarta

Sindicatos comunicam cinco óbitos nas últimas 72 horas: quatro na Regap (MG) e um em Taquipe (BA)

Em meio às greves regionais que mobilizam há 19 dias os petroleiros e petroleiras em defesa da vida, a FUP faz um chamado à categoria para que participe do lockdown convocado pelas centrais sindicais para esta quarta-feira, 24. Só nas últimas 72 horas, os sindicatos da Bahia e de Minas Gerais informaram que cinco trabalhadores terceirizados perderam a vida em decorrência da irresponsabilidade da gestão da Petrobrás, que vem atuando na contramão das medidas de contenção da pandemia da Covid-19, fazendo multiplicar a contaminação nas unidades operacionais da empresa, como a federação vem denunciando desde o ano passado.

A orientação da FUP é para que TODOS os trabalhadores do Sistema Petrobrás, próprios e terceirizados, permaneçam em casa ao longo desta quarta-feira. Os que estão em trabalho presencial não devem comparecer às unidades e os que estão em trabalho remoto, a FUP recomenda que participem das atividades e protestos virtuais, em defesa da vida, da vacinação em massa, dos empregos, do auxílio emergencial de R$ 600 reais para desempregados e informais.

O Brasil se aproxima da trágica marca de 300 mil vítimas fatais da Covid-19. São mais de dois mil mortos por dia, com o sistema de saúde em colapso e menos de 6% da população vacinada. Uma tragédia que poderia ser evitada com medidas responsáveis, mas o que vemos há mais de um ano são omissão, crueldade e desdém por parte do governo federal.

No Sistema Petrobrás, não é diferente. A gestão da empresa se recusa a tomar as medidas cobradas pela FUP e pelos sindicatos, como suspensão da paradas de manutenção que lotam as refinarias com mais de 2 mil trabalhadores, a testagem em massa de todos os petroleiros, próprios e terceirizados, o cumprimento dos protocolos recomendados pelos órgãos de saúde e de fiscalização. O resultado dessa política negacionista é a multiplicação de surtos de Covid nas plataformas e nas refinarias.

Segundo o último boletim de monitoramento da Covid-19 divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (22/03), a semana começou com 5.684 petroleiros contaminados, o que representa 12,2% do total de trabalhadores próprios da empresa. O número de infectados vem aumentando há seis semanas consecutivas. Esses dados, no entanto, por mais assustadores que sejam, não refletem a realidade, pois a Petrobrás omite, desde o início da pandemia, a divulgação dos casos de Covid entre os trabalhadores terceirizados, que são os mais expostos à contaminação.

Pelo boletim do MME, por exemplo, consta que 17 petroleiros perderam a vida para a Covid, quando a FUP tem informações de que esse número é pelo menos três vezes maior, se considerado os óbitos entre trabalhadores terceirizados. No último domingo, 21, perdemos Gilsi Vasconcelos Fernandez, trabalhadora terceirizada da empresa Telsan, que atuava em Taquipe, área de produção terrestre da Bahia. Foi a terceira morte por Covid em unidades da empresa no estado em apenas três semanas. Na Rlam, o sindicato vem denunciando o avanço da contaminação, com mais de 90 trabalhadores infectados ao longo de março, o que resultou na morte de dois operadores mortos no espaço de uma semana.

Na Regap, já são mais de 200 trabalhadores infectados e 12 internados. Segundo informações obtidas pelo Sindipetro MG, quatro trabalhadores terceirizados que atuavam na refinaria faleceram nestes últimos dias, devido à irresponsabilidade da gestão da Petrobrás, que insistiu em manter a parada de manutenção da unidade, aglomerando mais de 2 mil trabalhadores em situação de risco. O sindicato está buscando mais informações. Segundo a entidade, três dos quatro trabalhadores que perderam a vida em decorrência da Covid integravam as equipes da parada de manutenção. Dois dos trabalhadores mortos eram contratados da Gramo e os outros dois, da Estrutural e da Sulfur.

Ontem, quando os petroleiros da Regap iniciaram a Greve pela Vida, cobrando a suspensão das paradas de manutenção e condições seguras, o coordenador do Sindipetro, Alexandre Finamori, denunciou a situação na refinaria:

Nas plataformas da Petrobrás, a situação também se agrava com o aumento de surtos da Covid. Em apenas um dia desta última semana, segundo dados da ANP, foram confirmados 83 novos casos de trabalhadores contaminados na última semana em atividades offshore do país.

Para estancar essa sangria, é fundamental a adesão em massa da categoria petroleira às mobilizações que estão sendo convocadas pelos sindicatos, como o lockdown desta quarta-feira, 24. Não saia de casa, não pegue os ônibus fretados para as unidades operacionais, não compareça ao seu local de trabalho. Diga não à irresponsabilidade criminosa dos gestores da Petrobrás e do governo Bolsonaro e diga sim à vida, à vacina, à segurança.

Greve petroleira avança

A segurança é um dos eixos das greves regionais nas bases da FUP, que denunciam há 19 dias os impactos das privatizações no Sistema Petrobrás, como a precarização das condições de trabalho, os riscos de acidentes e o avanço da Covid-19 nas instalações da empresa. As greves mobilizam a categoria nas unidades da Bahia, do Amazonas, do Espírito Santo, do Unificado de São Paulo e de Minas Gerais. Na Regap, a força da mobilização fez a gerência suspender parte dos serviços não essenciais da refinaria e adiar as paradas de manutenção que estavam previstas para acontecer nos próximos dias. Ainda esta semana, a luta ganhará o reforço dos trabalhadores da Usina do Xisto do Paraná (SIX), que aprovaram o início da greve na sexta-feira, 26.