A transição energética justa foi o principal tema da Reunião Inter-Regional da Trade Unions for Energy Democracy (TUED Sul), que reúne mais de 130 sindicatos que lutam por soberania energética nos países do Sul Global
[Com informações do Jornal Zero75]
A discussão sobre um novo modelo de descarbonização e implantação de uma transição energética justa foi tema da Reunião Inter-Regional da Trade Unions for Energy Democracy (TUED Sul), que reúne mais de 130 sindicatos que lutam por soberania energética nos países do Sul Global. O evento foi realizado entre os dias 04 e 06 de fevereiro, na Cidade do México, com representantes da Ásia, África e América Latina.
O coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, participou da reunião como representante sindical e também membro de dois conselhos do governo brasileiro, o de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS) e o de Participação Social (CPS). O evento contou ainda com a participação do diretor técnico do Ineep, Mahatma Ramos.
Em seu discurso, Bacelar destacou as dificuldades para se acelerar o processo de transição energética no Brasil, nesse momento em que a correlação de forças tem sido desfavorável no Congresso Nacional.
“Ajudamos a construir o capítulo Energia do programa de governo do presidente Lula, com ampla participação das lideranças sindicais ligadas ao setor energético brasileiro. Apesar de todas dificuldades, temos conseguido avançar no diálogo com a agricultura familiar, com os povos ribeirinhos e com as representações quilombolas para garantir que os projetos promovam a inclusão de toda essa população num processo de transição energética justa, que gere emprego e renda nas regiões mais pobres do país”, destacou o líder sindical petroleiro, lembrando que a exploração de petróleo na Margem Equatorial deve ajudar a financiar os projetos de transição energética no Brasil.
O coordenador da FUP frisou também que é preciso ocorrer a transferência de tecnologia para o Brasil, visto que o país apresenta atualmente 86% de sua matriz energética a partir de fonte limpa ou renovável. “Mas onde está essa tecnologia? Na Alemanha, na China e em grandes indústrias, gerando emprego em outros países, e não no Brasil”, lamentou.
Ele destacou a luta que vem sendo travada pelo governo para reverter as privatizações. “No Brasil chamamos de privataria o processo que vinha ocorrendo durante o governo anterior, um misto de privatização com pirataria”, disse.
Bacelar lamentou que a Eletrobrás esteja, ainda, sob o controle do capital privado, mesmo com a Estado Brasileiro tendo 43% das ações ordinárias. Ainda em seu discurso, Bacelar lembrou que 76% dos gases de efeito estufa no Brasil são causados pelo mal uso da terra e desmatamento ou queimadas.
“A pobreza energética nos rincões do Norte e Nordeste obriga a população a utilizar lenha para cozinhar. É preciso que as lutas tecnológicas estejam atentas às necessidades desse país continental que é o Brasil. Cada país tem suas próprias características, podendo construir uma transição energética justa, inclusiva e participativa, desde que sejam sempre ouvidas as populações impactadas”, observou.