Consumidores brasileiros amargam o prejuízo da privatização da BR Distribuidora e da Liquigás, cujo controle foi entregue a grupos privados nos governos Temer e Bolsonaro
[Da assessoria de comunicação da FUP]
Estudo da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) revela que, nos últimos cinco anos, o preço do botijão de gás de 13 quilos para a população vem aumentando mais do que o preço do GLP para as distribuidoras, nas refinarias. Mesmo quando o preço da Petrobrás fica parado, o preço do botijão ao consumidor cresce e as margens de distribuição e revenda sobem mais e descem menos do que os preços da estatal.
Segundo os dados da ANP, enquanto o botijão subiu R$ 32,32 em média, entre maio de 2019 e maio de 2024 (passando de R$ 69,29 para R$ 101,61), para a Petrobrás a alta foi de apenas R$ 6,54 e o setor de distribuição e revenda ficou com R$ 19,38. Os impostos subiram R$ 8,38 (ICMS) e houve redução nos tributos federais (menos R$ 2,18).
“Ao analisar a composição do preço ao consumidor final, verifica-se que o que sobe muito são as margens para a distribuição e revenda”, destaca o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese) e assessor da FUP, Cloviomar Cararine. Ele observa que, desde 2016, o gás na refinaria entrou em um processo de aumento de preço e de instabilidade, seguindo a estratégia de paridade internacional e a política de elevação de lucros da Petrobrás voltada para a maior distribuição de dividendos a acionistas.
Para Cararine, esta situação de maiores ganhos relativos da distribuição e revenda do gás de cozinha mostra o equívoco cometido pela Petrobrás, nos governos Temer e Bolsonaro, em privatizar a BR Distribuidora e a Liquigás, ambas empresas hoje controladas pelo capital privado.
O estudo da ANP mostra um maior crescimento nos preços do gás ao consumidor entre 2017 e 2022. A partir de 2023, há um retorno de menor peso do insumo nos salários e na cesta de produtos básicos para a população.
Em 2022, o preço do botijão representava 9% das despesas de uma cesta básica e 5% das despesas com um salário mínimo. Hoje, caiu para 4,5% do total da despesa com a cesta básica e 2,25% do salário mínimo.
Isso acontece por três principais motivos: Estabilidade nos preços do botijão; política de valorização do salário mínimo, com reajuste acima da inflação; e inflação controlada, dentro da meta do Banco Central.
“Poderia ser ainda melhor para o consumidor que ganha um salário mínimo, se as margens de lucro das distribuidoras e revendedoras fossem menores”, avalia Cararine.