Conselheira eleita votou contra a venda da Gaspetro, mais uma subsidiária da Petrobrás que está sendo privatizada

Em nota aos trabalhadores, a representante da categoria no Conselho de Administração da Petrobrás, Rosãngela Buzanelli, explica o seu voto contrário à venda da subsidiária Gaspetro, mais uma empresa estratégica que está sendo privatizada pelo governo Bolsonaro

[Do blog de Rosângela Buzanelli]

A direção da Petrobrás anunciou nesta quarta-feira, 28 de julho, em comunicado ao mercado, que assinou contrato com a empresa Compass Gás e Energia S.A. (Compass) para a venda da totalidade de sua participação (51%) na Gaspetro. Na reunião do Conselho de Administração da Petrobrás, realizada nessa mesma data, foi votada essa decisão da assinatura do contrato de venda e aprovada pela maioria dos conselheiros. Mas eu votei contra.

Considero que, estrategicamente, é um péssimo negócio para a Petrobrás e o país.

Votei contra porque discordo do “Plano Estratégico”, que reprovei quando oportuno, pois o mesmo se pauta em pilares totalmente desconexos com os objetivos e motivações que fundaram a Petrobrás. O plano traz em seu bojo a concentração das atividades da companhia nos estados do Rio e São Paulo, na busca do máximo retorno aos acionistas, renegando o papel importantíssimo da Petrobrás no desenvolvimento nacional e regional. Além disso, promove uma série de privatizações de ativos rentáveis e apequena nossa gigante, amputando sua integração e verticalização tão caras para sua sobrevivência a médio e longo prazos.

Votei contra também porque, apesar de o Cade exigir que a Petrobrás saia da distribuição do gás para abrir a concorrência, essa venda, se realizada, será para uma companhia que é controladora da maior distribuidora de gás do país.

A Compass pertencente ao grupo Cosan, que atua no segmento de gás e energia e na produção de açúcar, etanol, bioenergia.

A Cosan por sua vez, é sócia da Shell na distribuição e comercialização de derivados, através de join venture (Raízen).

A Shell é a segunda maior produtora de gás do Brasil, atrás apenas da Petrobrás, ou seja, sua maior concorrente.

Siga Rosangela Buzanelli nas redes sociais:

FB | IG: @rosangelabuzanelli

Link da lista de transmissão no whatsapp: bit.ly/whatsapp-rosangela-buzanelli

Entenda:

A Gaspetro é uma holding com participação societária em 19 companhias distribuidoras de gás natural, localizadas em todas as regiões do Brasil. Suas redes de distribuição somam aproximadamente 10 mil quilômetros, atendendo a mais de 500 mil clientes, com volume distribuído de cerca de 29 milhões metros cúbicos por dia.

A Compass, que adquiriu a Gaspetro, pertence ao Grupo Cosan, e foi criada em 2020 para atuar no segmento de gás e energia. Atualmente é controladora da Comgás, maior distribuidora de gás do país com mais de 19 mil quilômetros de rede instalada e 2,1 milhões de clientes e com presença em 94 municípios do estado de São Paulo.

A venda da Gaspetro para a Compass está sendo questionada por empresas do setor, como a Sobek (que tentou participar da licitação), e distribuidoras de gás regionais, sob o argumento de formação de monopólio privado. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, a Sobek afirmou que “a Cosan ficará com aproximadamente 80% do mercado de gás natural e que, mesmo que adquirisse somente as distribuidoras de gás do Nordeste, sua participação seria de cerca de 55%, enquanto que no Sul, a concentração seria de 54%.”

Leia também:

INEEP: Grupos estrangeiros dominam compras de ativos da Petrobrás

A desestatização do gás no Brasil