Conselheira eleita da Petrobras explica como o lucro bilionário dos acionistas penaliza a população

Em nota divulgada em seu blog, Rosângela Buzanelli, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras, questiona o que está por trás do aumento recorde do lucro da Petrobrás no segundo trimestre e da remuneração bilionária dos acionistas, enquanto a população brasileira paga preços exorbitantes pelos combustíveis

[Por Rosângela Buzanelli]

O lucro de R$ 42,8 bilhões da Petrobrás neste segundo trimestre tem sido um dos assuntos de maior destaque na mídia já faz alguns dias. Não por acaso, já que o montante é 36 vezes maior do que o verificado no primeiro trimestre e rendeu uma bolada de R$ 31,6 bilhões aos acionistas da companhia.

No dia 4 de agosto a Petrobrás apresentou o balanço financeiro aos membros do Conselho de Administração, que aprovaram a antecipação do pagamento da remuneração bilionária aos acionistas, mas não com meu voto favorável.

Sei que a empresa tem que pagar dividendos aos acionistas, é a regra. Mas nessa quantia astronômica estão embutidos um plano de privatizações e uma política de precificação dos combustíveis que penaliza a população, coisas das quais discordo frontalmente.

Os principais fatores que contribuíram para esse lucro bilionário foram a queda do câmbio no período, a isenção tributária que exclui o ICMS do cálculo do PIS/Cofins e o aumento das receitas de venda dos derivados nas refinarias, 102,9% a mais em relação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, o volume de vendas desses produtos aumentou somente 17,5%.

Nos detendo ao fator mercado interno, temos o consumidor pagando mais de R$ 100 pelo botijão de gás, em torno de R$ 7 pela gasolina em alguns estados e quase R$ 5 pelo diesel. Essa é a política de preços inaugurada em 2016 pelo governo Temer e mantida por Bolsonaro, o PPI (Preço de Paridade de Importação).

Isso tudo acontecendo em um momento gravíssimo e desolador de pandemia, crise econômica e alto índice de desemprego, em que milhares de famílias passaram a usar lenha e álcool para cozinhar e que a inflação corrói a parca remuneração de quem ainda tem alguma.

Definitivamente, não foi pra isso que criamos e agigantamos a Petrobrás.


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