No 13º Fórum Sindical dos BRICS, realizado na Rússia, Sérgio Nobre defendeu a centralidade do trabalho decente, diálogo social tripartite, negociação coletiva, liberdade sindical, proteção social e justiça social
[Por Vanilda Oliveira, da comunicação da CUT]
“O trabalho não é uma mercadoria, mas um direito e um direito humano”. Essa fala marcou o discurso do presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, no 13º Fórum Sindical dos BRICS, neste sábado (7) em Sóchi, na Rússia. Sérgio falou no painel dedicado à conjuntura brasileira. BRICS é o acrônimo com as iniciais dos países que formam um grupo desde 2009, inicialmente com Brasil, Rússia, Índia, China e, a partir de 2011, incorporando a África do Sul. Em janeiro deste ano, ingressaram no bloco Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes. Juntos, esses 11 países somam 46% da população mundial e 35% do PIB do Planeta.
O secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa, também participou do Fórum, que tirou uma declaração conjunta que será entregue aos ministros do Trabalho dos países BRICS durante a reunião ministerial, nesta segunda-feira, em Sóchi. A Cúpula do grupo acontece de 20 a 24 de outubro, também na Rússia, em Kazan. O presidente da Força Sikdixal, Miguel Torres, e o secretário internacional adjunto da CTB, Carlos Muller, também discursaram no evento.
Sérgio Nobre destacou que, em 2025, o Brasil sediará o 14º Fórum Sindical dos BRICS, que será realizado em Belém do Pará, em plena floresta amazônica brasileira, durante a COP30, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que deverá receber mais de 40 mil visitantes. Sete mil desse total formado pelas equipes das Nações Unidas e delegações de países-membros. Será a primeira vez que o Brasil receberá a principal conferência internacional sobre o clima.
No rumo
Em seu discurso no Fórum Sindical dos BRICS (leia abaixo) o presidente nacional da CUT falou, no contexto de o Brasil estar de volta ao rumo, após o retrocesso causado pelo governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro à classe trabalhadora e ao movimento sindical, dos desafios impostos pelo Parlamento.
Sérgio Nobre disse que, apesar dos avanços a partir do retorno de Lula ao governo, o Brasil tem um Congresso Nacional conservador o que impõe muitos desafios e luta ao movimento sindical.
Recuperar os direitos perdidos nos governos anteriores, reorganizar a estrutura sindical, fortalecer a democracia e ampliar a presença de sindicalistas no parlamento são prioridades do movimento sindical brasileiro
“Em todas os organismos multilaterais, estamos comprometidos em levar as pautas do mundo do trabalho para o centro das discussões – como nos debates sobre a plataformização do trabalho, regulamentação das mídias sociais, informalidade, digitalização e inteligência artificial. Defendemos a centralidade do trabalho decente, nos marcos da OIT e suas normas: diálogo social tripartite, negociação coletiva, liberdades sindical, proteção social e justiça social”, disse o presidente nacional da CUT.
Leia a seguir a íntegra do discurso que Sérgio Nobre fez no Fórum Sindical dos BRICS
Apesar dos avanços [Brasil desde a vitória da classe trabalhadora em 2022) , não poderíamos deixar de citar que muitas medidas de interesse das trabalhadoras e dos trabalhadores não avançam em um parlamento nacional conservador e com baixa representação da classe trabalhadora. Recuperar os direitos perdidos nos governos anteriores, reorganizar a estrutura sindical, fortalecer a democracia e ampliar a presença de sindicalistas no parlamento são prioridades do movimento sindical brasileiro.
Companheiras e companheiros, em todas os organismos multilaterais, estamos comprometidos em levar as pautas do mundo do trabalho para o centro das discussões – como, por exemplo, nos debates sobre a plataformização do trabalho, regulamentação das mídias sociais, informalidade, digitalização e inteligência artificial.
Defendemos a centralidade do trabalho decente, nos marcos da OIT e suas normas: diálogo social tripartite, negociação coletiva, liberdade sindical, proteção social e justiça social – o trabalho não é uma mercadoria, mas um direito e um direito humano.
Consideramos prioritária a urgente transição justa para uma economia de baixo carbono. Essa transição só será justa se não aumentar o trabalho informal e precário nem reduzir direitos sociais.
Assim como também é crucial um sistema multilateral que não sirva de instrumento para uma nova guerra fria, com organismos internacionais comprometidos com a paz e o respeito à soberania e autodeterminação dos povos.
Por fim, saudamos os novos integrantes dos Brics Sindical e aproveitamos para estender dois convites especiais a todas as companheiras e companheiros aqui presentes. Em 2025, teremos a honra de recebê-los no Brasil para o 14º Fórum Sindical dos BRICS e, em Belém do Pará, em plena Floresta Amazônica brasileira, durante a COP30.
Serão dois momentos cruciais para avançarmos no enfrentamento nas mudanças climáticas, no debate sobre transição justa centrada nas trabalhadoras e trabalhadores, e no fortalecimento do movimento sindical internacional e das lutas na defesa dos direitos da classe trabalhadora.
Muito obrigado.