Live com psicóloga nesta sexta-feira (10), às 17h, abre as atividades do Sindicato para o 8M
[Por Juce Lopes, com informações de Paiva Rebouças, da Agecom/UFRN]
A saúde mental da mulher carrega uma série de particularidades que estão diretamente relacionadas aos papéis de gênero impostos pela sociedade. Entre elas está a carga mental, um esforço não físico, porém que pressiona a vida das mulheres diariamente e contribui para o seu esgotamento.
Executar tarefas não é o mesmo que planejá-las. Em geral, a manutenção e organização diária do lar é toda pensada pela mulher e isso faz com que o estresse e a ansiedade de prever problemas e pensar em soluções afetem o seu bem-estar psicológico. Trata-se de um trabalho silencioso e pouco valorizado.
A lista de afazeres domésticos é infinita: compras no mercado, o que será preparado para o jantar, levar os filhos ao médico, dividir a limpeza do lar, os compromissos com a escola das crianças, entre tantas outras.
Mesmo que os seus familiares colaborem com os trabalhos diários, a maioria apenas executa ordens. Em geral, o peso da organização, planejamento e tomada de decisão estão sob a responsabilidade da mulher.
De acordo com o censo do IBGE, em 2018, as mulheres gastaram em média 21,3 horas por semana com tarefas domésticas e o cuidado de pessoas, quase o dobro dos homens (10,9 horas).
No entanto, esse dado pode estar subnotificado. Uma nova pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), utilizou uma metodologia mais detalhada que indicou um aumento de 60% (mulheres) e 35% (homens) no número de horas gastas em serviços não remunerados, dependendo da idade.
Para a demógrafa e primeira autora da pesquisa, Jordana Cristina, os resultados apontam para aspectos socioculturais do trabalho reprodutivo e da sobrecarga feminina no trabalho doméstico não remunerado. “As evidências são de que, espontaneamente, as mulheres não declaram na sua carga de trabalho doméstico e o tempo dedicado ao cuidado dos filhos ou idosos quando questionadas sobre suas jornadas semanais. Isso demonstra a naturalização, em nossa sociedade, principalmente da atividade de cuidado como um ‘trabalho de amor’. Essa naturalização contribui para que uma quantidade imensa de cuidados seja provida às famílias pelas próprias mulheres, sendo feita sem qualquer tipo de reconhecimento ou remuneração”, destaca.
Os dados sobre carga mental também são alarmantes. A pesquisa “Viver em São Paulo: Mulher”, realizada entre 2020 e 2021, demonstra que a carga mental feminina é elevada. Para 70% das entrevistadas, são elas as principais responsáveis por fazer com que as coisas aconteçam no dia a dia de sua casa; no quesito planejamento, 67% afirmaram ter em mente uma lista grande de afazeres todos os dias; 63% se sentem sobrecarregadas; e 44% afirmaram que os companheiros ajudam com as tarefas diárias, mas é necessário pedir.
Todo esse esgotamento gerado pela tripla jornada de trabalho e pela carga mental podem trazer diversas consequências para a saúde da mulher, tais como alterações de sono, problemas de memória, depressão, estresse, ansiedade e síndrome de burnout.
É preciso repensar de forma urgente os papéis de gênero na sociedade para que de fato a igualdade se torne um sonho possível para as mulheres.
“O que eles chamam de amor, nós chamamos de trabalho não remunerado” – Silvia Federici (*)
Mês das mulheres no Sindipetro
Para abordar os diversos temas que englobam a saúde mental da mulher, o Sindipetro PR e SC convida toda a categoria a participar nesta sexta-feira, às 17h, da live “Saúde Mental da Mulher na Contemporaneidade”, que será transmitida no canal do YouTube e Facebook do Sindicato.
O encontro contará com a psicóloga Nicole Cristino, que é idealizadora da campanha Maio Furta-cor, movimento nacional em prol da saúde mental materna. Ela irá palestrar sobre o histórico do dia da mulher, feminismo, saúde mental da mulher trabalhadora, tripla jornada, síndrome de burnout e soluções coletivas.
Além da live, o Sindicato está organizando encontros presenciais em municípios de suas bases com profissionais da saúde para discutir a saúde mental da mulher com as petroleiras e companheiras dos petroleiros.
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Confira os atos do dia 8 de março e participe:
-Curitiba (PR)- Praça Santos Andrade – a partir das 16h
-Joinville (SC)- Praça da Bandeira – a partir das 18h
*Silvia Federici é uma filósofa contemporânea, professora e feminista autonomista italiana radicada nos Estados Unidos. Ela foi nos anos 1970 uma das pioneiras nas campanhas que reivindicavam salário para o trabalho doméstico.