Um dos pontos abordados foi a reconstrução das políticas de diversidade da Petrobrás, que foram desmontadas ao longo dos governos Temer e Bolsonaro
[Da imprensa da FUP]
A construção de uma agenda conjunta de lutas por igualdade racial e de combate ao racismo na indústria petrolífera foi tema de reunião entre a FUP e o Movimento Negro Unificado (MNU). O encontro foi realizado nesta quarta-feira, 25, na sede da FUP, no Rio de Janeiro, com a participação de dirigentes sindicais que integram o Coletivo de Combate ao Racismo e Promoção de Igualdade Racial da Federação.
As lideranças do MNU reforçaram a importância do engajamento dos sindicatos nas lutas antirracistas e pelo aumento da diversidade nos espaços de poder das empresas do setor de óleo e gás. Um dos pontos abordados foi o desmonte das políticas afirmativas da Petrobrás ao longo dos governos Temer e Bolsonaro.
Em outubro do ano passado, o Ministério Público Federal chegou a acionar a Justiça para que a gestão da estatal cumprisse a Lei de Cotas nos concursos públicos. A Petrobrás também desmobilizou o Programa Pró-Equidade de Gênero, Raça e Diversidade que havia sido implementado nos governos anteriores do PT.
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Estudo feito em 2020 pela subseção do Dieese na FUP revelou o impacto desse desmonte. O estudo chamou atenção para a baixa representatividade de petroleiras e petroleiros pretos em cargos de gerência no Sistema Petrobrás. Segundo relatórios e balanços sociais analisados, o percentual de trabalhadores pretos que ocupavam cargos de gerência na empresa caíram significativamente no governo Temer e início do governo Bolsonaro. Em 2008, cerca de 30% das gerências eram ocupadas por trabalhadores pretos. Em 2019, esse número despencou para 19,3% e chegou a 17,7% em 2018.
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O balanço social da Petrobrás de 2021 mostrou uma leve melhora dos índices, porém, ainda bem distante do que pode ser considerada uma política de ação afirmativa. Segundo o Dieese/FUP, em 2021, a empresa informou que 30,6% de seus trabalhadores eram pretos, o que representava na época 13.914 petroleiros e petroleiras. No entanto, apenas 21,3% dos cargos de chefia eram ocupados por eles. Um percentual ainda bem abaixo dos 30,6% de participação de trabalhadores pretos em cargos de gerência registrada em 2008 e 2009.
Negros na Petrobras-dieese“A ação conjunta com o MNU é fundamental para que possamos ampliar a nossa luta por diversidade nas empresas do setor petróleo e a retomada na Petrobrás de políticas de promoção de igualdade racial e de gênero. Um dos primeiros passos é restabelecer o diálogo entre a gestão da empresa e o MNU”, ressaltou o coordenador-Geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Os integrantes da FUP e do MNU também discutiram parcerias em ações de formação sindical sobre a organização, as lutas e conquistas dos movimentos negros, bem como a integração de ações sociais e educacionais dos sindicatos petroleiros com as comunidades quilombolas e lideranças negras nas periferias dos grandes centros urbanos.
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Participaram da reunião os dirigentes do MNU Ieda Leal, Luiz Alberto Santos, Haroldo Antonio da Silva e Gilberto Leal. Pela FUP, estiveram presentes o coordenador-geral, Deyvid Bacelar, os diretores Sérgio Borges e Raimundo Teles, e a conselheira fiscal, Elizabeth Sacramento, que é também diretora da CNQ. Também participaram do encontro o ex-coordenador da FUP e atual diretor do Sindipetro NF, José Maria Rangel, e o coordenador-geral do Sindipetro BA, Jairo Batista.
Ao final da reunião, os dirigentes petroleiros assinaram a filiação ao MNU.