Petroleiros retomam ações em Brasília contra ameaças do presidente da Câmara, Arthur Lira, de colocar em pauta projeto de privatização da Petrobrás
[Por Rosely Rocha, da redação da CUT]
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) volta a movimentar a brigada dos petroleiros em defesa da Petrobras pública, diante das ameaças do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de apresentar um Projeto de Lei (PL) de privatização total da estatal, se já não bastassem os prejuízos que o país vem sofrendo com a venda de refinarias e a política de preço internacional que cobra em dólar pelo óleo extraído aqui.
Lira disse no último dia 30 de maio, que “pela polarização, pela necessidade de um quórum específico de mais de 308 votos no Congresso, nós não teremos condições agora, mas nós, agora, teremos condições, se o governo mandar, de vender parte das ações da Petrobras, isso subsidiado por um projeto de lei de maioria simples, no Congresso Nacional, e o governo deixa de ser majoritário”.
Diante de mais esta ameaça os sindicalistas querem reunir cerca de 20 petroleiros, permanentemente em Brasília, para percorrerem os gabinetes dos parlamentares no Congresso Nacional explicando como a venda da Petrobras gerará imensos prejuízos à soberania do país, com a entrega de nossas reservas a grupos internacionais.
“Temos 12 sindicatos filiados à FUP e eles enviam de um a dois companheiros para passar a semana em Brasília conversando com os parlamentares e marcando reuniões com partidos políticos. Devemos nos reunir com as lideranças do PT, do PSOL e da minoria para abordar a privatização e a política de preços internacionais da Petrobras”, diz o coordenador da Brigada dos petroleiros e secretário de Assuntos Institucionais e Jurídicos da FUP, Mário Dal Zot.
Os trabalhos vão começar a partir desta segunda-feira (6), e a ideia é também reforçar as atividades da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras.
A volta da brigada dos petroleiros é defendida pelo coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar que entende que o governo quer mascarar a alta dos combustíveis culpando a Petrobras, como se ele não fosse o acionista majoritário.
“As discussões estavam girando em torno dos aumentos dos combustíveis, mas percebemos nessa semana que o governo e seus aliados estão querendo acelerar a privatização total da Petrobras, com a entrega do controle acionário e isso não podemos permitir”, diz Bacellar.
“O governo quer mascarar a sua incompetência, a falta de vontade de baixar os preços dos combustíveis, querendo provocar o caos, deixando faltar diesel, para fazer a população acreditar que se vender vai baixar os preços. É óbvio que isso não vai acontecer, basta ver o que ocorre com a vendas das refinarias da Petrobras”, complementa o dirigente.
Refinarias vendidas abaixo do valor de mercado
Os ataques à Petrobras se acentuaram no governo de Jair Bolsonaro (PL), com a venda de cinco refinarias das oito que o país possui. De fato, apenas uma foi vendida, a Rlam, da Bahia, que acabou provocando um aumento nos preços dos combustíveis no estado em até 35%. Avaliada entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões, a Rlam foi vendida abaixo do preço para o fundo de investimentos dos Emirados Árabes, Mubadala.
As outras quatro são:
– Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor) no Ceará, está sendo vendida por 55% abaixo do seu valor.
– Reman, no Amazonas, que tem capacidade de processamento de 46 mil barris por dia, foi vendida por US$ 189,5 milhões (R$ 994,1 milhões), valor representa apenas dois meses de faturamento da unidade.
– SIX – usina de xisto , no Paraná, não tem lógica sua venda do ponto de vista econômico para a empresa e o país. Isto porque quem comprar deverá receber uma espécie de aluguel da própria Petrobras, pelo arrendamento das atividades de pesquisa da refinaria.
– A refinaria Clara Camarão, no Polo de Guamaré, no Rio Grande do Norte, foi colocada à venda em 2020. Em janeiro deste ano ela foi vendida à empresa 3R Potiguar S.A., subsidiária integral da 3R Petroleum Óleo e Gás S.A, por R$ 1,38 bilhão. Os negócios dessas quatro refinarias ainda não foram concretizados definitivamente.