É escandaloso e indecente o pagamento de R$ 9,3 milhões aos diretores e ex-diretores da Fundação Petros (fundo de pensão dos empregados da Petrobrás) como bônus por atingimento de metas no período de quatro anos (2019 a 2022). O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, questiona a decisão da Justiça do Rio que liberou o pagamento, que estava suspenso desde março por meio de liminar.
“Esse bônus é uma imoralidade e está sob investigação da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar) que abriu processo sancionador, alegando que as metas definidas pelo conselho de administração da Petros, para serem atingidas para o pagamento do bônus, estariam desconectadas com o interesse da entidade e dos participantes assistidos”, destaca Bacelar.
A expectativa da FUP é que o dinheiro seja devolvido, corrigido pela meta atuarial. “Vamos lutar para isso”, afirma o coordenador da FUP. “Nunca houve pagamento de bônus dessa magnitude. É um ataque à Fundação. Os diretores e ex-diretores recebem o dinheiro e vão embora. Logo no dia seguinte à decisão da Justiça liberando o pagamento, os premiados sacaram tudo. Possivelmente, o receio desses diretores era que a liminar fosse retomada em outra instância e o pagamento dos superbônus voltasse a ficar suspenso”, completa Bacelar.
Entenda os fatos
Os diretores da Petros correram para receber o superbonus, antes que a liminar fosse retomada em outra instância e o pagamento do superbonus voltasse a ficar suspenso. O receio deles era de que a liminar fosse retomada em outra instância e o pagamento voltasse a ficar suspenso.
Somente o ex-presidente da Petros, que não teve o seu mandato renovado, recebeu quase 45% da verba de R$ 9,3 milhões destinada a essa imoralidade. Por outro lado, os diretores que permaneceram na Fundação já anunciaram que deixarão a entidade.
Ou seja, só estavam esperando a liberação do pagamento dos superbonus para irem embora, sem qualquer compromisso com o futuro dos planos da Petros e dos seus participantes e assistidos. Um verdadeiro “bilhete premiado de loteria” para os denominados dirigentes “competentes”, oriundos do mercado, contratados a “peso de ouro”.
Os executivos da Petros que se beneficiaram com o superbonus são os mesmos que obtiveram péssimos resultados nos últimos três anos, nos investimentos do patrimônio de todos os planos do Sistema Petrobrás, os PPSPs pós 70, o PP2 e o PP3. A péssima gestão dos planos causou novos equacionamentos no PPSP-R e no PPSP-NR, a redução do patrimônio do PP2 e a redução dos benefícios no PP3.
Além disso, esses gestores transformaram a Petros num braço auxiliar do Ministério Público e do TCU, fazendo gastos milionários com apurações, tentando criminalizar os ex-dirigentes da entidade, sem, no entanto, até o momento, recuperar qualquer recurso significativo. Sem falar que colocaram a Petros em risco, diante das possíveis ações indenizatórias por dano moral e condenações de sucumbência, caso não seja provada as supostas irregularidades atribuídas a esses ex-dirigentes.
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“Absurdos assim acontecem porque a gestão da Petrobrás insiste em indicar gestores do mercado para dirigir a nossa Fundação, mas que não fazem parte dos nosso planos de previdência e, portanto, não têm compromisso com os participantes e assistidos da Petros, mas somente, com suas próprias carreiras”, afirma Paulo César Martin, diretor da FUP.
“Não bastasse isso, vários Conselheiros indicados e eleitos, apoiadores explícitos da Lavajato, conspiram para impedir a escolha de um novo presidente da Petros que tenha compromisso com a entidade e seus participantes e assistidos. Atrasam a análise dos currículos dos candidatos, alimentam a imprensa com factoides, para garantir que outro “competente do mercado” venha assumir a presidência da Petros”, alerta ele.
Paulo César explica que essa maioria de Conselheiros indicados e eleitos chega ao absurdo de descumprir o Estatuto da Petros, que estabelece que a escolha da direção da Petros é prerrogativa exclusiva do seu Conselho Deliberativo. “Eles renunciaram a esse direito, delegando a decisão para uma empresa que seleciona currículos no mercado. Enquanto isso, a direção da Petros fica à deriva”, explica o diretor da FUP.
“Desde o final de março, as principais entidades de previdência complementar das empresas estatais já escolheram suas diretorias, alinhadas às políticas das novas direções das estatais e do novo governo, retirando os adeptos da Lavajato e do governo anterior, que tanto mal fizeram à economia do nosso país. Sem falar que eles quase conseguiram transferir os seus trilionários recursos aos bancos e seguradoras, através da desmoralização da imagem dessas entidades perante a sociedade, divulgada amplamente pela grande mídia, aliada de longa data dos agentes privados do mercado finaceiro”, completa Paulo César.
“Já estamos caminhando para o mês de julho e ainda não há uma nova direção alinhada aos interesses dos participantes e assistidos. Pelo simples fato de que vários Conselheiros Deliberativos da Petros, eleitos e indicados, preferem ficar presos a falsa narrativa da Lavajato, fazendo o jogo do mercado financeiro e dos inimigos da Petros, da Petrobrás e do governo Lula”, conclui.