Coordenador do Sindipetro RN explica impactos da saída da Petrobrás do Polo Potiguar

Foto: Dido Cast

Em entrevista concedida na segunda-feira, 11, para o programa Dido Cast, o Coordenador Geral do SINDIPETRO-RN, Ivis Corsino, apresentou um cenário sobre a produção de petróleo e gás na Bacia Potiguar. Na sabatina, o jornalista Diógenes Dantas questionou sobre a saída da Petrobrás do RN e a operação dos ativos por empresas privadas.

A redução de empregos no setor de petróleo e gás; preço dos combustíveis e uma possível retomada de investimentos pela Petrobras com o pleito de um governo progressista no Brasil em outubro, foram algumas das pautas debatidas.

No início da entrevista, Ivis explica que o processo de desinvestimentos feito pela Petrobrás nos Estados do Norte e Nordeste começaram em 2015. “Os desinvestimentos começaram em 2015 com o governo Dilma, e no RN ele foi contemplado no projeto Topázio que prévia justamente a venda dos campos maduros para produtores independentes, pelos quais não seriam mais interessantes para a Petrobras”.

O dirigente ressalta que para esse processo iniciar ocorreu um marco histórico que culminou nesta decisão. “Os desinvestimentos iniciaram com a descoberta do Pré-sal em 2006 e foram retomados em 2010 com a assinatura do contrato de cessão onerosa, que naquela ocasião, se estimulava uma reserva de cinco bilhões de barris produzidos naquela área”.

Logo em seguida, Diógenes questiona sobre a visão do sindicato sobre a diminuição da produção de Petróleo no Estado e qual o impacto essa mudança poderia causar na empregabilidade do setor.

Para responder à pergunta, o dirigente faz um resgate da produção feito pela Petrobrás no auge da sua exploração dos campos maduros até os dias atuais. “O Rio Grande do Norte chegou a ser o maior produtor de petróleo em terra do Brasil, e um dos maiores somando inclusive outras produções offshore e mar”.

O dirigente informa que “em meados de 2010 a produção chegou ao pico de 110 mil barris por dia, já em 2016 quando estava em operação o projeto de saída da Petrobrás, nós já estávamos produzindo 57 mil barris por dia. Em 2022 a produção é de aproximadamente 35 mil barris de petróleo por dia e 900 metros cúbicos de gás, o que em óleo equivalente chega a uma produção de 40 mil barris por dia”.

Sobre a empregabilidade, Ivis destaca fortes impactos nos postos de trabalho próprios e terceirizados da Petrobrás. “No período de 2015 a 2022, nós perdemos 10 mil postos de trabalho terceirizados, e uma transferência de aproximadamente de 2.200 concursados da Petrobrás”.

Entrevista em prosseguimento, Diógenes indaga sobre o futuro da Petrobrás após a venda dos campos terrestres e a chegada dos produtores independentes. “Hoje, a Petrobras responde por 60% da produção de Petróleo no RN, nós temos duas empresas que são âncoras nessa transição, uma delas é a PetroReconcavo, que aqui é denominada com E&P Potiguar, e a 3R Petroleum”.

Sobre a 3R, ivis faz uma crítica sobre a expertise da produtora para ir ao mercado financeiro e “vender” a proposta de transição da produção de uma estatal para empresas privadas, ressaltando que seria um negócio rentável. “Essa é uma relação de confiança ainda em construção, pois a 3R ainda não é uma empresa que possua a confiança no setor de petróleo”.

“No Rio Grande do Norte a 3R fez a aquisição de quatro ofertas de ativos, uma foi o Polo Macau em 2019, outra foi o de Pescada-Arabaiana que é offshore e Fazenda Belém, que fica com divisa com o Ceará, porém a empresa ainda não assumiu as operações”.

O coordenador informa que o mercado financeiro já aponta um período de recessão no mercado de petróleo, e questiona se a 3R tem chance de se consolidar no mercado. “Acredito que não pois eles são financiados pelo mercado financeiro e que exige rentabilidade, o que num cenário de recrudescimento econômico isso não vai existir”.

Mudança de Governo e Retomada de Investimentos

O Sindicato tem a expectativa que em uma possível mudança da presidência da república possa ocorrer uma retomada de investimentos na Bacia Potiguar e nos demais Estados do Norte e Nordeste do país.

“Os candidatos Lula e Ciro apresentam em seus pronunciamentos que os parques de refino são parte estratégica num possível governo. E isso atinge diretamente o preço dos combustíveis. Então em uma possível mudança de Governo poderia melhorar o refino e retomar a produção em áreas terrestres já existentes”.

Ainda na entrevista Ivis alerta sobre a ameaça de privatização da Petrobrás e política de preços dos combustíveis da estatal. “O governo Bolsonaro já vendeu cerca de 138 bilhões de reais em ativos da Petrobrás, incluindo os do RN, mas empresa a empresa ainda possui mais de um trilhão em ativos, é uma empresa muito grande”.

Assista a entrevista completa pelo YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=uX7pHPPM_SU&feature=youtu.be&ab_channel=PortalDido

Ou ouça no spotfy: https://open.spotify.com/episode/7jzJRePYSdHOI7lbLgiDcq?si=oRHELV2tQzG6g6J54Twx1Q&utm_source=whatsapp

[Da imprensa do Sindipetro RN/Fotos: Dido Cast]