Enquanto a população brasileira sofre com uma inflação que já superou os 11% nos últimos doze meses, por conta, principalmente, da alta descontrolada dos combustíveis, o governo de Jair Bolsonaro continua permitindo o reajuste dos derivados de petróleo atrelado ao mercado internacional, ao dólar e aos custos de importação. O resultado nefasto dessa decisão é mais um aumento no preço do óleo diesel (8,87%) nas refinarias, o que elevará para cerca de R$ 5,00 o litro do combustível nos postos.
Sem o menor constrangimento, o presidente Bolsonaro ainda debocha da situação, ao esconder que o único responsável pelos aumentos absurdos nos preços dos combustíveis é ele mesmo. Na maior cara de pau, ele se diz “indignado” com a alta dos preços praticados pela gestão da Petrobrás, que, apesar de ser uma empresa de economia mista, tem o controle acionário do Estado brasileiro. Ou seja, quem decide os rumos da Petrobrás é o Presidente da República.
A abusiva política de Preço de Paridade de Importação (PPI) que Bolsonaro agora critica é decisão de governo, não é fixada por lei, como ele quer fazer crer, tentando tirar o corpo fora do problema. Essa política equivocada foi criada por Michel Temer, em outubro de 2016, logo após o impeachment da ex-presidenta Dilma Roussefff, e segue intocável desde então.
Bolsonaro nada fez para mudar uma vírgula do que é previsto pelo PPI. Pelo contrário. Só no seu governo, de janeiro de 2019 até hoje, a gasolina já acumula 155,8% de aumento nas refinarias; o diesel subiu 165,6% e o GLP aumentou 119,1%, fazendo com que o preço médio do botijão de gás de cozinha esteja acima de R$ 120,00.
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“Bolsonaro mente mais uma vez quando diz não poder mudar o PPI, política que reajusta preços de acordo com a variação do petróleo no mercado internacional, oscilação cambial e custo de importação, mesmo o Brasil sendo autossuficiente em petróleo. A Petrobrás não é forçada a utilizar o PPI. O novo aumento do diesel anunciado nesta segundaé mais uma medida com impactos cruéis sobre a inflação e que contribui ainda mais para a explosão dos preços da comida dos brasileiros”, afirma o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.
“Bolsonaro não muda a política de reajustes porque não quer desagradar acionistas privados, que têm no PPI a garantia de altos lucros gerados pela estatal, cuja diretoria é nomeada pelo próprio presidente da República. O foco da Petrobrás hoje é gerar e distribuir valor para acionistas. Mais de 45% são investidores estrangeiros, com ações da Petrobrás nas bolsas de São Paulo e de Nova Iorque”, explica Bacelar.
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O coordenador da FUP questiona a estratégia da gestão da Petrobrás, que se ancora no PPI para aumentar o caixa da empresa e, assim, ampliar ainda mais a distribuição de dividendos. “Com sua política de pouco caso com o brasileiro, Bolsonaro promove uma brutal transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos”, critica Deyvid Bacelar.
[Da comunicação da FUP]