Décimo terceiro dia de greve teve ‘lockdown dos trabalhadores’ na Bahia

Equanto a gestão da Petrobrás negligencia as condições de segurança nas unidades operacionais, fazendo os casos de Covid-19 na empresa explodirem, a direção do Sindipetro Bahia promoveu nesta quarta-feira, 17, um “lockdown da classe trabalhadora” na Refinaria Landulpho Alves (Rlam). Essa foi mais uma ação da greve da categoria, que completa hoje 13 dias no estado e também no Amazonas, Espírito Santo e São Paulo. O movimento denuncia os impactos das privatizações no Sistema Petrobrás, como a precarização das condições de trabalho, os riscos de acidentes e o avanço da Covid-19 nas instalações da empresa.

Durante toda a manhã, o Sindipetro Bahia realizou ações de convencimento na entrada da refinaria, que tiveram o amplo apoio dos cerca de 1.500 trabalhadores próprios e terceirizados. “Ninguém entrou para trabalhar e todos retornaram para suas casas em segurança. Pelo menos hoje, não teremos novas contaminações na Rlam, pois fizemos o que a gestão da empresa já deveria estar fazendo há tempos. Mas o gerente geral da refinaria segue agindo de forma irresponsável, sem tomar as devidas medidas de segurança que nós estamos cobrando desde o ano passado”, afirma o coordenador da FUP e também funcionário da Rlam, Deyvid Bacelar.

Ele ressalta que só entre os trabalhadores próprios da Rlam, já são cerca de 90 contaminados e duas mortes por conta da Covid-19. “A gestão continua omitindo dados relacionados aos trabalhadores terceirizados. Esse é, inclusive, um dos pontos de pauta da categoria que a Rlam e a Petrobrás se negam a atender”, explica.

Na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, onde a greve também foi aprovada, o Sindipetro continua exigindo a suspensão imediata das paradas de manutenção, em função do aumento de trabalhadores infectados pela Covid. Segundo o sindicato, foram confirmados nesta última semana mais de 78 casos de contaminação por coronavírus a Regap, entre trabalhadores efetivos e terceirizados. Somente em março, mais de 200 trabalhadores testaram positivo para Covid-19 na refinaria e mais de 10 trabalhadores, entre próprios e terceirizados, estão internados.

Além da Bahia, a greve segue mobilizando os traballhadores do Sistema Petrobrás na Refinaria de Manaus (Reman), onde, na manhã de hoje, os trabalhadores da empresa Liga cruzaram os braços em protesto pelo não pagamento dos salários.

Nas bases operacionais representadas pelo Sindipetro Unificado de São Paulo e pelo Sindipetro Espírito Santo, as mobilizações estão sendo feitas cada dia em unidades diferentes.

Em Pernambuco, os trabalhadores da Refinaria Abreu e Lima também aprovaram a greve e têm participado de mobilizações preparatórias para o movimento.

Na Usina de Xisto (SIX), no Paraná, a greve pode ser deflagrada a qualquer instante, pois a gestão da unidade não respondeu as demandas da pauta de reivindicações aprovada pelos trabalhadores e encaminhada pelo sindicato à empresa.

Surtos de Covid

Surtos de Covid vêm sendo relatados pela FUP por seus sindicatos em diversas unidades do Sistema Petrobrás. Na Rlam, dois operadores morreram em um espaço de uma semana, após complicações geradas pela doença. Segundo o Sindipetro-BA, cerca de 90 trabalhadores já foram contaminados na refinaria nas últimas semanas. Por conta do avanço da pandemia no estado, o sindicato conseguiu que a Petrobrás suspendesse temporariamente as paradas de manutenção.

O mesmo aconteceu no Paraná, na Repar, onde o Sindipetro-PR/SC também convenceu a gestão a postergar para 12 de abril o início das paradas de manutenção. “Continuaremos atentos às condições sanitárias e às taxas de ocupação dos hospitais de Araucária e Região para verificar se a parada de manutenção poderá ser realizada na nova data apontada, visando a segurança de todos os trabalhadores”, informou o sindicato.

Ações solidárias por combustíveis a preços justos

Nesta quarta-feira, os Sindipetros Bahia e Espírito Santo realizaram novas ações solidárias de descontos para a população na compra de combustíveis, mobilização que a FUP e seus sindicatos realizam desde 2019 para debater com a sociedade a importância da Petrobrás enquanto empresa estatal e da urgência de uma política de Estado para o setor de óleo e gás, que garanta o abastecimento nacional de derivados de petróleo, com preços justos para os consumidores.

No Espírito Santo, ação foi em Vitória, com distribuição de 200 cupons de desconto de R$ 2,00 para motoristas de carros e motocicletas que abasteceram os veículos com gasolina. Ao todo, foram subsidiados 3 mil litros do combustível.

Na Bahia, as ações solidárias estão ocorrendo desde segunda-feira, 15, no interior do estado e na sexta, será realizada na capital Salvador. Hoje, foi a vez da população de Catu ser contemplada com a distribuição de 2 mil litros de gasolina, vendidos a R$ 3,50 o litro para os primeiros consumidores que chegaram ao local da ação realizada pelo Sindipetro. Ao todo, o sindicato está subsidiando 12.300 litros do combustível.

Veja as fotos da greve e das ações dos sindicatos nesta quarta:

[Imprensa da FUP]